terça-feira, 2 de maio de 2017

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Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Aristides de Atenas (+130)
Apologia de Aristides (Cap VIII ao XII)



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OS FALSOS DEUSES DOS GREGOS
VIII. Vejamos agora também os gregos, para ver se possuem alguma idéia sobre Deus. Os gregos, que dizem ser sábios, mostram-se mais ignorantes que os caldeus, introduziram uma multidão de deuses que nasceram uns do sexo masculino, outros do sexo feminino, escravos de todas as paixões e sujeitos de toda espécie de iniqüidades; são deuses que eles mesmos afirmam ter sido adúlteros, assassinos, irados, invejosos, rancorosos, parricidas e fratricidas, ladrões e assaltantes, coxos e importunos, feiticeiros e loucos. Destes, uns morreram, outros foram fulminados, outros serviram aos homens como escravos, outros viraram fugitivos, outros sentiram dor e lamentaram, outros se transformaram em animais...
Daí se vê - ó Rei - quão ridículas, absurdas e ímpias palavras introduziram os gregos ao dar o nome de deuses a esses seres que não são [deuses]; assim fizeram seguindo os seus maus desejos, a fim de que, tendo aqueles abrogado suas maldades, pudessem estes [também] entregar-se ao adultérios, ao roubo, ao assassinato e toda a classe de vícios. Ora, se tudo isso fizeram os deuses, por que também não poderiam fazer os homens que lhes prestam culto? Consequência, pois, de todas estas obras do erro foi que os homens sofreram guerras contínuas, matanças e cativeiros amargos.
IX. Mas se quisermos recorrer com nosso discurso a cada um de seus deuses, veremos absurdos sem conta. Assim, introduzem, antes de mais nada, um deus chamado Cronos e a estes lhe sacrificam seus próprios filhos; Cronos teve muitos filhos de Rea e, finalmente, tornando-se louco, comeu os seus próprios filhos. Dizem também que Zeus lhe cortou as partes viris e as atirou no mar, donde se conta que nasceu Afrodite. Amarrando Zeus o próprio pai, lançou-o no Tártaro.
Vês o desvio e a imprudência introduzidos contra o seu próprio deus? Como é possível que um deus seja amarrado ou mutilado? Ó insensatez! Quem, em seu são juízo, pode dizer tais coisas?
Depois introduziram Zeus, que dizem ser o rei de todos os seus deuses e que toma a forma de animais para unir-se com mulheres mortais. Com efeito, contam que se transformou em touro para Europa e Pasfae, em ouro para Danae, em cisne para Leda, em sátiro para Antíope e em raio para Esmele; e que destas nasceram-lhe muitos filhos: Dionísio, Zeto, Anfim, Héracles, Apolo e Artemisa, Perseu, Castor, Helena e Plux, Minos, Radamante, Sarpenden e as sete filhas chamadas "musas". Logo introduziram igualmente a fábula de Ganímedes... Aconteceu então - ó Rei - que os homens imitaram tudo isto e se fizeram adúlteros e pervertidos, como seu deus, e cometeram toda a classe de atos viciosos. Como é possível conceber que Deus seja adúltero, pervertido e parricida?
X. Com isto, introduziram um certo Hefesto como deus, e este, coxo e empunhando martelo e torquês, passou a ser ferreiro para ganhar a vida. É necessitado? Isto é coisa inadmissível para Deus: ser coxo e necessitado dos homens.
Logo introduziram Hermes como deus; ele que é ambicioso, ladrão, avaro, feiticeiro, estropiado e intérprete de discursos... Não se concebe que Deus possa ser tais coisas.
Também introduziram Asclépio como deus; médico de profissão e dedicado a preparar medicamentos, compondo emplastos para se sustentar (pois estava necessitado), logo foi fulminado por Zeus por causa do filho do lacedemônio Tindreo, e assim morreu. Mas se Asclépio, sendo deus, não pôde ajudar a si mesmo, sendo fulminado, como poderá ajudar os outros?
Também introduziram Ares como deus; guerreiro, invejoso, ambicioso por rebanhos e outras coisa, dizem que ele, mais tarde, cometeu adultério com Afridite, e foi amarrado pelo menino Eros e também por Hefesto. Como, pois, poderia Deus ser ambicioso, guerreiro, adúltero e prisioneiro?
Também introduziram Donísio como deus, ele que celebra festas noturnas, é mestre em embriaguez e arrebata as mulheres alheias; mais tarde, foi degolado pelos titãs. Se, pois, Dionísio foi degolado, não pôde ajudar-se a si mesmo, mas era louco, bêbado e fugitivo; como poderia ser Deus?
Também introduziram Héracles, que contam ter-se embriagado e, tornando-se louco, comeu seus próprios filhos, sendo após consumido pelo fogo, assim morrendo. Mas como pode Deus ser bêbado, matar seus filhos e ser devorado pelo fogo? Como pode socorrer os outros se não pôde socorrer a si mesmo?
XI. Também introduziram Apolo como deus; ele era invejoso; às vezes empunhava o arco e a flecha, outras vezes a cítara e a flauta; dedicava-se à adivinhação em troca do dinheiro dos homens. Ele é necessitado? É impossível admitir que Deus esteja necessitado e seja invejoso, como citamos.
Depois introduziram Artemisa, sua irmã, caçadora por ofício, que carrega o arco e a flecha, andando errante pelos montes, acompanhada somente de seus cães, para caçar cervos e javalis. Como pode, pois, ser deusa uma mulher que é caçadora e anda errante com seus cães?
Também dizem que Afrodite é deusa, que foi adúltera e que como companheiros de adultério Ares, Anquises e Adônis (cuja morte chorou), e sempre buscava amantes; até dizem que desceu ao Hades para resgatar Adônis de Persfone, filha de Hades. Ó Rei: por acaso já viste insensatez maior que a de introduzir uma deusa adúltera, que lamenta e chora?
Também introduziram Adônis como deus, caçador de ofício e adúltero, que morreu violentamente ferido por um javali e não pôde ajudar-se em sua desgraça. Como pode então preocupar-se com os homens aquele que era adúltero, caçador e que morreu de forma violenta?
Tudo isto e muitas coisas mais, bem vergonhosas e piores, introduziram os gregos - ó Rei - fantasiando sobre seus deuses coisas que absolutamente não são lícitas de dizê-las ou trazê-las à memória. Assim, tomando os homens os exemplos de seus próprios deuses, praticaram todo gênero de iniqüidade, imprudência e impiedade, manchando a terra e o ar com suas terríveis ações.

OS FALSOS DEUSES DOS EGÍPCIOS

XII. Quanto aos egípcios, que são mais torpes e mais néscios que os gregos, erraram mais que todas as nações, pois não se contentaram com os cultos dos caldeus e dos gregos, mas introduziram ainda como deuses animais irracionais, tanto da terra como da água, bem como árvores e plantas, e mergulharam em toda a loucura e imprudência pior que todas as nações existentes sobre a terra.
Eis que a princípio prestaram culto a Ísis, que tinha Osíris por irmão e marido; este foi degolado por seu irmão Tifão. Por esta razão, Ísis fugiu com seu filho Hórus para Bíblo, na Síria, chorando amargamente; quando Hórus cresceu, matou Tifão. Desta forma, nem Ísis teve forças para ajudar seu irmão e marido, nem Osíris pôde ajudar-se a si mesmo (já que foi degolado por Tifão), da mesma maneira que Tifão, fratricida, morto por Hórus e Ísis, não conseguiu livrar-se a si próprio da morte. E, reconhecidos por tais desgraças, foram tidos por deuses pelos insensatos egípcios, os quais, não contentes com este e com os demais cultos trazidos por outras nações, introduziram como deuses até mesmo os animais irracionais.
Eis que alguns deles adoram a ovelha; outros o cabrito; outros o novilho e o porco; outros o corvo, o gavião, o abutre e a águia; outros o crocodilo; outros o gato, o cão e o lobo, e também o macaco, a serpente e a áspide; outros a cebola e o alho, os espinhos e as demais criaturas... E os desgraçados não se dão conta que nenhuma dessas coisas possui poder algum, nem vendo que seus deuses são comidos por outros homens, queimados e degolados, e se putrefazem... Não compreendem que não são deuses!

Pergunta ao Grupo:
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