terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

38 - Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra Militão de Sardes (†177) Introdução

38
Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Militão de Sardes (†177)
Introdução

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No fim do segundo século, conforme mostra a obra História Eclesiástica, de Eusébio de CesaréiaPolícrates de Éfeso enviou a Roma uma carta na qual defendia a observância da “Páscoa no décimo quarto dia, segundo o evangelho, sem nenhuma transgressão, mas conformando-se à regra da fé”.
De acordo com essa carta, Melito — bispo de Sardes, em Lídia — era um dos que defendia o dia 14 de nisã como a data a ser observada.
A carta afirmava que os contemporâneos de Melito o consideravam um dos ‘grandes luminares que adormeceram na morte’. Polícrates disse que Melito não se casou e “viveu inteiramente sob o Espírito Santo e repousa em Sardes, esperando a visita do Senhor que virá dos céus, quando ressuscitará dos mortos”.
Melito foi um homem corajoso e determinado. De fato, ele escreveu uma Apologia dos cristãos — uma das primeiras de que há registro — dirigida a Marco Aurélio, imperador romano de 161 EC a 180 EC.
Ele não tinha medo de defender o cristianismo e de denunciar homens perversos e gananciosos. Esses homens procuravam obter várias ordens imperiais como desculpa para perseguir e condenar injustamente os cristãos, a fim de roubarem seus bens.
Melito corajosamente escreveu o seguinte ao imperador: “Nós te apresentamos apenas o pedido de tomares conhecimento primeiramente de quais são os invejosos e sentencieis de acordo com o direito se eles são merecedores de morte e suplício ou de salvação e tranquilidade. Se, porém, de ti não se originam essa decisão e esse novo edito, que nem mesmo conviriam contra bárbaros inimigos, postulamos com a maior insistência que não nos deixes entregues a essa pública rapina.”

Melito demonstrava muito interesse no estudo das Escrituras Sagradas. Embora não tenhamos uma lista completa de suas obras, os títulos de algumas delas revelam o interesse que ele tinha em assuntos bíblicos. Estes são alguns dos títulos: Da Maneira de Viver e das Profecias; A Fé do Homem; A Criação; O Batismo; A Verdade, a Fé e o Nascimento de Cristo; A Hospitalidade e a Chave; O Diabo Apocalipse de João.
Fez questão de viajar para terras bíblicas a fim de pesquisar o número exato de livros das Escrituras Hebraicas. A respeito disso ele escreveu: “Tendo ido, portanto, ao Oriente e tendo estado até mesmo no lugar onde a Escritura foi anunciada e cumprida, tive exato conhecimento acerca dos livros do antigo Testamento. Levantei uma lista, que te envio.”
Essa lista não menciona os livros de Neemias e de Ester, porém, é o mais antigo catálogo dos livros canônicos das Escrituras Hebraicas em obras de professos cristãos.
Durante sua pesquisa, Melito compilou uma série de versículos, tirados das Escrituras Hebraicas, que contêm profecias acerca de Jesus.
A obra de Melito intitulada Éclogas mostra que Jesus era o muito esperado Messias e que a Lei mosaica e os Profetas apontavam para Cristo.

Era notória a forte presença judaica em cidades importantes da Ásia Menor. Os judeus de Sardes, onde Melito vivia, observavam a Páscoa hebraica em 14 de nisã. Melito escreveu um sermão, com o título A Páscoa, que mostrava a legitimidade da Páscoa segundo a Lei mosaica e defendia a observância cristã da Refeição Noturna do Senhor em 14 de nisã.
Depois de fazer comentários sobre o capítulo 12 de Êxodo e de mostrar que a Páscoa prefigurava o sacrifício de Cristo, Melito explicou que, uma vez que Deus já havia abolido a Lei mosaica, não fazia sentido os cristãos observarem a Páscoa.
Depois ele mostrou por que o sacrifício de Cristo era necessário: Deus colocou Adão num paraíso onde ele poderia viver feliz. Mas o primeiro homem desobedeceu à ordem de não comer da árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau. Por isso, surgiu a necessidade de um resgate.
Melito reafirmou que Jesus havia sido enviado à Terra e morrido numa cruz para resgatar do pecado e da morte quem acreditasse nele. É interessante que Melito tenha usado a palavra grega xylon, que significa “madeiro”, ao escrever sobre a cruz em que Jesus morreu.
Melito não era conhecido apenas na Ásia Menor. Tertuliano, Clemente de Alexandria e Orígenes conheciam suas obras.
No entanto, o historiador Raniero Cantalamessa declara: “O declínio de Melito, que levou ao desaparecimento gradual das suas obras, começou quando os quartodecimanos (que guardavam o dia 14 de Nisa para comemorar a Páscoa) passaram a ser considerados hereges — depois que o costume de celebrar a Páscoa Dominical ficou estabelecido.”
Por fim, as obras de Melito desapareceram quase por completo.
Melito nos proveu com o que é possivelmente o mais antigo cânon cristão do Antigo Testamento conhecido, tendo viajado por toda a Palestina (e provavelmente à famosa biblioteca de Cesareia Marítima) tentando obter informações sobre este assunto.
O cânon de Melitão era este:
De Moisés, cinco livros: Gênesis, Êxodo, Números, Levítico e Deuteronômio; Josué (filho de Nun), Juízes, Rute; de Reis, quatro livros; de Crônicas, dois; de Salmos de Davi, de Provérbios de Salomão (Sabedoria) também, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Jó; de profetas: Isaías, Jeremias; dos doze profetas menores, um livro; Daniel, Ezequiel e Esdras.

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