24 de outubro de 2014.
Nome completo
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Eusébio de
Cesaréia
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Nascimento
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Morte
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O Pai da História da Igreja
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Eusébio
de Cesareia (265 — Cesareia Marítima, 30 de maio de 339) (chamado também de
Eusebius Pamphili, "Eusébio amigo de Pânfilo") foi bispo de Cesareia
e é referido como o pai da história da Igreja porque nos seus escritos estão os
primeiros relatos quanto à história do Cristianismo primitivo.
I. Vida
A
data e o local exato do seu nascimento são incertos e pouco se sabe da sua
juventude. Conheceu o presbítero Doroteu de Tiro em Antioquia e, provavelmente
recebeu dele instrução exegética. Em 296, estando na Palestina, viu Constantino
I, que visitava essa província com Diocleciano. Estava em Cesareia quando
Agápio era, aí, bispo. Tornou-se amigo de Pânfilo de Cesareia, com quem teria
estudado a Bíblia, com a ajuda da Hexapla de Orígenes e de comentários
compilados por Pânfilo1 , na tentativa de escrever uma versão crítica do Antigo
Testamento.
Em
307, Pânfilo foi preso, mas Eusébio continuou o projeto que com ele tinha
começado. O resultado foi uma apologia de Orígenes, terminada por Eusébio
depois da morte de Pânfilo, que foi enviada aos mártires nas minas de Phaeno,
no Egito. Parece que, depois, se retirou para Tiro e, mais tarde para o Egito,
onde sofreu, pela primeira vez, perseguição. A acusação de que obteve a sua
liberdade sacrificando aos deuses pagãos parece ser infundada.
Como
bispo de Cesareia Marítima. Sucedeu a Agápio, não se sabe bem quando mas, de
qualquer forma, terá sido pouco depois de 313. Pouco se sabe dos primeiros
tempos do seu bispado. No entanto, com o início da controvérsia ariana, toma,
subitamente um lugar de destaque. Ário pediu-lhe proteção. Por uma carta que
Eusébio escreveu a Alexandre, é evidente que não negou refúgio ao presbítero
exilado. Quando o Primeiro Concílio de Niceia se reuniu, em 325, teve algum
protagonismo. Nem era um líder nato, nem sequer um pensador profundo, mas como
homem bastante instruído e autor famoso, caído nas graças do imperador, acabou
por salientar-se entre os mais de 300 membros que reuniram no concílio. Tomando
uma posição moderada na controvérsia, apresentou o símbolo (credo) batismal de
Cesareia que acabou por se tornar a base do Credo niceno. No final do concílio,
Eusébio subscreveu os seus decretos.
A
controvérsia ariana continuou, não obstante a realização do concílio. Eusébio
manteve-se envolvido na questão. Por exemplo, entrou em disputa com Eustátio de
Antioquia, que se opunha à crescente aceitação das teorias de Orígenes e, em
especial, por este ter praticado uma exegese alegórica das escrituras, o que
interpretava como sendo a origem teológica do arianismo. Eusébio, admirador de
Orígenes, foi repreendido por Eustátio que o acusou de se afastar da fé de
Niceia. Eusébio retorquiu, acusando Eustátio de seguir ideias sabelianas.
Eustátio foi acusado, condenado e deposto num sínodo, em Antioquia. Grande
parte do povo de Antioquia rebelou-se contra esta decisão eclesiástica,
enquanto os anti-eustatianos propunham Eusébio como novo bispo. Ele recusou a
oferta.
Depois
de Eustátio ter sido afastado, os eusebianos viraram-se contra Atanásio de
Alexandria, um oponente muito mais perigoso. Em 334, Atanásio foi intimado a
comparecer frente a um sínodo em Cesareia. Ele não compareceu. No ano seguinte,
convocou-se outro sínodo em Tiro (Concílio de Tiro), presidido por Eusébio. Atanásio,
prevendo o resultado, dirigiu-se a Constantinopla, onde apresentou a sua causa
ao imperador. Constantino convocou os bispos para a sua corte, entre os quais,
Eusébio. Atanásio foi condenado ao exílio no final de 335. Nesse mesmo sínodo,
outro oponente era atacado com sucesso. Marcelo de Ancira há muito que lutava
contra os eusebianos, protestando contra a reabilitação de Ário. Acusado de
sabelianismo, foi deposto em 336. Constantino morreu no ano seguinte. Eusébio
não sobreviveu mais tempo. Morreu (provavelmente em Cesareia), em 340, o mais
tardar, sendo provável que tenha morrido a 30 de Maio de 339.
II. Obras
Da
extensa atividade literária de Eusébio, uma relativamente grande parte foi
preservada. Ainda que a posteridade tenha suspeitado dele como ariano, o seu
método de escrita tornou-o indispensável; a utilização de excertos
cuidadosamente íntegros nas suas citações poupou muito trabalho de pesquisa aos
leitores futuros. As suas obras, tornadas de referência, foram deste modo
preservadas.
As
obras literárias de Eusébio refletem o curso da sua vida. No início, dedicou-se
à crítica dos textos bíblicos, sob a influência de Pânfilo de Cesareia e,
provavelmente, de Doroteu, da escola de Antioquia. Com as perseguições de
Diocleciano e de Galério, dirigiu o seu interesse para os mártires (tanto os da
sua época, como os anteriores). Esse interesse levou-o a escrever,
praticamente, uma história da Igreja e, mesmo, uma história universal, que,
segundo o ponto de vista de Eusébio, seria apenas a base para a história
eclesiástica. Nota-se, pois, que para Eusébio, a Igreja aparece como sendo o
motor da História da Humanidade.
Com
as controvérsias arianas, o interesse de Eusébio passou para as questões
dogmáticas. A cristandade era finalmente reconhecida pelo Estado. Isso trouxe,
não obstante, novos problemas. Apologias diferentes das anteriores tornavam-se
necessárias. Por fim, Eusébio, no seu papel de teólogo da corte imperial,
escreve panegíricos hiperbólicos dedicados ao imperador cristão. A todas estas atividades,
há a acrescentar muitos outros textos de natureza diversa, em que ressalta a
sua correspondência, para além de trabalhos exegéticos onde se incluem
comentários e tratados sobre arqueologia bíblica que se estendem durante todo o
período da sua vida literária, fazendo fé daquilo por que Eusébio viria a ser
reconhecido por quase todos, independentemente da opinião teológica que
professassem: a sua larga erudição.
III. Obras
que versam a crítica bíblica
Pânfilo
de Cesareia e Eusébio ocuparam-se, em conjunto, da leitura crítica das
escrituras tal como eram apresentadas na versão da Bíblia conhecida como a
"Septuaginta". Dedicaram-se ao estudo do Antigo Testamento, ainda que
se debruçassem especialmente sobre o Novo Testamento. Efetivamente, parece que
um dos manuscritos da Septuaginta, preparado por Orígenes, terá sido trabalhado
e revisto pelos dois, a crer em Jerônimo.
Para
facilitar a pesquisa dos textos evangélicos, Eusébio dividiu a versão das
escrituras que tinha em seu poder em parágrafos que remetiam para uma tabela
sinóptica, de forma a encontrar os pericópios que se referissem mutuamente.
(1) uma epístola
da congregação de Esmirna a respeito do martírio de Policarpo
(2) o martírio de
Piónio;
(3) os martírios
de Carpo, Papilo e Agatónica;
(4) o martirológio
das congregações de Vienne e Lyon (atual França);
(5) o martírio de
Apolônio de Roma.
Da vida de Pânfilo
resta apenas um fragmento. Um trabalho sobre os mártires da palestina foi
composto depois de 311. Um grande número de fragmentos encontram-se
disseminados por vários catálogos de lendas, ainda por compilar. A vida de
Constantino foi compilada após a morte do imperador e a eleição do seu filho
como um dos augustos(co-imperadores romanos), em 337. É mais um panegírico,
repleto de retórica, que uma biografia, mas é de grande valor histórico pelos
documentos que incorpora.
Apologias e obras
dogmáticas
Aos trabalhos de
cariz apologético ou dogmático pertencem:
(1) a
"Apologia de Orígenes", cujos primeiros cinco livros terão sido
escritos por Pânfilo de Cesareia, na prisão, assistido por Eusébio, segundo as
palavras de Fótio. Eusébio escreveu o sexto livro após a morte de Pânfilo.
Existe atualmente uma tradução em latim do primeiro livro, feita por Rufino de
Aquileia.
(2) um tratado
contra Hierócles de Alexandria, (Governador romano e filósofo neoplatónico), no
qual Eusébio rebateu a glorificação de Apolónio de Tiana feita por Hieróceles.
O trabalho chamava-se "Discurso de Amor à Verdade" (em grego,
Philalethes logos);
(3) e (4) duas
importantes obras, relacionadas uma com a outra, conhecidas pelos nomes, em
latim Praeparatio evangelica e Demonstratio evangelica, , tentando a primeira
provar a excelência do cristianismo sobre todas as religiões e filosofias
pagãs. A Demonstratio consistia originalmente em vinte livros dos quais foram
completamente perservados dez, além de um fragmento do décimo-quinto livro.
Eusébio considerava-a como uma introdução à Cristandade para os pagãos. O
trabalho foi terminado, provavelmente, antes de 311.
(5) noutro texto,
com origem no período das perseguições, intitulado "Excertos
Proféticos" (Eklogai prophetikai), discute em quatro livros os textos
messiânicos das escrituras.
(6) o tratado
"Da Manifestação Divina" (Peri theophaneias), , escrito já
posteriormente a estes, trata da encarnação do Logos Divino, sendo, em vários
aspectos, idêntico à Demonstratio evangelica. . Restam apenas fragmentos.
(7) o polemico
tratado "Contra Marcelo", escrito cerca de 337;
(8) um suplemento
ao trabalho anterior, intitulado "Da Teologia da Igreja", onde
defende a doutrina nicena do Logos, contra o partido de Atanásio.
Um número vasto de
escritos pertencendo a esta categoria estão, até a data, completamente
perdidos.
IV. A
História Eclesiástica
Esta
obra trata de um relato cronológico do desenvolvimento do cristianismo
primitivo entre o primeiro e o quarto século. Ela foi escrita em grego koiné e
sobreviveu também em manuscritos em latim, siríaco e armênio. O resultado foi a
primeira narrativa extensiva escrita de um ponto de vista cristão.
No
início do século V, dois defensores em Constantinopla, Sócrates Escolástico e
Sozomeno, assim como um bispo, Teodoreto de Cirro, na província romana da
Síria, escreveram continuações da história eclesiástica de Eusébio,
estabelecendo uma convenção de continuadores que iria determinar de maneira
significativa a forma como a história seria escrita por pelo menos um milênio.
Uma outra obra de Eusébio, a Crônica, que tentou apresentar uma linha do tempo
comparativa entre as histórias pagã e do Antigo Testamento, também fundou um
modelo historiográfico, a crônica medieval ou história universal.
Eusébio
tinha acesso à biblioteca Teológica de Cesareia Marítima e fez uso de muitos
documentos eclesiásticos, atos de mártires, cartas, extratos de autores
cristãos anteriores, listas de bispos e fontes similares, muitas vezes citando
extensamente os originais, de modo que a sua obra acabou por preservar muitos
originais que não sobreviveram até nossos dias. Como exemplo, ele cita que
Mateus compôs o Evangelho dos Hebreus e seu "catálogo da Igreja"
sugere que ele teria sido o único Evangelho Judaico. É, portanto, de valor
histórico, embora ele jamais tenha pretendido ser nem completo e nem observar
imparcialidade no tratamento de seus objetivos. Ele sequer pretende apresentar
uma visão conectada e sistemática da história da igreja primitiva. Ela é
portanto uma vingança da religião cristã, embora o autor jamais tenha
pretendido assim. Eusébio foi muitas vezes acusado de falsificar
intencionalmente a verdade, pois ele jamais foi totalmente imparcial em seu
julgamento das pessoas ou dos fatos.
Na
sua "História da Igreja" ou "História Eclesiástica",
Eusébio tentou, de acordo com as suas próprias palavras apresentar a história
da Igreja desde os apóstolos (história essa referida nos "Atos dos
Apóstolos") até ao seu próprio tempo, tendo em conta os seguintes
aspectos:
(1) a sucessão dos
bispos nas igrejas locais principais;
(2) a história dos
apóstolos;
(3) a história das
heresias;
(4) a história dos
judeus;
(5) as relações
com os pagãos;
(6) os mártires.
Agrupou o seu
material de acordo com os reinados dos imperadores, apresentando-o tal como o
encontrou nas suas fontes. O conteúdo consistia em:
Livro i:
introdução detalhada, sobre Jesus Cristo.
Livro ii: A
história da época apostólica, desde a Queda de Jerusalém até Tito.
Livro iii: A época
após Trajano
Livross iv e v: o
século II
Livro vi: O
período de Severo a Décio
Livro vii e viii:
historial do surto de perseguições movidas sob o reinado de Diocleciano
Livro ix: História
da vitória de Constantino I sobre Magêncio no ocidente e de Licínio sobre
Maximino Daia no oriente.
Livro x: O
restabelecimento das congregações e a rebelião e conquista de Licínio.
Tal
como chegou até nós, a obra concluiu-se antes da morte de Crispo, em julho de
326 d.C., e, desde o Livro x que é dedicada a Paulino de Tiro que morreu antes
de 325 d.C., no final de 323 d.C. ou em 324 d.C.. Este trabalho é realmente
impressionante pela pesquisa que exigia e deve tê-lo ocupado por vários anos. O
seu martirológio terá sido um dos estudos preparatórios para a obra.
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