segunda-feira, 24 de setembro de 2018

66 - Irineu de Lyon (130-202) Demonstração da Pregação Apostólica (Cap. 15-22)



66
Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Irineu de Lyon (130-202)
Demonstração da Pregação Apostólica (Cap. 15-22)


A primeira Lei
15. Mas por temor de que o homem cultivasse pensamentos de grandeza e se exaltasse,
como se não houvesse um Senhor, pela autoridade que lhe foi concedida e pela liberdade de acesso a Deus, e ficasse contra Deus, o seu Criador, desconfiando e comprazendo-se consigo mesmo, e assumisse atitudes arrogantes contra Deus, esse lhe impôs uma lei, para que reconhecesse ter por Senhor o Senhor do universo. Deus, então, lhe impôs certos limites, de modo que se observasse o preceito de Deus, e permanecesse sempre como era, ou seja, imortal; mas, se não o observasse, se tornaria mortal, destinado a dissolver-se naquela terra, da qual foi tomado o seu corpo. Eis o preceito: “Podes comer de todas as árvores do Jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque, no dia em que dela comeres, terás que morrer”.

Satanás envolvido na queda do homem
16. O homem não observou esse preceito e desobedeceu a Deus, enganado por aquele anjo, que, ciumento do homem e invejoso dos muitos favores cumulados por Deus, arruinou a si próprio e fez do homem um pecador, induzindo-o a transgredir o preceito de Deus. O anjo, tornado por causa de sua mentira chefe e guia do pecado, foi ele mesmo golpeado por ter ofendido a Deus e provocado a queda do homem do Jardim. E, pois, por causa do seu comportamento, se rebelou e se afastou de Deus, foi chamado em hebraico Satanás, ou seja, rebelde. Mas é também chamado caluniador. Deus, então, amaldiçoou a serpente, que havia sido o disfarce do diabo; maldição que alcançou o próprio animal e o anjo escondido nele, Satanás. E ao homem, [Deus] o expulsou da sua presença, mandando-o habitar então no caminho que conduz ao Jardim, pois o Jardim não admite o pecador.

Primeira experiência da ausência de Deus. Caim e Abel
17. Expulsos do Jardim, Adão e sua mulher, Eva, fizeram experiência de muitas tribulações físicas e espirituais, e viveram neste mundo na tristeza, na fadiga e nos lamentos. Sob os raios do sol, o homem arava a terra e essa lhe produzia, castigado pelo pecado, espinhos e ervas daninhas. Então se cumpriu a Escritura: “O homem conheceu Eva, sua mulher; ela concebeu e deu à luz Caim [...] depois ela deu também à luz Abel, irmão de Caim”. Mas o anjo rebelde, que induziu o homem à desobediência, tornando-o um pecador e causando-lhe a expulsão do Jardim, não satisfeito com a primeira empresa, arquitetou uma outra com relação aos irmãos. Caim, imbuído de seu espírito, se fez um fratricida. Abel morreu assassinado pelo irmão, vindo, assim, a significar que, dali para diante, alguns seriam perseguidos, atormentados e mortos, enquanto os malvados matariam e perseguiriam os justos. Por isso, Deus se encolerizou terrivelmente, amaldiçoou Caim, e, desde então, todos os descendentes na linha de sua sucessão foram semelhantes a seu progenitor. Deus, depois, fez com que Adão tivesse outro filho em substituição ao assassinato de Abel.

A mudança total dos valores humanos. Os gigantes e a arte da sedução
18. A maldade, que se expandiu continuamente, alcançou e inundou todo o gênero humano, a tal ponto que pouquíssimos traços de justiça sobreviveram entre os homens. Por isso, na terra ocorriam uniões ilegítimas: os anjos se uniam com a descendência feminina dos homens e [essas] deram à luz filhos que pelo extraordinário tamanho foram chamados gigantes. Então, esses anjos deram de presente às suas mulheres doutrinas perversas: ensinaram os poderes das plantas e das ervas, a arte das tintas e dos cosméticos, a descoberta das substâncias preciosas, os filtros mágicos, os ódios, os amores, as paixões, as seduções de amor, as cadeias mágicas, todo gênero de adivinhações e de idolatria odiados por Deus. Uma vez que entraram no mundo, o mal se expandiu até transbordar, e a justiça diminuiu até quase desaparecer.

O dilúvio
19. Por fim, quando veio sobre o mundo o justo juízo de Deus, na décima geração, contando desde o primeiro homem, unicamente Noé foi encontrado justo e, graças à sua própria justiça, foi salvo com sua mulher, seus três filhos e suas mulheres, colocados na arca com os animais que Deus havia ordenado a Noé nela introduzir. Quando a destruição se aproximava da terra, sobre os homens e os seres vivos, se salvaram apenas os que estavam na arca. Os três filhos de Noé eram Sem, Cam e Jafé, e sua estirpe voltou a multiplicar-se. Essa é a origem de todos os nascidos depois do dilúvio.

As bênçãos e maldições na família de Noé
20. Dentre os filhos de Noé, um deles caiu em maldição, enquanto os outros dois herdaram a bênção pelas suas obras. O mais jovem deles, de fato, chamado Cam porque riu dos seus pais, tornou-se culpado do pecado de impiedade por afrontar e ofender o pai, e atraiu a maldição que se transmite a toda a sua descendência. Resultou que toda a sua descendência foi amaldiçoada, e nesse pecado cresceu e se multiplicou. Ao contrário, Sem e Jafé, seus irmãos, pela piedade pelo seu genitor, obtiveram a bênção. Eis os termos da maldição lançada por Noé sobre Cam: “Maldito seja Canaã! Que ele seja, para seus irmãos, o último dos escravos”. Quando alcançou a idade adulta, Cam teve sobre a terra uma posteridade numerosa como uma floresta, desenvolvendo-se por quatorze gerações de descendentes, quando por Deus, em seguida, foi ceifada. De fato, os cananeus, os eteus, os farezeus, os eveus, os amorreus, os jebuzeus, os gergeseus, os sodomitas, os árabes, os habitantes da Fenícia, todos os egípcios e os lídios descendem de Cam, e caíram sobre a maldição, que se estende por longo tempo sobre aqueles ímpios.
21. Tal como a maldição seguiu o seu caminho, também a bênção se estendeu à posteridade dos que a receberam, cada qual segundo a sua ordem. Primeiramente, foi abençoado Sem com estas palavras: “Bendito seja Iahweh, o Deus de Sem, e que Canaã seja seu escravo!”. O efeito da bênção é este: Deus, Senhor do universo, tornou-se, por Sem, objeto privilegiado de sua piedade; a bênção se desenvolveu quando atingiu Abraão, que, na descendência de Sem, chega à décima geração segundo a ordem genealógica descendente. E é esta razão pela qual o Pai, Deus do universo, se compraz em ser chamado “Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó”, porque a bênção de Sem chagou até Abraão. A bênção de Jafé foi formulada da seguinte forma: “Que Deus dilate Jafé, que ele habite nas tendas de Sem, e que Canaã seja seu escravo!”. Essa bênção floresceu ao final desse período, quando o Senhor se manifestou às nações por seu chamado – pois Deus dilatou seu chamado até elas – e “por toda a terra sua linha aparece, e até os confins do mundo a sua linhagem”. Dilatar significa, pois, o chamado dentre as nações, a saber, a Igreja. E “habitar na casa de Sem” indica a herança dos patriarcas, por terem recebido de Jesus Cristo o direito de primogenitura. Desse modo, segundo a ordem da bênção, cada um recebeu, por meio da descendência, o fruto da bênção.

A Aliança universal
22. Depois do dilúvio, Deus estabeleceu um pacto de aliança com o mundo inteiro, em particular com os animais e com os homens, em virtude da qual jamais destruiria com um dilúvio o que refloresceria sobre a terra, e lhes deu um sinal: “Quando eu reunir as nuvens sobre a terra e o arco aparecer na nuvem, eu me lembrarei da aliança que há entre mim e vós e todos os seres vivos: toda carne e as águas não mais se tornarão um dilúvio para destruir toda carne”. [Deus] Mudou a comida dos homens, dando-lhes ordem de comer carne, pois, a partir da primeira criatura, Adão, até o dilúvio, os homens se alimentavam apenas de grãos e frutos das árvores; porém, o alimento da carne não lhes era permitido. Como os três filhos de Noé eram o princípio da raça dos homens, Deus os abençoou para que se multiplicassem e crescessem, dizendo: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra. Sede o medo e o pavor de todos os animais da terra e de todas as aves do céu, comei de tudo que se move pela terra e todos os peixes do mar: eles são entregues nas vossas mãos. Tudo o que se move e possui vida vos servirá de alimento, tudo isso eu vos dou, como vos dei as verduras das plantas. Mas não comereis
a carne com a sua alma, isto é, o sangue. Pedirei contas, porém, do sangue de cada um de vós. Pedirei contas a todos os animais e ao homem, aos homens entre si, eu pedirei contas da alma do homem. Quem derrama o sangue do homem, pelo homem terá seu sangue derramado. Pois à imagem de Deus o homem foi feito”. E a imagem de Deus
é o Filho, de cuja imagem foi feito o homem. Por essa razão, [o Filho] se manifestou no fim dos tempos, “para demonstrar que imagem era semelhante a ele”. Depois dessa aliança, o gênero humano se multiplicou e se propagou a partir da
posteridade desses três filhos de Noé. E “havia, então, um só lábio na terra”, ou seja, uma só língua.

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segunda-feira, 17 de setembro de 2018

65 - Irineu de Lyon (130-202) Demonstração da Pregação Apostólica (Cap. 6-14)



65
Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Irineu de Lyon (130-202)
Demonstração da Pregação Apostólica (Cap. 6-14)


Os três artigos da fé
6. Eis a ordem da nossa fé, o fundamento do edifício e a base da nossa conduta: Deus Pai, incriado, incircunscrito, invisível, único Deus, criador do universo. Tal é o primeiro e principal artigo de nossa fé. O segundo é o Verbo de Deus, Filho de Deus, Jesus Cristo, nosso Senhor, que apareceu aos profetas segundo o desígnio de sua profecia e segundo a economia disposta pelo Pai; por meio dele foi criado o universo. E no fim dos tempos, para recapitular todas as coisas, [o Verbo] se fez homem entre os homens, visível e tangível, para destruir a morte, para manifestar a vida e restabelecer a comunhão entre Deus e o homem. E como terceiro artigo, o Espírito Santo, de cujo poder os profetas profetizaram, e os Padres foram instruídos com relação a Deus, e os justos foram guiados no caminho da justiça, e que no fim dos tempos foi difundido de um modo novo sobre a humanidade, por toda a terra, renovando o homem para Deus.
7. Por isso, o batismo, nosso novo nascimento, tem lugar para estes três artigos, e nos concede renascer a Deus Pai por meio de seu Filho no Espírito Santo, porque os portadores do Espírito de Deus são conduzidos ao Verbo, isto é, ao Filho, que é quem os acolhe e os apresenta ao Pai, e o Pai lhes dá a incorruptibilidade. Sem o Espírito, é, pois, impossível ver o Verbo de Deus, e sem o Filho, nada pode aproximar-se do Pai, porque o Filho é o conhecimento do Pai, e o conhecimento do Filho se obtém por meio do Espírito Santo. Mas o Filho, segundo a bondade do Pai, dispensa como ministro o Espírito Santo a quem quer, e como o Pai quer.
8. Se o Espírito chama o Pai, Altíssimo, Onipotente e Senhor das potências, é para nos ensinar que tal é Deus, isto é, criador do céu e da terra e de todo o universo, criador dos anjos e dos homens e Senhor de todos, por meio do qual tudo existe e é conservado com vida, misericordioso, compassivo, cheio de ternura, bom, justo, Deus de todos, dos judeus, dos gentios e dos crentes; porém, dos crentes é Deus Pai, porque, no fim dos
tempos, abriu o testamento da adoção filial; dos judeus, ao invés, é Senhor e legislador, porque, quando, nos tempos medianos, aqueles homens esqueceram Deus, afastando-se e rebelando-se com ele, os reconduziu à obediência mediante a Lei, a fim de que aprendessem que tinham um Senhor que é autor, criador e que dá o sopro de vida, ao qual devemos prestar culto dia e noite; dos gentios é criador, demiurgo e onipotente. Para
todos, sem exceção, é doador de alimento e comida, rei e juiz, porque nada escapará a seu juízo, nem judeu, nem gentio, nem nenhum crente que pecou, nem mesmo um anjo. Aqueles que no presente se negam a crer em sua bondade experimentarão no juízo o seu poder, como diz o Santo Apóstolo: “[...] desconhecendo que a benignidade de Deus te convida à conversão. Ora, com tua obstinação e com teu coração impenitente, acumulas contra ti um monte de ira, no dia da ira em que se revelará o justo julgamento de Deus, que retribuirá a cada um segundo as suas obras”. Este é Aquele que na Lei é chamado o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó, Deus dos vivos. Desse Deus, é indescritível a sua transcendência e a sua magnitude.

A terra envolvida por sete céus
9. A terra é circundada por sete céus, nos quais residem inumeráveis potências, anjos e arcanjos, que rendem culto ao Deus onipotente, não como a qualquer um que tenha necessidade de culto, mas para não ficarem ociosos, inúteis e ingratos. Por isso, a presença do Espírito Santo é pluriforme, e é pelo profeta Isaías enumerada nos sete carismas recebidos pelo Filho de Deus, isto é, pelo Verbo, em sua vinda como homem. Com efeito, disse: “Sobre ele repousará o espírito de Iahweh, espírito de sabedoria e inteligência, espírito de conselho e fortaleza, [espírito de ciência], espírito de conhecimento e de temor de Iahweh”. O primeiro céu, então, a partir do alto, que compreende todos os outros, é a sabedoria; o segundo é a inteligência; o terceiro é o conselho; o quarto, em linha descendente, é a fortaleza; o quinto é a ciência; o sexto é a piedade; o sétimo, o nosso firmamento, é cheio do temor deste Espírito, que ilumina os céus. Segundo esse esquema, Moisés recebeu o candelabro de sete braços continuamente aceso no Santuário. De fato, ordenou a liturgia segundo esse esquema celeste, como lhe disse o Verbo: “Vê, pois, e faze tudo conforme o modelo que te foi mostrado sobre a montanha”.

O papel dos seres do cosmo
10. Esse Deus, então, é glorificado pelo seu Verbo, que é o Filho eterno, e pelo Espírito Santo, que é a Sabedoria do Pai do universo. As suas potências, isto é, desse Verbo e dessa Sabedoria, chamadas também Querubins e Serafins, glorificam a Deus com cantos incessantes, e todo o aparato celeste tributa glória a Deus, Pai do universo. Ele, com o Verbo, fez existir o mundo inteiro e, desse modo, são incluídos os anjos; ao mundo inteiro foram fixadas leis, para que cada qual fique no seu lugar e não saia do limite estabelecido por Deus, cada qual cumprindo a obra que lhe foi confiada.

A criação do homem
11. Deus criou o homem com as suas mãos, tomando da terra o que existia de mais puro e mais fino, e misturando na medida certa a sua potência. De fato, traçou sobre esse composto o seu próprio perfil, de modo que o que seria visível levasse a imagem divina, porque, como imagem de Deus, o homem foi plasmado e colocado na terra. E a fim de que se tornasse ser vivo, lhe soprou sobre o rosto o hálito vital, de modo que, no espírito e no físico, o homem fosse semelhante a ele. [O homem] foi criado por Deus livre e autônomo para dominar todos os seres da terra. Este mundo criado, preparado por Deus antes de plasmar o homem, foi dado ao homem como seu território com todos os bens que continha. Em tal território agiam, cada qual segundo as próprias tarefas, os servos daquele Deus que criou todas as coisas; nisso dominava o regente e cabeça que foi constituído chefe dos servos seus iguais; os servos eram os anjos, enquanto o regente e cabeça era um arcanjo.

O Paraíso de luz
12. O homem feito o dono da terra e de quanto nela se encontra, secretamente [Deus] o fez dono dos servos que existiam. Estes estavam em pleno desenvolvimento, enquanto o dono, isto é, o homem, era pequeno, porque menino, e devia crescer para atingir o estado adulto. A fim de se nutrir e se desenvolver com gozo e alegria, lhe foi preparado um lugar, o melhor deste mundo, privilegiado pelo ar, pela beleza, pela luz, pela comida, pelas plantas, pelos frutos, pelas águas, e por todas as outras coisas necessárias à vida. Esse lugar se chamava Jardim. Assim, tão belo e agradável era o Jardim, que o Verbo de Deus ia lá habitualmente, passeava e se entretinha com o homem, prefigurando o que aconteceria no futuro, isto é, que seria seu concidadão e conversaria com ele, e habitaria com os homens, ensinando a sua justiça. Mas o homem era menino e o seu senso de
razão não estava ainda desenvolvido. Assim, foi facilmente enganado pelo sedutor.

Eva, a imagem perfeita de Adão
13. Então, Deus conduziu diante de Adão, que estava passeando no Jardim, todos os animais, e lhe ordenou dar um nome a cada qual, embora ele se chamasse Adão, um ser vivo, tal era o seu nome. Deus decidiu também criar uma auxiliar para o homem, dizendo: “Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer uma auxiliar que lhe corresponda”. Entre todos os viventes, não foi encontrado um ajudante igual, comparável e similar a Adão. Deus, então, fez descer sobre Adão um êxtase e o adormeceu e, para realizar uma obra que derivasse de outra obra, foi induzido sobre Adão, por vontade de Deus, aquele sono que não existia no Paraíso. [Deus] tomou, então, uma costela de Adão, preencheu de carne o vazio criado e, com a costela extraída, fez a mulher, que conduziu a Adão. Esse, vendo-a, exclamou: “Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada ‘mulher’, porque foi tirada do homem”.

O casal ideal
14. Adão e Eva – esse é o nome da mulher – estavam nus e sem vergonha, porque os seus pensamentos eram inocentes e infantis, e não tinham ideia ou imagem que são gerados na alma pelo mal, cúmplice da concupiscência, e pelas paixões. Viviam, de fato, na integridade, conservando o seu estado natural, porque o que foi insuflado no seu plasma era hálito vital. Ora, até quando durou e perseverou aquele sopro, com sua ordem e seu vigor, não imaginavam ou pensavam coisas ignóbeis. Por tal motivo, não se envergonhavam de beijar-se e abraçar-se com infantil inocência.

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segunda-feira, 10 de setembro de 2018

64 - Irineu de Lyon (130-202) Demonstração da Pregação Apostólica (Cap. 1-5)


64
Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Irineu de Lyon (130-202)
Demonstração da Pregação Apostólica (Cap. 1-5)



Introdução a Demonstração da Pregação Apostólica
A Demonstração foi escrita em 180 e é dirigida a tal Marciano e, assim, aparentemente epistolar, é uma equilibrada composição entre catequese e apologia, um “catecismo superior”.
Está organizada em duas partes. Depois de um breve endereço e de uma introdução (cc. 1-3), a Primeira Parte (cc. 4-41) é dedicada à História da salvação: Deus e a criação, o pecado do homem e a misericórdia de Deus, e a realização da salvação através de Jesus Cristo.
A Segunda Parte (cc. 42-97) é a demonstração propriamente dita, ou seja, Irineu demonstra, através dos textos do Antigo Testamento, a realização da História da salvação. Nessa Parte, são abordadas: a preexistência e a encarnação do Logos, o Filho de Deus, as profecias sobre Jesus e o seu cumprimento, e a Igreja como cumprimento das profecias messiânicas.
Há uma conclusão (cc. 97-100) que contém advertências de como se vive a fé, em oposição às heresias e aos incrédulos.
Percebe-se, na Demonstração, portanto, que Irineu quer, de fato, “demonstrar” a pregação recebida da geração apostólica, especialmente através da releitura cristã do Antigo Testamento, visando formar o cristão adulto. Temos nas mãos, verdadeiramente, um “catecismo superior”. Nele, exara a segurança da fé em Cristo na perspectiva da história da salvação, a consciência de pertença à Igreja e o entusiasmo catequético – apologético e evangelizador – do santo bispo de Lyon.

Demonstração da Pregação Apostólica

O Caminho da vida
1. Conheço, caro Marciano, a tua diligência a caminhar no caminho da piedade, que só conduz o homem à vida eterna; me alegro e rezo para que, conservando pura a fé, tu sejas agradecido a Deus, teu Criador. Podíamos estar sempre juntos para nos ajudarmos mutuamente a aliviar as preocupações da vida terrena como uma troca contínua de pensamentos sobre temas úteis. Como estamos fisicamente longe um do outro, decidimos, nos limites do possível, nos entreter por escrito, e te expor brevemente a pregação da verdade, para que te consolides na fé. O que te enviamos é uma série de anotações sobre pontos fundamentais do corpo da verdade; e que, com este compêndio, tenhas à mão as provas das realidades divinas. Assim, o resultado servirá não apenas à tua salvação, mas também à confutação daqueles que cultivam falsas opiniões, e a quem o quer conhecer, tu exporás com segurança o nosso ensinamento na sua integridade e pureza. De fato, para aqueles que veem, não existe senão uma estrada em ascensão, iluminada pela luz celeste; mas para aqueles que não veem, as estradas são muitas, sem iluminação e descendentes. A primeira estrada conduz ao Reino dos Céus e une o homem a Deus; as outras estradas conduzem à morte e se afastam de Deus. Portanto, para ti e para quem tem no coração a sua salvação, é necessário caminhar na fé, sem desviar, com coragem e determinação, para evitar que, faltando tenacidade e perseverança, não se entreguem aos prazeres materiais ou que, errando a estrada, se
afastem do reto caminho.

Fé e obras
2. Como o homem é um ser vivente, composto de alma e corpo, necessita agir segundo esses dois componentes. E porque as ocasiões de queda provêm de ambas as partes, existe uma santidade do corpo, que é a continência de todas as coisas descaradas e de toda ação iníqua, e uma santidade da alma, que conserva intacta a fé em Deus, sem acrescentar ou tirar nada. Por isso, a piedade é manchada e perde a sua candura quando é contaminada pela impureza do corpo; se rompe, se macula e se desintegra quando o erro entra na alma; [mas] se manterá a beleza e a justa medida se a verdade permanece constantemente na alma e na santidade do corpo. Mas a que serve conhecer a verdade através das palavras, se se profana o corpo e se se realizam ações degradantes? Qual vantagem haverá ao conservar realmente a santidade do corpo se a verdade não está na alma? Ambas, de fato, devem estar juntas, são aliadas, e combatem lado a lado para conduzir o homem à presença de Deus. Por esse motivo, o Espírito Santo, através de Davi, diz: “Feliz o homem que não vai ao conselho dos ímpios, não para no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores”. “Conselho dos ímpios” significa o conselho dos povos que não conhecem a Deus; de fato, “ímpios” são aqueles que não veneram aquele que é Deus por natureza. Por isso, o Verbo disse a Moisés: “Eu sou aquele que é”. Dessa forma, aqueles que não veneram aquele que verdadeiramente é, são ímpios. “[Aquele que] não anda pelo caminho dos pecadores”. “Pecadores” são aqueles que, mesmo que conheçam a Deus, não observam os mandamentos, as pessoas que vilipendiam a Deus. “Nem toma parte [na cátedra] nas reuniões dos zombadores [cínicos]”. Cínicos são aqueles que, com doutrinas falsas e perversas, corrompem não somente a si próprios, mas também outros. A “cátedra” é, de fato, símbolo da escola. Tais são os hereges, “tomam parte na cátedra dos cínicos” e levam à corrupção aqueles
que tomam o veneno de suas doutrinas.

A regra da fé e as consequências para o crente
3. Ora, pelo temor de qualquer coisa de similar, nós devemos manter inalterada a Regra da Fé e cumprir os mandamentos de Deus crescendo nele, temendo-o como Senhor, e amando-o como Pai. Tal comportamento, então, é uma conquista da fé, pois, como diz Isaías: “Se não crerdes, não vos mantereis firmes”.
 A fé é dada pela verdade, pois a fé se funda sobre a verdade. De fato, nós cremos no que realmente é, e como é; e, crendo no que realmente é, como sempre é, manteremos a nossa firme adesão. Ora, como a fé sustenta nossa salvação, é necessário dar muita atenção para obter uma verdadeira inteligência da verdade. É a fé que nos mostra tudo isto como nos comunicaram os presbíteros, discípulos dos apóstolos. Antes de tudo, a fé nos convida com insistência a recordar que recebemos o batismo para a remissão dos pecados em nome de Deus Pai e em nome de Jesus Cristo, Filho de Deus encarnado, morto e ressuscitado, e no Espírito Santo de Deus; que o batismo é o selo da vida eterna, o novo nascimento em Deus, de modo que já não somos mais filhos de homens mortais, mas de Deus eterno e indefectível; que o Eterno e o Indefectível é Deus, acima de todas as criaturas, e que cada coisa, de qualquer espécie, está sujeita a ele, e o que está sujeito a ele foi por ele criado. Deus, por isso, não exercita o seu poder e a sua soberania sobre o que pertence a outros, mas sobre o que é seu. E tudo é de Deus. De fato, Deus é onipotente, e tudo provém dele.

I – A Catequese dos Apóstolos (cc. 4-41)

Deus na origem do mundo
4. Por isso, é necessário que as coisas criadas tenham por princípio uma qualquer grande causa, e o princípio de tudo é Deus. Ele não deriva de algo, enquanto por ele foi criado cada ser. Por isso, é necessário, antes de tudo, admitir que existe um só Deus Pai, que criou e pôs em ordem o conjunto dos seres, e fez existir o que não existia e que, circunscrevendo o universo, é o único a não ser circunscrito. No complexo das coisas criadas, existe este nosso mundo e, no mundo, o homem. Então, também este mundo foi criado por Deus.

A ação do Verbo e do Espírito Santo no cosmo
5. Assim, então, se demonstra um só Deus, Pai, incriado, invisível, criador do universo, acima do qual não existe Deus, como não existe depois dele. Deus é racional e, por isso, todos os seres foram criados pelo seu Verbo; Deus é Espírito e, assim, ordenou todas as coisas, como diz o profeta: “O céu foi feito com a palavra de Iahweh, e seu exército com o sopro de sua boca”. Ora, como o Verbo “estabelece”, é aquele que cria e consolida tudo o que existe, e o Espírito ordena e dá forma às diversas “potências” justamente com propriedade de linguagem, o Verbo é chamado Filho e o Espírito Sabedoria de Deus. Paulo diz a esse propósito: “Há um só Deus Pai de todos, que está acima de todos, por meio de todos e em todos”. Então, o Espírito mostra o Verbo; os profetas, por sua vez, anunciaram o Filho de Deus, mas o Verbo liga a si o Espírito, e por isso é ele que comunica aos profetas a mensagem, e eleva o homem ao Pai.

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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

63 - São Irineu de Lyon (130-202) - Biografia.


Santo Irineu de Lyon
63
Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Irineu de Lyon (130-202)
Biografia de São Irineu


Irineu nasceu em Esmirna (hoje Izmir, na Turquia) por volta do ano 135-140, onde ainda jovem frequentou a escola do Bispo Policarpo, este por sua vez discípulo do apóstolo João. Inclusive sendo ordenado pelo mesmo São Policarpo, que o enviou para a Gália, atual França.
Em Gália trabalhou ao lado de Fotino, o primeiro bispo de Lyon. E certamente essa transferência coincidiu com os primeiros desenvolvimentos da comunidade cristã de Lyon.
Precisamente no ano de 175, Irineu foi enviado para Roma, portando uma carta da comunidade de Lyon ao Bispo da época, chamado Eleutério para tratar da seita dos montanistas. Esta missão romana de Irineu, subtraiu à perseguição de Marco Aurélio, que causou pelo menos quarenta e oito mártires, entre os quais o próprio Bispo de Lyon, Potino, que, com noventa anos, faleceu por maus tratos no cárcere. Assim, com o seu regresso, Irineu foi eleito Bispo da cidade de Lyon, que se concluiu por volta de 202-203, talvez com o martírio.
Nesse cargo ele permaneceu vinte e cinco anos. Ocupou-se da evangelização e combateu, principalmente, a heresia dos gnósticos, além das outras que proliferavam nesses primeiros tempos. Obteve êxito, junto ao papa Vitor I, na questão da comemoração da festa da Páscoa, quando lhe pediu que atuasse com moderação para manter a união entre a Igreja do Ocidente e a do Oriente.
Era muito culto e letrado em várias línguas, e como escritor, buscava uma dupla finalidade: defender a verdadeira doutrina contra os ataques heréticos, e expor com clareza a verdade da fé.
Correspondem exatamente a estas finalidades as duas obras que dele permanecem: os cinco livros Contra as Heresias, e a Exposição da pregação apostólica (que se pode também chamar o mais antigo “catecismo da doutrina cristã”).
A sua obra escrita mais importante foi o tratado “Contra as heresias”, onde trata da falsa gnose, e depois, de todas as outras heresias da época. O texto grego foi perdido, mas existem as traduções latina, armênia e siríaca. Importante não só do lado teológico, onde expôs já pronta a teoria sobre a autoridade doutrinal da Igreja, mas ainda do lado histórico, pois documentou e nos apresentou um quadro vivo das batalhas e lutas de então.
Mais tarde, um outro tratado, chamado “Demonstração da pregação apostólica”, foi encontrado inteiro, numa tradução armênia. Além de vários fragmentos de outras obras, cartas, discursos e pequenos tratados.
A Igreja do século II estava ameaçada pela chamada gnose, uma doutrina que afirmava que a fé ensinada na Igreja seria apenas um simbolismo para os simples, que não são capazes de compreender coisas difíceis; ao contrário, os idosos, os intelectuais chamavam-se gnósticos porque teriam compreendido o que está por detrás destes símbolos, e assim teriam formado um cristianismo elitista, intelectualista. Obviamente este cristianismo intelectualista fragmentava-se cada vez mais em diversas correntes com pensamentos muitas vezes estranhos e extravagantes, mas para muitos era atraente.
Irineu combateu eficazmente o gnosticismo em suas obras.
O Evangelho pregado pelo Bispo Irineu é o mesmo que recebeu de Policarpo, Bispo de Esmirna, e o Evangelho de Policarpo remonta ao apóstolo João, do qual Policarpo era discípulo. E assim o verdadeiro ensinamento não é o que foi inventado pelos intelectuais além da fé simples da Igreja. O verdadeiro Evangelho é o que foi transmitido pelos Bispos que o receberam numa sucessão ininterrupta dos Apóstolos.
            Eles outra coisa não ensinaram senão precisamente esta fé simples, que é também a verdadeira profundidade da revelação de Deus. Assim diz-nos Irineu: “Não há uma doutrina secreta por detrás do Credo comum da Igreja. Não existe um cristianismo superior para intelectuais. A fé publicamente confessada pela Igreja é a fé comum de todos. Só esta fé é apostólica, vem dos Apóstolos, isto é, de Jesus e de Deus”. (Adv. Haer.3, 3, 3-4).
Irineu morreu como mártir no dia 28 de junho de 202, em Lyon

Obras Teológicas de Irineu
Irineu é tido como o fundador da teologia cristã, por ter tratado de grande quantidade de temas cristãos, alguns dos quais receberam dele a primeira elaboração. Irineu é um homem de síntese, o primeiro teólogo dogmático, mesmo sem ser especulativo.
Ireneu escreveu em grego a sua obra, que lhe assegurou lugar de prestígio excepcional na literatura cristã devido, não só, às questões religiosas controversas de importância capital que abordou, bem como por mostrar o testemunho de um contemporâneo das primeiras gerações cristãs. Nada do que escreveu chegou a nós no texto original, mas muitos fragmentos existem e citações em escritores posteriores como Hipólito de Roma e Eusébio de Cesareia.
Duas de suas principais obras chegaram até aos dias de hoje em suas versões latinas e arménias: a primeira é a "Exposição e refutação do pretenso conhecimento", em português conhecida como Contra Heresias por ser frequentemente conhecida e citada pelo seu nome latino de Adversus haereses.
É uma obra para combater o gnosticismo. Em seus cinco livros, expõe de início as doutrinas gnósticas, com referências às suas distintas seitas e escolas nascidas nas comunidades cristãs. Ao refutar as versões mais importantes (de Valentim, de Basílides e de Marcião de Sinope) Ireneu frequentemente opõe a elas a verdadeira doutrina da Igreja da sua época, dando-nos, deste modo - pelo seu recurso à razão, à doutrina da Igreja e à Bíblia -, testemunhos indirectos e directos relevantes acerca do que então era tido como a doutrina eclesiástica. Aborda, ainda, passagens muito comentadas pelos teólogos que dizem respeito ao Evangelho segundo João, à Eucaristia e à primazia da Igreja Romana. Ireneu termina esta obra defendendo a ressurreição da carne, escândalo máximo para os gnósticos. Dos originais restaram fragmentos, e há traduções latinas e armênias.
No livro I, Ireneu fala sobre os valentianos e seus precursores, cujas raízes vão até Simão Mago. No segundo livro, ele tenta provar que o valentianismo não tem mérito algum em suas doutrinas. Já no terceiro livro, Ireneu propõe que essas doutrinas são falsas com base em evidências obtidas dos Evangelhos. No livro quarto, Ireneu reforça a união do Antigo Testamento e os Evangelhos ao mesmo tempo que fornece um conjunto de ditos de Jesus. No último livro, ele se concentra em mais ditos de Jesus e também em cartas de Paulo de Tarso.
Até a descoberta, em 1945, da chamada Biblioteca de Nag Hammadi, esta obra de Ireneu era a melhor descrição das correntes gnosticas do início da era cristã. De acordo com alguns estudiosos bíblicos, os achados de Nag Hammadi demonstraram que as descrições de Ireneu sobre o gnosticismo são muito incorretas e polêmicas em sua natureza. Embora correto em alguns detalhes sobre as crenças dos diversos grupos, o principal objetivo de Ireneu era advertir os cristãos contra o gnosticismo em vez de descrever corretamente suas crenças. Ele descreveu os grupos gnósticos como libertinos, por exemplo, quando algumas de suas próprias obras advogavam a castidade com mais fervor do que as ortodoxas. Porém, pelo menos um estudioso, Rodney Stark, alega que a mesma Biblioteca de Nag Hammadi prova que Ireneu estava correto.
Parece que a crítica de Ireneu contra os gnósticos era exagerada, o que provocou sua rejeição pelos estudiosos por um longo tempo. Como exemplo, ele escreveu:
Eles declaram que Judas, o traidor, era perfeitamente familiar com estas coisas e que, ele, sozinho, sabendo da verdade como ninguém mais, realizou o mistério da traição. Através dele todas as coisas foram então atiradas em confusão. Eles então produziram uma história fictícia deste tipo, que chamaram de Evangelho de Judas.
Estas alegações se mostraram verdadeiras no texto do Evangelho de Judas, onde Jesus pediu a Judas o traísse. Sobre as incorreções de Ireneu sobre as libertinagens sexuais entre os gnósticos, é claro que eles não eram um grupo coeso, mas um conjunto de seitas. Alguns eram realmente libertinos, considerando a existência corporal como sem nenhum sentido. Outros, pelo mesmo motivo, prezavam a castidade ainda mais fortemente que a cristandade, chegando ao ponto de banir o casamento e toda atividade sexual.
A sua segunda obra é a "Exposição ou Prova do Ensinamento Apostólico", breve texto, cujo conteúdo corresponde na perfeição ao seu título. Há dela uma muito antiga tradução, literal, em armênio descoberta em 1904. Ireneu não quer nela refutar as heresias, mas confirmar aos fiéis a exposição da doutrina cristã, sobretudo ao demonstrar a verdade do Evangelho por meio de profecias do Velho Testamento. Embora não contenha nada do que já não tenha sido dito em Adversus haereses, é um documento de grande interesse e magnífico testemunho da fé profunda e viva de Ireneu.
Do restante da sua obra seguinte, apenas existem fragmentos espalhados. Muitos só se conhecem por menção a eles feita por outros escritores. São eles:
·         um tratado contra os gregos, intitulado "Sobre o Conhecimento", mencionado por Eusébio de Cesareia
·         um documento dirigido ao sacerdote romano Florinus "Sobre a Monarquia, ou como Deus não é a causa do Mal" com fragmento na "História Eclesiástica" de Eusébio
·         um documento "Sobre Ogdoad", provavelmente contra a Ogdóade do gnóstico Valetim escrito para o mesmo supra-citado sacerdote Florinus, que aderira à seita dos valentianos do qual há fragmento em Eusébio
·         um tratado sobre o cisma dirigido a Blastus (mencionado por Eusébio)
·         uma carta ao papa Vítor I contra o sacerdote romano Florinus (fragmento em siríaco)
·         outra carta ao mesmo papa sobre a controvérsia pascal (da qual há trechos em Eusébio)
·         cartas a vários correspondentes sobre o mesmo tema (mencionadas por Eusébio; fragmento preservado em siríaco)
·         um livro com numerosos discursos, provavelmente uma coleção de homilias (mencionado por Eusébio).

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