sábado, 27 de março de 2021

Formação para a Páscoa do Senhor - Sobre a Ressurreição de Cristo - Santo Agostinho, Bispo de Hipona (354-430)

Formação para a Páscoa do Senhor

Sobre a Ressurreição de Cristo

Santo Agostinho, Bispo de Hipona (354-430)

 


Na Vigília da Páscoa

1.      O bem-aventurado apóstolo Paulo, exortando-nos a que o imitemos, dá entre outros sinais de sua virtude o seguinte: "frequente nas vigílias" 1.

2.      Com quanto maior júbilo não devemos também nós vigiar nesta vigília, que é como a mãe de todas as santas vigílias, e na qual o mundo todo vigia?

3.      Não o mundo, do qual está escrito: "Se alguém amar o mundo, nele não está a caridade do Pai, pois tudo o que há no mundo é concupiscência dos olhos e ostentação do século, e isto não procede do Pai" 2.

4.      Sobre tal mundo, isto é, sobre os filhos da iniqüidade, reinam o demônio e seus anjos. E o Apóstolo diz que é contra estes que se dirige a nossa luta: "Não contra a carne e o sangue temos de lutar, mas contra os principados e as potestades, contra os dominadores do mundo destas trevas" 3.

5.      Ora, maus assim fomos nós também, uma vez; agora, porém, somos luz no Senhor. Na Luz da Vigília resistamos, pois, aos dominadores das trevas.

6.      Não é, portanto, esse o mundo que vigia na solenidade de hoje, mas aquele do qual está escrito: "Deus estava reconciliando consigo o mundo, em Cristo, não lhe imputando os seus pecados" 4.

7.      E é tão gloriosa a celebridade desta vigília, que compele a vigiarem na carne mesmo os que, no coração, não digo dormirem, mas até jazerem sepultos na impiedade do tártaro.

8.      Vigiam também eles esta noite, na qual visivelmente se cumpre o que tanto tempo antes fora prometido: "E a noite se iluminará como o dia" 5.

9.      Realiza-se isto nos corações piedosos, dos quais se disse: "Fostes outrora trevas, mas agora sois luz no Senhor". Realiza-se isto também nos que zelam por todos, seja vendo-os no Senhor, seja invejando ao Senhor.

10.  Vigiam, pois, esta noite, o mundo inimigo e o mundo reconciliado. Este, liberto, para louvar o seu Médico; aquele, condenado, para blasfemar o seu Juiz.

11.  Vigia um, nas mentes piedosas, ferventes e luminosas; vigia o outro, rangendo os dentes e consumindo-se. Enfim, ao primeiro é a caridade que lhe não permite dormir, ao segundo, a iniquidade; ao primeiro, o vigor cristão, ao segundo o livor (mancha) diabólico. Portanto, pelos nossos próprios inimigos sem o saberem eles, somos advertidos de como devamos estar hoje vigiando por nós, se por causa de nós não dormem também os que nos invejam.

12.  Dentre ainda os que não estão assinalados com o nome de cristãos, muitos são os que não dormem esta noite por causa da dor, ou por vergonha. Dentre os que se aproximam da fé, há os que não dormem por temor.

13.  Por motivos vários, pois, convida hoje à vigília a solenidade (da Páscoa). Por isso, como não deve vigiar com alegria aquele que é amigo de Cristo, se até o inimigo o faz, embora contrariado?

14.  Como não deve arder o cristão por vigiar, nessa glorificação tão grande de Cristo, se até o pagão se envergonha de dormir?

15.  Como não deve vigiar em sua solenidade, o que já ingressou nesta grande Casa, se até o que apenas pretende nela ingressar já vigia?

16.  Vigiemos, e oremos; para que tanto exteriormente quanto interiormente celebremos esta Vigília.

17.  Deus nos falará durante as leituras; falemos-lhe também nós em nossas preces. Se ouvimos obediente as suas palavras, em nós habita Aquele a. quem oramos.

NOTAS:

1 2Cor 11,27

2 1]0 2,15

3 Ef 6,12

4 2Cor 5,19

5 SI 138,12.

 

Sobre a Ressurreição de Cristo, segundo São Marcos

 

18.  A ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo lê-se estes dias, como é costume, segundo cada um dos livros do santo Evangelho. Na leitura de hoje ouvimos Jesus Cristo censurando os discípulos, primeiros membros seus, companheiros seus: porque não criam estar vivo aquele mesmo por cuja morte choravam.

19.  Pais da fé, mas ainda não fiéis; mestres - e a terra inteira haveria de crer no que pregariam, pelo que, aliás, morreriam - mas ainda não criam.

20.  Não acreditavam ter ressuscitado aquele que haviam visto ressuscitando os mortos. Com razão, censurados: ficavam patenteados a si mesmos, para saberem o que seriam por si mesmos os que muito seriam graças a ele.

21.  E foi deste modo que Pedro se mostrou quem era: quando iminente a Paixão do Senhor, muito presumiu; chegada a Paixão, titubeou. Mas caiu em si, condoeu-se, chorou, convertendo-se a seu Criador.

22.  Eis quem eram os que ainda não criam, apesar de já verem. Grande, pois, foi a honra a nós concedida por aquele que permitiu crêssemos no que não vemos! Nós cremos pelas palavras deles, ao passo que eles não criam em seus próprios olhos.

23.  A ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo é a vida nova dos que creem em Jesus, e este é o mistério da sua Paixão e Ressurreição, que muito devíeis conhecer e celebrar. Porque não sem motivo desceu a Vida até a morte. Não foi sem motivo que a fonte da vida, de onde se bebe para viver, bebeu desse cálice que não lhe convinha. Por que a Cristo não convinha a morte.

24.  De onde veio a morte?

25.  Vamos investigar a origem da morte. O pai da morte é o pecado.

26.  Se nunca houvesse pecado ninguém morreria. O primeiro homem recebeu a lei de Deus, isto é, um preceito de Deus, com a condição de que se o observasse viveria e se o violasse morreria. Não crendo que morreria, fez o que o faria morrer; e verificou a verdade do que dissera quem lhe dera a lei. Desde então, a morte.

27.  Desde então, ainda, a segunda morte, após a primeira, isto é, após a morte temporal a eterna morte. Sujeito. a essa condição de morte, a essas leis do inferno, nasce todo homem; mas por causa desse mesmo homem, Deus se fez homem, para que não perecesse o homem. Não veio, pois, ligado às leis da morte, e por isso diz o Salmo: "Livre entre os mortos" 1.

28.  Concebeu-o, sem concupiscência, uma Virgem; como Virgem deu-lhe à luz, Virgem permaneceu. Ele viveu sem culpa, não morreu por motivo de culpa, comungava conosco no castigo mas não na culpa.

29.  O castigo da culpa é a morte. Nosso Senhor Jesus Cristo veio morrer, mas não veio pecar; comungando conosco no castigo sem a culpa, aboliu tanto a culpa como a castigo. Que castigo aboliu? O que nos cabia após esta vida. Foi assim crucificado para mostrar na cruz o fim do nosso homem velho; e ressuscitou, para mostrar em sua vida, como é a nossa vida nova. Ensina-o o Apóstolo: "Foi entregue por causa dos nossos pecados, ressurgiu por causa da nossa justificação" 2.

30.  Como sinal disto, fora dada outrora a circuncisão aos patriarcas: no oitavo dia todo indivíduo do sexo masculino devia ser circuncidado. A circuncisão fazia-se com cutelos de pedra: porque Cristo era a pedra. Nessa circuncisão significava-se a espoliação da vida carnal a ser realizada no oitavo dia pela Ressurreição de Cristo. Pois o sétimo dia da semana é o sábado; no sábado o Senhor jazia no sepulcro, sétimo dia da semana. Ressuscitou no oitavo.

31.  A sua Ressurreição nos renova. Eis por que, ressuscitando no oitavo dia, nos circuncidou.

32.  É nessa esperança que vivemos. Ouçamos o Apóstolo dizer: "Se ressuscitastes com Cristo..." 3 Como ressuscitamos, se ainda morreremos?

33.  Que quer dizer o Apóstolo: "Se ressuscitastes com Cristo?" Acaso ressuscitariam os que não tivessem antes morrido? Mas falava aos vivos, aos que ainda não morreram... os quais, contudo, ressuscitaram: que quer dizer?

34.  Vede o que ele afirma: "Se ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus, saboreai o que é do alto, não o que está sobre a terra. Porque estais mortos!"

35.  É o próprio Apóstolo quem está falando. Ora, ele diz a verdade, e, portanto, digo-a também eu... E por que também a digo? "Acreditei e por causa disto falei" 4.

36.  Se vivemos bem, é que morremos e ressuscitamos. Quem, porém, ainda não morreu, também não ressuscitou, vive mal ainda; e se vive mal, não vive: morra para que não morra. Que quer dizer: morra para que não morra? Converta-se, para não ser condenado.

37.  "Se ressuscitastes com Cristo", repito as palavras do Apóstolo, "procurai o que é do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus, saboreai o que é do alto, não o que é da terra. Pois morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.

38.  Quando Cristo, que é a vossa vida, aparecer, então também aparecereis com ele na glória". São palavras do Apóstolo. A quem ainda não morreu, digo-lhe que morra; a quem ainda vive mal, digo-lhe que se converta. Se vivia mal, mas já não vive assim, morreu; se vive bem, ressuscitou.

39.  Mas, que é viver bem? Saborear o que está no alto, não o que sobre a terra. Até quando és terra e à terra tornarás? Até quando lambes a terra? Lambes a terra, amando-a, e te tornas inimigo daquele de quem diz o Salmo: "os inimigos dele lamberão a terra" 5.

40.  Que éreis vós? Filhos de homens. Que sois vós? Filhos de Deus.

41.  O filhos dos homens, até quando tereis o coração pesado? Por que amais a vaidade e buscais a mentira?

42.  Que mentira buscais? O mundo.

43.  Quereis ser felizes, sei disto. Dai-me um homem que seja ladrão, criminoso, fornicador, malfeitor, sacrílego, manchado por todos os vícios, soterrado por todas as torpezas e maldades, mas não queira ser feliz. Sei que todos vós quereis viver felizes, mas o que faz o homem viver feliz, isso não quereis procurar.

44.  Tu, aqui, buscas o ouro, pensando que com o ouro serás feliz; mas o ouro não te faz feliz. Por que buscas a ilusão? E com tudo o mais que aqui procuras, quando procuras mundanamente, quando o fazes amando a terra, quando o fazes lambendo a terra, sempre visas isto: ser feliz.

45.  Ora, coisa alguma da terra te faz feliz. Por que não cessas de buscar a mentira? Como, pois, haverás de ser feliz? "O filhos dos homens, até quando sereis pesados de coração, vós que onerais com as coisas da terra o vosso coração?" 6 Até quando foram os homens pesados de coração? Foram-no antes da vinda de Cristo, antes que ressuscitasse o Cristo. Até quando tereis o coração pesado? E por que amais a vaidade e procurais a mentira? Querendo tornar-vos felizes, procurais as coisas que vos tornam míseros! Engana-vos o que desejais, é ilusão o que buscais.

46.  Queres ser feliz? Mostro-te, se te agrada, como o serás. Continuemos ali adiante (no versículo do Salmo): "Até quando sereis pesados de coração? Por que amais a vaidade e buscais a mentira?" "Sabei" - o quê? - "que o Senhor engrandeceu o seu Santo" 7.

47.  O Cristo veio até nossas misérias, sentiu a fome, a sede, a fadiga, dormiu, realizou coisas admiráveis, padeceu duras coisas, foi flagelado, coroado de espinhos, coberto de escarros, esbofeteado, pregado no lenho, transpassado pela lança, posto no sepulcro; mas no terceiro dia ressurgiu, acabando-se o sofrimento, morrendo a morte.

48.  Eis, tende lá os vossos olhos na ressurreição de Cristo; porque tanto quis o Pai engrandecer o seu Santo, que o ressuscitou dos mortos e lhe deu a honra de se assentar no Céu à sua direita. Mostrou-te o que deves saborear se queres ser feliz, pois aqui não o poderás ser. Nesta vida não podes ser feliz, ninguém o pode.

49.  Boa coisa a que desejas, mas não nesta terra se encontra o que desejas. Que desejas? A vida bem-aventurada. Mas aqui não reside ela.

50.  Se procurasses ouro num lugar onde não houvesse, alguém, sabendo da sua não existência, haveria de te dizer: "Por que estás a cavar? Que pedes à terra? Fazes uma fossa na qual hás de apenas descer, na qual nada encontrarás!"

51.  Que responderias a tal conselheiro? "Procuro ouro". Ele te diria: "Não nego que exista o que desejas, mas não existe onde o procuras".

52.  Assim também, quando dizes: "Quero ser feliz" . Boa coisa queres, mas aqui não se encontra. Se aqui a tivesse tido o Cristo, igualmente a teria eu. Vê o que ele encontrou nesta região da tua morte: vindo de outros paramos, que achou aqui senão o que existe em abundância? Sofrimentos, dores, morte.

53.  Comeu contigo do que havia na cela de tua miséria. Aqui bebeu vinagre, aqui teve fel. Eis o que encontrou em tua morada.

54.  Contudo, convidou-te à sua grande mesa, à mesa do Céu, à mesa dos anjos, onde ele mesmo é o pão. Descendo até cá, e tantos males recebendo de tua cela, não só não rejeitou a tua mesa, mas prometeu-te a sua.

55.  E que nos diz ele?

56.  "Crede, crede que chegareis aos bens da minha mesa, pois não recusei os males da vossa".

57.  Tirou-te o mal e não te dará o seu bem? Sim, da-lo-á. Prometeu-nos sua vida, mas é ainda mais incrível o que fez: ofereceu-nos a sua morte. Como se dissesse: "À minha mesa vos convido. Nela ninguém morre, nela está a vida verdadeiramente feliz, nela o alimento não se corrompe, mas refaz e não se acaba.

58.  Eis para onde vos convido, para a morada dos anjos, para a amizade do Pai e do Espírito Santo, para a ceia eterna, para a fraternidade comigo; enfim, a mim mesmo, à minha vida eu vos conclamo! Não quereis crer que vos darei a minha vida? Retende, como penhor a minha morte".

59.  Agora, pois, enquanto vivemos nesta carne corruptível, morramos com Cristo pela conversão dos costumes, vivamos com Cristo pelo amor da justiça.

60.  Não haveremos de receber a vida bem-aventurada senão quando chegarmos àquele que veio até nós, e quando começarmos a viver com aquele que por nós morreu.

 

NOTAS:

1 SI 87

2 Rm 4,25

3 Cl 3,1

4 SI 115

5 SI 71,9

6 SI 4,3

7 Ibid

FONTE:

GOMES, C. Folch Antologia dos Santos Padres. São Paulo- Ed. Paulinas 1979

  

161 - Eusébio de Cesareia (265-339) - História dos Martírios na Palestina - A Confissão de Antoninus, Zebinas, Germanus e Mannathus

 


161

Eusébio de Cesareia (265-339)

História dos Martírios na Palestina

A Confissão de Antoninus, Zebinas, Germanus e Mannathus

 


A CONFISSÃO DE ANTONINUS E ZEBINAS E GERMANUS E MANNATHUS (Gr. Ennathas ) NO SEXTO ANO DA PERSEGUIÇÃO NOS NOSSOS DIAS NA CAESAREA.

E, decorrido algum tempo depois destas coisas que relatei, outro grupo de mártires de Deus, no total de cento e trinta, foi enviado da terra do Egito para o nosso país. 

E todos esses também haviam sofrido as mesmas torturas nos olhos e nas pernas que os antigos mártires; e alguns deles foram enviados para as minas da Palestina, e alguns deles foram entregues aos juízes na Cilícia para serem castigados com torturas injuriosas e insultuosas. 

Mas de nós a chama da perseguição cessou um pouco, a espada tendo sido saciada com o sangue dos santos mártires; e um pouco de descanso e cessação colocaram um certo freio na perseguição que ocorreu em nossos dias. 

E continuamente o flagelo de Deus foi enviado sobre Maximinus, o tirano perverso, de todos esses males, dos quais os governadores dos países foram os instrutores e ministros astutos, e aquele duque que era o general do exército dos romanos. 

E por causa das coisas que aconteceram, eles incitaram a Logistae (oficio de fiscalizar e controlar o dinheiro público) das cidades, e o comandante militar, e os Tabulari (o funcionário público que, além de acumular as funções de contador da administração pública e registrador das declarações de nascimento (e tudo o que se referia ao estado civil das pessoas), realizava inventários de caráter público e particular) a reconstruírem com diligência o que havia caído dos templos de ídolos, e obrigar todos os homens, juntamente com suas esposas e crianças e escravos, e mesmo as crianças no peito, para sacrificar e oferecer libações aos demônios, e também para forçá-los a comer dos sacrifícios. 

E foi dado um comando para que tudo o que fosse vendido no mercado fosse poluído com as libações e a aspersão do sangue dos sacrifícios. 

Quando essas coisas, portanto, foram feitas desta maneira, essas ações que foram realizadas foram abominadas, até mesmo pelos pagãos que não tinham fé.

Grande tumulto, portanto, e consternação, como nunca antes, dominou todos aqueles que nos pertenciam em todos os lugares; e as almas de cada um foram colocadas em aflições e problemas. 

Mas o Divino Poder, por causa das coisas que aconteceram, deu ânimo aos que Lhe pertenciam, para que pudessem pisar nas ameaças dos juízes e representar as suas torturas.

Mas alguns servos do povo de Cristo, que na estatura de seus corpos eram apenas jovens, mas sua alma estava armada com o culto a Deus, ambos vieram por si mesmos, e quando o governador estava oferecendo libações aos ídolos no meio da cidade, precipitou-se repentinamente sobre ele e exortou-o a abandonar seu erro, pois não há outro Deus senão um, o Criador e Criador de todas as coisas.

E quando lhes perguntaram quem eram, confessaram que eram cristãos. 

Assim, então, essas palavras foram pronunciadas e eles receberam a sentença de morte, e assim foram passadas facilmente e sem demora para Aquele em quem fizeram sua confissão. 

O nome do primeiro deles era Antonino, o segundo se chamava Zebinas e o nome do terceiro era Germano; e essas coisas foram feitas no dia treze de Teshri.

E eles tinham ao mesmo tempo uma companheira, uma irmã, uma das virgens do Senhor, uma donzela casta e corajosa, que veio da cidade de Baishan. 

Ela, entretanto, não agiu da mesma maneira que aqueles com quem ela se tornou confessora; pois ela havia sido trazida à força de Baishan e sofreu insultos e torturas cruéis do juiz antes de ser condenada. 

Mas um dos que foi colocado nas ruas da cidade foi o criador desses males. 

Seu nome era Maxys e ele provou a todos os homens que era pior até do que seu nome. 

Esta mesma mulher abençoada ele despiu, e ela só ficou coberta da virilha para baixo, a fim de que ele pudesse se permitir seus olhos lascivos olhando para o resto de seus membros; e ele a carregou por toda a cidade, sendo torturado com correias.

O governador, onde com grande ousadia de falar ela fez a confissão de sua fé - que ela era uma cristã; e ali também exibiu sua coragem e paciência sob todo tipo de tortura; foi posteriormente entregue pelo governador para ser queimada com fogo. 

Além disso, o mesmo juiz tornou-se dia a dia mais feroz, exibindo sua disposição impiedosa e crueldade, e ele foi levado até além das leis da natureza, de modo que ele exerceu sua vingança e ódio até mesmo sobre os cadáveres sem vida dos cristãos, e proibiu seu enterro. 

E desta mesma donzela de quem acabamos de falar, e daquelas que no mesmo dia foram consumadas pela confissão, foram emitidas ordens para que seus corpos fossem devorados por animais e cuidadosamente guardados noite e dia até que fossem consumidos por pássaros. 

Pessoas foram, portanto, designadas para vigiar essa ordem bárbara à distância e para manter a guarda para evitar que os corpos dos confessores fossem levados por nós furtivamente. 

E as feras do campo, e os cães, e as aves do céu, estavam aqui e ali rasgando a carne dos homens, de modo que os ossos e as entranhas dos homens foram encontrados até mesmo no meio da cidade; e todos os homens estavam vestidos de tristeza por causa dessas coisas, porque nunca antes tais atrocidades haviam sido cometidas.

E grande tristeza e tristeza sobreveio até mesmo sobre aqueles que eram alheios a nós na fé, por causa dessas coisas que seus próprios olhos viram.

Quando, portanto, as coisas continuaram assim por muitos dias, aconteceu no meio da cidade um prodígio em que dificilmente se acreditará. 

A atmosfera estava perfeitamente calma e clara, quando, de repente, muitas das colunas dos pórticos da cidade emitiram manchas como se fossem de sangue, enquanto os mercados e as ruas ficaram aspergidos e molhados como com água, embora nem uma única gota caiu do céu. 

E foi declarado pela boca de cada um que as pedras derramaram lágrimas e a terra chorou; pois mesmo as pedras sem sentido e o solo sem sentimento não poderiam suportar esse ato imundo e bárbaro; e que o sangue que escorria das pedras, e a terra que sem nenhuma chuva emitiu como se fossem lágrimas de seu corpo, repreendeu todos aqueles ímpios. 

E talvez possa parecer aos que não viram com seus próprios olhos as coisas que descrevi, que o que contei deve ser atribuído a uma fábula desprovida de verdade. 

Longe disso, porque essas coisas que descrevemos foram realmente vistas por aqueles que viviam naquela época, alguns dos quais estão vivos até hoje.

Tal foi então a consumação daqueles santos mártires de Deus; cujas lutas e conflitos contra o erro foram exibidos diante de nossos olhos.

 

O que você destaca no texto e como este encontro serviu para sua espiritualidade?

 

 

 

domingo, 21 de março de 2021

160 - Eusébio de Cesareia (265-339) - História dos Martírios na Palestina - A Confissão de Paulo, Valentina e Hatha

 

160

Eusébio de Cesareia (265-339)

História dos Martírios na Palestina

A Confissão de Paulo, Valentina e Hatha

 


A CONFISSÃO DE PAULUS, VALENTINA E HATHA, NO SEXTO ANO DA PERSEGUIÇÃO NOS NOSSOS DIAS NA CAESAREA.

 

Até o sexto ano da perseguição que havia em nossos dias, a tempestade que se levantara contra nós continuava forte; e grandes multidões de confessores estavam nas minas chamadas de Porfiritas, na região de Tebas, que fica ao lado do Egito; e por causa do mármore púrpura que está naquela terra, o nome de Porfirites também foi dado aos que se ocuparam em cortá-lo. 

Este nome, portanto, foi também estendido para aquelas grandes multidões de confessores que estavam sob sentença de condenação em toda a terra do Egito: pois havia cem mártires lá. 

E esses confessores foram enviados, os homens juntamente com as mulheres e crianças, ao governador da Palestina, cujo nome era Firmillianus. 

Pois ele havia substituído o governador Urbanus em seu gabinete, e ele não era um homem de nenhuma maneira pacífico; na verdade ele até superou seu predecessor em ferocidade, tendo sido um soldado que tinha estado na guerra e tinha muita experiência em sangue e luta.

Há uma grande cidade na terra da Palestina, repleta de população, da qual todos os habitantes eram judeus. 

É chamado na língua aramaica Lud, e no grego é chamado Diocaesarea. 

Para esta cidade o governador Firmillianus foi, e levou para lá toda a assembléia daqueles cem confessores. 

E este foi um grande espetáculo que bem merece ser registrado por escrito. 

E os judeus eram espectadores desta luta maravilhosa, tendo cercado o local do julgamento por todos os lados; e como se fosse uma repreensão a si mesmos, eles olharam com seus próprios olhos o que acontecia, enquanto todo o grupo dos confessores, com muita confiança e imensa coragem, faziam sua confissão de fé no Cristo de Deus. 

E eles sendo judeus, a quem a vinda daquele Cristo havia sido predita por seus profetas, cuja vinda seus pais esperavam, não o tinha recebido quando ele veio; mas esses egípcios, que haviam sido inimigos de Deus no passado, confessaram, mesmo em meio às perseguições, sua fé em Deus, o Senhor de todos, e no (Cristo) manifestado. 

E esses egípcios, que haviam sido ensinados por seus pais a adorar apenas ídolos, estavam naquela época, pela convicção de sua razão, passando por esse conflito, a fim de evitarem a adoração de ídolos; enquanto aqueles judeus, que sempre foram acusados ​​por seus profetas por causa de sua adoração a ídolos, os cercaram, parando e olhando, e ouvindo os egípcios repudiarem os deuses de seus próprios pais e confessarem sua fé no mesmo Deus como eles também fizeram; e testemunharem Aquele a quem muitas vezes negaram. 

E eles foram ainda mais “cortados” e “cortados”, quando ouviram os clamores do governador gritando e chamando os egípcios por nomes hebraicos, e se dirigindo a eles com os nomes dos profetas. 

Pois o pregoeiro, gritando em voz alta, chamou-os e disse: Elias, Isaías, Jeremias, Daniel e outras denominações semelhantes a estas, que seus pais tinham escolhido entre os hebreus, para que eles pudessem chamar seus filhos pelos nomes dos profetas. 

Além disso, também aconteceu que seus atos correspondiam a seus nomes; e os judeus se maravilharam muito com eles e com seus nomes, bem como com suas palavras e atos, tornando-se eles próprios desprezíveis tanto por seus próprios vícios quanto por sua infidelidade. 

E eu mesmo estou convencido de que essas coisas não foram feitas sem a vontade de Deus. 

Porém, após esta prova, eles foram privados do uso de sua perna esquerda, por terem os músculos do joelho cauterizados com fogo, e então eles tiveram seus olhos direitos cegados com a espada e então destruídos pelo fogo. 

E não eram apenas homens que suportaram essas coisas, mas realmente crianças e muitas mulheres. 

E depois disso, eles foram entregues às minas de cobre para ver as aflições ali.

E depois de pouco tempo, os três homens da Palestina, a quem mencionei há pouco como tendo sido entregues aos Ludus, foram chamados a sofrer sofrimentos semelhantes, porque não queriam tirar o alimento da provisão real, nem se entregariam àquele exercício e instrução que eram requisitos para o pugilismo.

Eles sofreram muitos males que não somos competentes para descrever: e no final de todas as suas aflições eles sofreram esta severa sentença. 

E outros na cidade de Gaza, tendo o hábito de se reunir para orar e sendo constante na leitura das Sagradas Escrituras, foram apreendidos e tiveram que suportar os mesmos sofrimentos que seus companheiros, sendo torturados nas pernas e nos olhos. 

Outros também tiveram que lutar em conflitos ainda maiores do que estes, e depois de terem sido torturados nas pernas e nos olhos, foram severamente rasgados nas laterais com pentes. 

E outros mais do que estes alcançaram esta grande excelência e, no final de tudo, lutaram contra a própria morte.

E quando ele se afastou deles, ele veio para julgar alguém que, embora uma mulher em corpo, era um heroína na bravura de espírito, que ela possuía.

Ela também era virgem no seu modo de vida, e não suportou a ameaça de poluição que ouviu, mas imediatamente proferiu palavras duras contra o imperador tirânico, por ter dado autoridade a um  juiz vil e perverso. 

Por causa disso, portanto, ele em primeiro lugar machucou todo o corpo dela com feridas; então ela foi pendurada e seus lados foram lacerados; e isso não apenas uma vez, mas duas e três vezes em uma hora, e por um longo tempo e também repetidamente, até que aqueles que infligiram a punição ficaram cansados; então outros os sucederam contra ela e, às ordens do furioso governador, torturaram-na mais severamente. 

Pois esses juízes eram bárbaros em suas maneiras e inimigos em seus corações. 

Além disso, aconteceu que enquanto este furioso juiz estava insultando essa garota com suas torturas, outra jovem, pequena na verdade em pessoa, mas corajosa na alma - pois ela era possuída por uma mente grande, que fornecia força à pequenez de sua pessoa - não sendo mais capaz de tolerar a maldade e crueldade daquelas coisas que foram infligidas a sua irmã, gritou no meio da multidão de pessoas que estavam diante do governador, e chorou reclamando.

E disse: Por quanto tempo você pretende rasgar minha irmã em pedaços de uma maneira tão cruel e impiedosa? 

E quando o ímpio Firmillianus ouviu isso, ele ficou amargamente indignado e deu ordens para que a jovem que reclamara fosse apresentada a ele. 

Seu nome era Valentina. Portanto, tendo-a pegado, eles a levaram para o meio do lugar de julgamento. 

Mas ela colocou sua confiança no santo nome de Jesus. 

Então o governador assassino em sua fúria ordenou que ela oferecesse sacrifício. 

Mas a donzela Valentina desprezou a palavra até do ameaçador. 

Então ele deu ordem para aqueles que estavam ministrando à sua vontade que agarrassem a moça à força e a levassem para o lado do altar, para que ela pudesse ser contaminada pelos sacrifícios. 

Então, naquele momento de terror a nobre donzela mostrou a coragem de sua mente, e deu um chute no altar com seu pé, e ele foi virado, e; o fogo que havia sido aceso nele foi espalhado; e porque ela fez todas essas coisas sem demonstrar nenhum medo.

A raiva do governador foi despertada como uma fera, e ele deu ordem para que ela fosse torturada com os pentes, sem qualquer piedade, como nenhum homem tinha sido dilacerado.

Eu acho que, se fosse possível, ele teria até devorado-a e levado-a para o lado do altar, para que ela seja contaminada pelos sacrifícios. 

E quando finalmente sua fúria foi satisfeita com a visão de seu sangue, e ele aprendeu, tanto por atos quanto por palavras, quão divino é aquele poder invencível que arma e fortalece até mesmo as meninas com coragem e valor.

Ele mandou que ambas as jovens, Hatha e Valentina, fossem ligadas, e deu sentença de morte por fogo contra eles. 

O nome da primeira era Hatha, e a casa de seu pai ficava na terra de Gaza; e a outra era de Cesaréia, nossa própria cidade, e ela era bem conhecida por muitos, e seu nome era Valentina.

E depois disso, o confessor Paulo foi chamado para o conflito. 

E ele também suportou bravamente, e na mesma hora foi condenado à morte, e sua sentença foi decapitado pela espada. 

Quando, então, este homem abençoado chegou ao local da execução onde seria executado, ele rogou ao oficial que o decapitaria que tivesse paciência com ele por um tempo; e quando o oficial lhe concedeu este desejo, em primeiro lugar, com uma voz suave e alegre, ele ofereceu ações de graças, e adoração, e glória e súplica a Deus por tê-lo considerado digno dessa vitória. 

Então ele orou por tranquilidade e com paz para nosso povo, e implorou a Deus rapidamente para conceder-lhes a libertação. 

Depois disso, ele ofereceu uma oração por nossos inimigos, os judeus, muitos dos quais naquela época estavam ao seu redor: então ele continuou em sua súplica e orou pelos samaritanos e por aqueles entre os gentios que não tinham conhecimento; ele orou para que eles se convertessem ao conhecimento da verdade. 

Ele também não se importou com aqueles que estavam ao seu redor, mas orou também por eles. 

Que perfeição - que não pode ser descrita – que ele orou até mesmo por aquele juiz que o condenou à morte, e por todos os governantes em todos os lugares; e não só por eles, mas também por aquele oficial que ia lhe decepar a cabeça. 

E enquanto ele estava oferecendo suas súplicas a Deus, os oficiais ouviram-no com seus próprios ouvidos orando por eles, e suplicando a Deus que não lhes responsabilizasse o que eles fizeram a ele. 

E enquanto ele orava por todos com uma voz suplicante, ele virou para toda a multidão que estava parada; e vendo a tristeza e as lágrimas deles; ele então, por sua própria iniciativa, se abaixou e estendeu o pescoço para ser cortado pela espada. O conflito desse mártir vitorioso foi consumado no dia vinte e cinco do mês de Thamuz.

 

O que você destaca no texto e como este encontro serviu para sua espiritualidade?

 

 

 

domingo, 14 de março de 2021

159 - Eusébio de Cesareia (265-339) História dos Martírios na Palestina - O Martírio de Teodosia e Dominus e outros Confessores

 


159

Eusébio de Cesareia (265-339)

História dos Martírios na Palestina

O Martírio de Teodosia e Dominus e outros Confessores

 

 


A CONFISSÃO DE TEODOSIA, UMA VIRGEM DE DEUS,

NO QUINTO ANO DA PERSEGUIÇÃO QUE OCORREU NOS NOSSOS DIAS.

A perseguição em nossos dias foi prolongada até o quinto ano. 

E era o mês de nisã, e o segundo dia do mesmo mês, quando uma virgem piedosa e santa em todas as coisas, uma das virgens do Filho de Deus na cidade de Tiro, que ainda não tinha dezoito anos de idade, por puro amor por aqueles que, por causa de sua confissão de Deus, foram apresentados perante o tribunal do governador.

Ela se aproximou e os saudou, e suplicou-lhes que se lembrassem dela em suas orações; e por causa dessas palavras que ela havia falado para eles, os homens ímpios ficaram cheios de raiva, como se ela tivesse feito algo injusto e impróprio; e os oficiais a prenderam imediatamente e a levaram perante o governador Urbanus, pois ele ainda detinha o poder na Palestina. 

E eu não sei o que aconteceu com ele, mas imediatamente, como alguém muito animado com esta jovem, ele estava cheio de raiva e fúria contra ela, e ordenou que a garota oferecesse sacrifício: e porque ele descobriu, que embora ela fosse apenas uma garota, ela resistiu às ordens imperiais como uma heroína, então este governador selvagem infligiu mais torturas seus lados e em seu peito com os pentes cruéis; e ela foi rasgada nas costelas até que suas entranhas fossem vistas. 

E porque essa garota havia suportado essa punição severa e os pentes sem uma palavra, e ainda sobreviveu, ele novamente ordenou que ela oferecesse sacrifício. 

Ela então ergueu os lábios e abriu os olhos, e olhando em volta com um semblante alegre naquela época de seu sofrimento (pois ela era encantadora na beleza e na aparência de sua figura), em voz alta ela se dirigiu ao governador:

“Por que, oh homem, tu te enganas, e não percebe que encontrei em tuas mãos o que orei para obter? Pois muito me regozijo por ter sido considerado digna de ser admitida na participação dos sofrimentos dos mártires de Deus; pois, na verdade, por esta mesma causa, levantei-me e falei com eles, a fim de que de um modo ou de outro me tornassem um participante de seus sofrimentos, para que eu também pudesse obter uma porção no reino dos céus junto com eles, porque enquanto eu não participasse de seus sofrimentos, eu não poderia ser um participante com eles em sua salvação. Eis, pois, agora, como, por causa da recompensa futura, estou neste momento diante de ti com grande exultação, porque obtive os meios para me aproximar de meu Deus, mesmo diante daqueles homens justos, a quem apenas há pouco tempo implorei para interceder por mim. 

Então aquele juiz perverso, vendo que ele se tornou motivo de chacota, e que suas ameaças arrogantes foram manifestamente humilhadas diante de todos aqueles que estavam em sua presença, não se aventurou a atacar a garota novamente com grandes torturas como a anterior.

E quando ele passou da condenação desta jovem pura, para o resto daqueles confessores, por conta de quem esta abençoada donzela havia sido chamada para esta graça; todos eles foram entregues às minas de cobre na Palestina, sem dizer uma palavra a eles, ou infligir sobre eles qualquer sofrimento ou tortura; pois esta santa menina preveniu todos aqueles confessores por sua conduta corajosa contra o erro, e recebeu em seu próprio corpo, como se estivesse em um escudo, todas as inflições e torturas que lhes eram destinadas, tendo repreendido em sua própria pessoa o inimigo que se opunha eles; e subjugado por sua bravura e paciência o juiz furioso e cruel, e tornou aquele governador feroz como um covarde em relação aos outros confessores. 

Foi no primeiro dia da semana que esses confessores foram condenados em Cesaréia.

 

 

A CONFISSÃO DE DOMNINUS E OUTROS CONFESSORES, NO QUINTO ANO DA PERSEGUIÇÃO NOS NOSSOS DIAS, NA CIDADE DE CAESAREA.

 

Urbanus foi governador da Palestina; e foi o primeiro dia de Teshri; e assim, dia a dia, ele se renovou em sua maldade, e todos os anos preparou alguns planos contra nós. 

Vou, portanto, relatar quantos males ele infligiu neste dia que mencionei. 

No dia, então, de que falamos, um certo homem, admirável em toda a sua conduta e excelentemente hábil na ciência da medicina, ele era um jovem de alta estatura e bonito, e célebre pela santidade de sua vida, e a pureza de sua alma e sua modéstia, e seu nome era Domninus; ele também era bem conhecido por todos os que foram confessores em nosso tempo. 

Além disso, esse mesmo homem, antes de receber a consumação pelo martírio, havia suportado tortura nas minas de cobre.

Quando esse mesmo juiz, astuto em sua maldade (pois não é adequado que aqueles que se gabam da amargura de sua maldade sejam chamados de sábios), passou deste mártir, e encontrou três jovens de excelentes estaturas, e belos em suas pessoas e louváveis em suas almas, por causa de sua coragem em adorar a Deus.

E para que ele pudesse se divertir assim, ele os enviou para o Ludus. 

Então ele passou desses, e entregou um homem excelente e piedoso para ser devorado pelos animais selvagens. 

Então o louco passou deste velho e veio para outros, e ordenou que fossem castrados e transformados em eunucos. 

Então ele os deixou também, e passou para aqueles que pertenciam a Silvano, cuja própria sorte também levou algum tempo para se tornar um mártir de Deus, e estes ele condenou às minas de Ferro. 

Posteriormente, ele passou desses e foi para outros a quem insultou com torturas. 

Nem era fúria de sua malícia contente com os homens, mas ele também ameaçou atormentar as mulheres, e entregou essas virgens aos fornicadores para a violação de suas pessoas. 

Outros novamente ele mandou para a prisão. Agora, todas essas coisas que descrevemos esse juiz arrogante cometeu em uma hora.

E depois de todas essas coisas que descrevi terem sido realizadas, aquele mártir celestial de Deus, Panfilo, um nome muito querido para mim, que era santo em todas as coisas, e adornado com todas as virtudes, foi provado no conflito de martírio. 

Ele foi de fato o mais famoso de todos os mártires de nosso tempo, por causa de suas realizações na filosofia e suas aquisições na literatura sagrada e profana. 

Desse mesmo homem, admirável em todas as coisas, Urbanus primeiro fez uma prova de sua sabedoria com perguntas e respostas; e por fim se esforçou para obrigá-lo por meio de ameaças a oferecer sacrifícios a ídolos mortos.

Quando ele determinou por julgamento que não deveria ser persuadido por palavras, e também percebeu que suas ameaças não foram acatadas por ele, ele aplicou tortura cruel e o dilacerou gravemente em seus lados. 

Mas ele não foi capaz de subjugá-lo dessa forma, como ele esperava. O ímpio juiz então considerou que se ele o prendesse na prisão junto com aqueles confessores de quem já foi feita menção, ele poderia por este meio subjugar este santo mártir.

Agora, quanto a este juiz cruel, que empregou todos esses artifícios perversos contra os confessores de Deus, que recompensa e punição deve aguardá-lo? 

Pois isso é fácil para nós sabermos pelo que estamos escrevendo. Pois imediatamente, e sem qualquer demora, o justo julgamento de Deus o alcançou por causa das coisas que ele ousou fazer, e tomou severa e amarga vingança contra ele; e aquele que sentou na cadeira de juiz no alto em seu orgulho, e se gabou de seus soldados que estavam diante dele, e se considerou acima de todas as pessoas na Palestina, foi em uma noite despojado de todo seu esplendor e todas as suas honras, e reduzido à condição de um indivíduo privado. 

E aqui, em nossa cidade de Cesaréia, onde ele havia perpetrado todos aqueles crimes que foram escritos acima, ele foi pela sentença de Maximinus, morto de forma miserável; e o insulto e a humilhação, que são piores do que todas as mortes, foram lançados sobre ele, de modo que palavras de reprovação das mulheres, com terríveis imprecações da boca de todos, foram derramadas em seus ouvidos antes de morrer.

Portanto, por essas coisas podemos perceber que isso foi um antegozo daquela vingança de Deus que está reservada para ele no final, por causa de toda a sua maldade e impiedade para com os servos de Deus.

Estas coisas relatamos de maneira superficial para aqueles crentes, dos quais alguns ainda permanecem até o presente momento, omitindo relatar muitas aflições que passaram por ele, a fim de que possamos organizar essas coisas brevemente, e em poucas palavras, como um recorde para aqueles que virão depois de nós; mas pode chegar um momento em que podemos recontar em nossa narrativa o fim e a queda daqueles homens ímpios que se esforçaram contra nosso povo.

O que você destaca no texto e como este encontro serviu para sua espiritualidade?