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Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Inácio de Antioquia (35-107)
Carta aos Tralianos
Esta carta foi
escrita em Esmirna onde Policarpo era bispo, aproximadamente em 107 d.C..
Políbio, então bispo de Trália, vai até Esmirna saudar Inácio.
Inácio aproveita a oportunidade para enviar uma
carta à comunidade de Trália.
Podemos perceber
nesta carta que a Igreja já se encontrava organizada em três níveis hieráquicos
distintos: bispo, presbíteros e diáconos.
Como em suas
outras cartas Inácio exorta a comunidade à unidade. Todos devem manter a
unidade, submetendo-se ao bispo, que é a imagem do Pai (Tralianos 3:1). Quem
não está em comunhão com o bispo, não está em comunhão com a Igreja. A comunhão
com a Igreja é a comunhão com Cristo, pois Ela é o seu corpo místico.
Inácio exorta a
comunidade ao cuidado com a heresia, e a importância em se manter fiel ao que é
ensinado oficialmente pela Igreja (Tralianos 6).
Os falsos
mestres que misturam Cristo com suas próprias idéias, são perdição para si e
para seus seguidores (Tralianos 6:2;11:1).
A Eucaristia é o
alimento da fé e do amor, o melhor remédio para as ciladas do diabo (Tralianos
8:1).
O Capítulo 9 foi
de altíssima importância para a história da formação do Simbolo dos apóstolos, o Credo.
Nele está o esquema básico da fé cristã.
Foi
preso em Antioquia na Síria com destino ao Martírio em Roma. Até chegar a Roma,
Inácio foi parando em várias cidades. Quando escreveu esta carta estava em
Esmirna.
A Carta de Inácio aos Tralianos
Inácio, também
chamado Teóforo, à Igreja santa de Trales na Ásia, Igreja amada por Deus, Pai
de Jesus Cristo, eleita e digna de Deus, que possui a paz na carne e no
espírito pela Paixão de Jesus Cristo, nossa esperança na ressurreição que nos
conduzirá a ele. Saúdo-a em toda a plenitude, à maneira dos Apóstolos e lhe
transmito os votos da maior felicidade.
Capítulo I
Convenci-me de vossos sentimentos puros
e intocáveis na paciência; vós os tendes não apenas para uso mas por natureza,
como me esclareceu Políbio, vosso bispo, que compareceu por vontade de Deus e
Jesus Cristo, em Esmirna, para regozijar-se desta forma comigo prisioneiro em
Jesus Cristo. Nele, pude assim contempla toda a vossa comunidade. Tendo pois
experimentado através dele vossa benevolência segundo Deus, eu O glorifiquei,
sabendo-vos imitadores d’Ele.
Capítulo II
Na hora em que vos submeteis ao bispo
como a Jesus Cristo, me dais a impressão de não viverdes segundo os homens, mas
segundo Jesus Cristo, que morreu por nós para fugirdes à morte pela confiança
na morte d’Ele. É mesmo necessário, como alias e de vosso feitio, nada
empreender sem o bispo, mas submeter-vos também ao presbitério como a apóstolos
de Jesus Cristo nossa Esperança, no qual nos encontraremos se assim nos
portarmos. Faz-se igualmente mister que os que são diáconos dos mistérios de
Jesus Cristo agradem a todos em tudo. Pois não é de comidas e bebidas que são
diáconos, mas são servos da Igreja de Deus. Terão que precaver-se pois contra
as acusações, como contra o fogo.
Capítulo III
Da mesma forma deverão todos respeitar
os diáconos como a Jesus Cristo, como também ao bispo que é a imagem do Pai,
aos presbíteros, porém como ao senado de Deus e ao colégio dos apóstolos. Sem
eles, já não se pode falar de Igreja. Estou convencido que em relação a eles
assim procedeis, pois recebi e guardo comigo a prova de vossa caridade na
pessoa de vosso bispo: sua mesma presença se constitui num grande ensinamento,
sua mansidão é um poder. Suponho que os próprios ateus o respeitem. Por amor
vos poupo, embora pudesse escrever com mais veemência sobre o assunto. Não me
atrevi a dar-vos ordens, como se fosse Apóstolo, pois me encontro na condição
de condenado.
Capítulo IV
Chego a pensar muita coisa em Deus, mas
me contenho, para não me perder na vanglória. É exatamente nesta hora que mais
devo cuidar-me, não dando atenção aos que me exaltam, pois enquanto falam estão
a flagelar-me. Amo, é certo, o sofrimento, mas não sei se sou digno dele. Minha
impaciência não transparece aos olhos da multidão, a mim é que me tortura tanto
mais. Necessito assim de mansidão, na qual se aniquila o príncipe deste mundo.
Capítulo V
Não saberia eu descrever-vos as coisas
do céu? Receio, porém, fazer-vos mal, já que sois ainda crianças. Perdoai-me,
se não o faço; não sendo capazes de assimilar, poderíeis sufocar-vos. Pois
também eu, embora prisioneiro e capaz de conhecer coisas celestes, mesmo as
hierarquias dos anjos e os exércitos dos principados, coisas visíveis e
invisíveis, nem por isso ainda sou discípulo. Muito nos falta, para que Deus
não nos chegue a faltar.
Capítulo VI
Exorto-vos, pois – não eu, mas o amor de
Jesus Cristo: Servi-vos tão somente de alimento cristão, abstende-vos de planta
estranha, isto é, de heresia. Misturam Jesus Cristo a si próprios, fazendo
passar-se por dignos de fé, como quem mistura droga mortífera juntamente com
vinho e mel, bebida que o ignorante toma com gosto, mas gosto mau, pois é para
a morte.
Capítulo VII
Cuidai-vos, pois, de tais pessoas.
Fá-lo-eis, se não vos orgulhardes e não vos separardes de Jesus Cristo Deus,
nem do bispo nem das prescrições dos Apóstolos. Quem se encontra no interior
do santuário é puro; quem se encontra fora do santuário não é puro, isto é,
quem pratica alguma coisa sem o bispo, o presbitério e o diácono, este não é
puro em sua consciência.
Capítulo VIII
Não que tivesse conhecimento de algo
assim entre vós; tento sim prevenir-vos como a pessoas queridas, prevendo as
ciladas do diabo. Adotai, pois a mansidão e renovai-vos na fé, que é a carne do
Senhor, e na caridade, que é o sangue de Jesus Cristo. Ninguém dentre vós tenha
algo contra o vizinho. Não deis pretextos aos gentios, para que a comunidade de
Deus não seja injuriada por causa de uns poucos insensatos. Pois ai daquele por
cuja leviandade meu nome for por alguns blasfemado.
Capítulo IX
Mantende-vos surdos na hora em que
alguém vos falar de outra coisa que de Jesus, da descendência de Davi filho de
Maria, o qual nasceu de fato, comeu e bebeu, foi de fato perseguido sob Pôncio
Pilatos, de fato foi crucificado e morreu à vista dos que estão nos céus, na
terra e debaixo da terra. O qual de fato também ressurgiu dos mortos,
ressuscitando-O o próprio Pai. É o mesmo Pai d’Ele que, à Sua semelhança,
ressuscitará em Cristo Jesus aos que cremos n’Ele; fora d’ele, não temos vida
verdadeira.
Capítulo X
Se porém, como afirmam alguns que são
ateus, isto é, sem fé, Ele só tivesse sofrido aparentemente – eles é que só
existem aparentemente – eu por que estou preso, por que peço para combater com
as feras? Morro pois em vão. Estaria então a mentir contra o Senhor.
Capítulo XI
Fugi pois destas plantas parasitas, que
produzem fruto mortífero. Se alguém provar delas morre na hora. Não são pois
eles plantação do Pai. Se o fossem, apareceriam como rebentos da cruz, e seu
fruto seria imperecível. Pela Cruz, Ele vos conclama em sua Paixão como Seus
membros. Não pode uma cabeça nascer sem membros, uma vez que Deus nos promete a
unidade que é Ele próprio.
Capítulo XII
Saúdo-vos de Esmirna, em companhia das
Igrejas de Deus que estão comigo, elas que em todo sentido me confortaram na
carne e no espírito. Meus grilhões, que carrego por amor de Jesus Cristo com o
pedido de que encontre a Deus, vos conclamam: perseverai em vossa concórdia e
na oração comum! Convém que cada um de vós, e de modo particular os
presbíteros, confortem o bispo para a honra do Pai, de Jesus Cristo e dos
Apóstolos. Desejo que me escuteis com amor, para que com minha carta não me
transforme em testemunho contra vós. Rezai também por mim, que preciso de vossa
caridade junto à misericórdia de Deus, para tornar-me digno da herança que me
toca alcançar, para não ser encontrado indigno de recebê-la.
Capítulo XIII
Saúda-vos a caridade dos esmirnenses e
efésios. Lembrai-vos em vossas orações da Igreja na Síria: não mereço
trazer-lhe o nome, pois sou o último dentre eles. Passar bem em Jesus Cristo,
sujeitando-vos ao bispo como ao mandamento do Senhor, e também ao presbitério.
Amai-vos mutuamente, um por um, em coração indiviso. Meu espírito por vós se
empenha, não apenas agora, também quando com Deus me encontrar. Ainda estou em
perigo, mas o Pai é fiel para cumprir em Jesus Cristo o meu e o vosso pedido.
Oxalá vos encontreis irrepreensíveis n’Ele.
Pergunta
ao Grupo:
1.
Qual
o versículo você deseja destacar na carta aos Tralianos?
2.
Quais
contribuições poderemos retirar desta carta para a nossa espiritualidade?