Biografia de Francisco de Assis
Tomás
de Celano
1Celano - Capítulos 20 a 25.
CAPÍTULO
20. Seu desejo de martírio leva-o à Espanha e depois à Síria. Por sua
intercessão, Deus livra os marinheiros do perigo, multiplicando a comida
Ardendo em amor de Deus, o santo pai Francisco
sempre quis empreender as coisas mais difíceis, e percorrendo o caminho dos mandamentos
do Senhor com o coração aberto, queria atingir o cume da perfeição.
No sexto ano de sua conversão, inflamado em veemente
anseio do santo martírio, quis navegar para a Síria, para pregar a fé cristã e
a penitência aos sarracenos e outros infiéis. Tomou um navio que ia para lá,
mas sopravam ventos contrários e foi parar com os outros navegantes na
Esclavônia. Vendo-se frustrado em tão vivo desejo, pediu pouco tempo depois a
uns marinheiros que iam para Ancona que o levassem, porque naquele ano quase
nenhum navio pôde ir para a Síria. Como eles se recusassem firmemente a levá-lo,
porque não podia pagar, o santo confiou muito na vontade do Senhor e entrou
escondido no navio com o seu companheiro. Por providência divina, uma pessoa
que ninguém conhecia chegou trazendo provisões, chamou um homem temente a Deus
que ia no navio e lhe disse: "Leva contigo tudo isto e, quando for
necessário, deverás dá-las fielmente aos pobres que estão escondidos nesse
navio". E assim aconteceu que, levantando-se uma tempestade enorme, passaram
dias lutando com os remos e consumiram todas as provisões, sobrando apenas a
comida do pobre Francisco.
Mas, pela graça e o poder de Deus, essa comida se
multiplicou de tal modo que, embora tenham passado muitos outros dias a
navegar, foi suficiente para satisfazer bem a necessidade de todos, até
chegarem ao porto de Ancona. Quando os marinheiros perceberam que tinham escapado
dos perigos do mar por intermédio do servo de Deus São Francisco, deram graças
ao Senhor todo-poderoso, que em seus servidores sempre se mostra bondoso e
admirável.
Deixando o mar, Francisco, servo de Deus altíssimo,
caminhou pela terra e, abrindo-a com o arado da palavra, semeou a semente da vida,
produzindo um fruto abençoado. Bem depressa muitos homens de valor, clérigos e
leigos, fugindo do mundo e escapando valorosamente ao demônio, por graça e
vontade do Altíssimo, seguiram sua vida e seu caminho.
Todavia, embora produzissem frutos abundantes e
saborosos, como a palmeira do Evangelho, não bastaram para esfriar a sua
decisão sublime do martírio ardentemente desejado. Pois algum tempo depois
empreendeu uma viagem ao Marrocos, para pregar o Evangelho de Cristo ao
Miramolim e a seus sequazes. Seu entusiasmo era tanto que, às vezes, deixava
para trás seu companheiro de viagem, na pressa de realizar seu intento com verdadeira
embriaguez espiritual.
Mas o bom Deus lembrou-se em sua misericórdia de mim
e de muitos outros, e se opôs frontalmente a ele quando já tinha chegado à
Espanha, impedindo-o de continuar o caminho por uma doença que o fez voltar
atrás.
Não fazia muito tempo que tinha voltado a Santa
Maria da Porciúncula, quando alguns homens de letras e alguns nobres juntaram-se
a ele com grande satisfação. A estes, sempre educado e discreto, tratou com
respeito e dignidade, servindo piedosamente a cada um conforme lhe cabia.
Dotado de especial discrição, sabia respeitar, em todos, os graus do seu valor.
Mas ainda não podia ficar sossegado, deixando de
seguir com fervor o seu sagrado impulso. No décimo terceiro ano de sua
conversão, foi para a Síria e, embora recrudescessem cada dia terríveis e duros
combates entre cristãos e pagãos, não teve medo de se apresentar ao sultão dos
sarracenos, levando um companheiro.
Quem vai poder contar a coragem com que se manteve
diante dele, a fortaleza com que falou, a eloquência e a confiança com que respondeu
aos que insultavam a lei cristã? Preso pelos guardas antes de chegar ao sultão,
não se assustou nem quando foi ofendido e açoitado, não recuou diante de
suplícios e não ficou com medo nem da ameaça de morte. Foi maltratado por
muitos que eram hostis e adversos, mas o sultão o recebeu muito bem.
Reverenciou-o quanto lhe foi possível e lhe ofereceu muitos presentes, tentando
convertê-lo para o espírito mundano. Mas, quando viu que ele desprezava
valentemente todas as coisas como se não passassem de esterco, ficou
admiradíssimo e olhava para ele como um homem diferente.
Ficou muito comovido com suas palavras e o ouviu de muito
boa vontade. Apesar de tudo isso, o Senhor não satisfez o seu desejo, pois lhe estava
reservando o privilégio de uma graça especial.
CAPÍTULO
21. Pregação aos pássaros e obediência das criaturas
Enquanto, como dissemos, eram muitos os que se
juntavam aos irmãos, o santo pai Francisco percorria o vale de Espoleto.
Chegando perto de Bevagna, encontrou uma multidão
enorme de pássaros de todas as espécies, como pombas, gralhas e outras que vulgarmente
chamam de corvos. Quando os viu, o servo de Deus Francisco, que era homem de
grande fervor e tinha um afeto muito grande mesmo pelas criaturas inferiores e
irracionais, correu alegremente para eles, deixando os companheiros no caminho.
Aproximou-se e vendo que o esperavam sem medo,
cumprimentou-os como era seu costume. Mas ficou muito admirado porque as aves não
fugiram como fazem sempre e, cheio de alegria, pediu humildemente que ouvissem
a palavra de Deus.
Entre muitas outras coisas, disse-lhes o seguinte:
Passarinhos, meus irmãos, vocês devem sempre louvar o seu Criador e ama-lo, porque
lhes deu penas para vestir, asas para voar e tudo que vocês precisam. Deus lhes
deu um bom lugar entre as suas criaturas e lhes permitiu morar na limpidez do
ar, pois embora vocês não semeiem nem colham, não precisam se preocupar porque
Ele protege e guarda vocês".
Quando os passarinhos ouviram isso, conforme ele mesmo
e seus companheiros contaram depois, fizeram uma festa à sua maneira, começando
a espichar o pescoço, a abrir as asas e a olhar para ele. Ele ia e voltava pelo
meio deles roçando a túnica por suas cabeças e corpos. Depois abençoou-os e,
fazendo o sinal da cruz, deu-lhes licença para voar. Com os companheiros, o bem-aventurado
pai continuou alegre pelo seu caminho, dando graças a Deus, a quem todas as
criaturas louvam com humilde reconhecimento.
Como já era um homem simples não pela natureza mas
pela graça, começou a acusar-se de negligente por não ter pregado antes para as
aves, que tinham ouvido a palavra de Deus com tanto respeito.
Daí para frente, passou a exortar com solicitude
todos os pássaros, animais, répteis e até as criaturas inanimadas a louvarem e
amarem o Criador, já que, por experiência própria, comprovava todos os dias como
obedeciam quando invocava o nome do Salvador.
Uma vez, chegando ao povoado de Alviano para pregar
a palavra de Deus, subiu a um lugar mais alto para poder ser visto por todos e começou
a pedir silêncio. Estando todos calados e esperando com respeito, uma porção de
andorinhas, que tinham ninho naquele lugar, faziam uma algazarra e muito ruído.
Como não podia ser ouvido pelas pessoas, São
Francisco dirigiu-se aos passarinhos dizendo: "Minhas irmãs andorinhas, já
está na hora de eu lhes falar também, porque até agora vocês já disseram o suficiente.
Ouçam a palavra de Deus e fiquem quietas e caladas até o fim do sermão do
Senhor".
Para grande espanto e admiração de todos os
presentes, os passarinhos logo se aquietaram e não saíram de seus lugares até
que a pregação acabou.
Vendo esse sinal, todos diziam, maravilhados:
"Na verdade, este homem é um santo e amigo do Altíssimo". E corriam
com toda a devoção para pelo menos tocar sua roupa, louvando e bendizendo a Deus.
De fato, era para admirar que até as criaturas irracionais fossem capazes de
reconhecer o seu afeto para com elas e de pressentir o seu carinho.
Numa ocasião em que estava morando no povoado de
Greccio, um irmão foi levar-lhe um filhote de lebre que caíra vivo numa armadilha.
O santo ficou comovido quando o viu e disse: "Irmã lebre, vem cá. Como é
que isso foi acontecer?" O irmão que a segurava soltou-a e ela correu para
o santo, encontrando nele o lugar mais seguro, sem que ninguém a obrigasse, e
descansou em seu regaço. Depois que tinha descansado um pouquinho, o santo pai,
acariciando-a maternalmente, soltou-a para que voltasse livre para o mato. Mas,
todas as vezes que era posta no chão, ela voltava para as mãos do santo, até
que este mandou que os irmãos a levassem para o bosque ali perto.
Coisa parecida aconteceu com um coelho, animal muito
pouco doméstico, na ilha do lago de Perusa.
Tinha a mesma afeição para com os peixes e, nas
oportunidades que teve, devolveu-os à água, aconselhando-os a tomarem cuidado para
não serem pescados outra vez. Numa ocasião em que estava numa barca junto ao
porto do lago de Rieti, um pescador pegou um peixe muito grande, desses que
chamam de tenca, e lhe deu de presente com devoção. O santo recebeu-o com
alegria e bondade, começou a chamá-lo de irmão e, colocando-o na água fora da
barca, pôs-se a abençoar devotamente o nome do Senhor.
Enquanto o santo orava, o peixe ficou brincando na
água, sem se afastar do lugar em que tinha sido posto, até que, no fim da
oração, o santo lhe deu licença para ir embora.
Foi assim que o glorioso pai São Francisco, andando
pelo caminho da obediência e escolhendo com perfeição o jugo da submissão a Deus,
recebeu diante do Senhor a grande dignidade de ser obedecido pelas suas
criaturas.
Uma vez até a sua água foi mudada em vinho, quando
esteve muito doente na ermida de Santo Urbano. Quando o provou, sarou com tanta
facilidade que todos acreditaram que era um milagre, como foi de verdade. Só
pode ser santa uma pessoa a quem as criaturas obedecem e à cuja vontade até os outros
elementos se transformam.
CAPÍTULO
22. Pregação de São Francisco em Ascoli. Doentes curados por objetos tocados
por ele
No tempo em que contamos que pregou aos pássaros,
andava o santo Pai pelas cidades e povoados e, espalhando as sementes de bênção
por toda parte, chegou à cidade de Ascoli. Pregou aí com todo o fervor, como
costumava e, pela mão de Deus, o povo quase todo ficou tão cheio de graça e
devoção para ouví-lo e vê-lo que se atropelavam uns aos outros.
Nessa ocasião, trinta homens, clérigos e leigos,
receberam de sua mão o hábito da Ordem.
Tanta era a fé dos homens e das mulheres, e tão
grande a devoção pelo santo de Deus, que se tinha por feliz quem conseguia pelo
menos tocar-lhe a roupa. Quando entrava em alguma cidade, alegrava-se o clero,
os sinos tocavam, exultavam os homens, festejavam as mulheres, as crianças
batiam palmas e, muitas vezes, cortando ramos das árvores, iam cantando ao seu
encontro.
Cobria-se de confusão a perversa heresia, triunfava
a fé da Igreja e, enquanto os fiéis rejubilavam, os hereges se escondiam. Pois
nele se viam tantos sinais de santidade que ninguém ousava contradizê-lo, porque
a multidão só olhava para ele. Ele mesmo insistia acima de tudo na conservação,
respeito e prática da doutrina da santa Igreja Romana, na qual somente está a
salvação para todos.
Venerava os sacerdotes e reverenciava com profundo afeto
toda a hierarquia eclesiástica.
O povo trazia-lhe pães para benzer e os guardava por
muito tempo, porque conseguia a cura de diversas doenças só de prová-los.
Também era muito frequente que, afoitos numa fé
exagerada, cortassem a sua túnica, deixando-o às vezes quase sem roupa. E o que
é mais de se admirar: se o santo pai tocava alguma coisa, a saúde era devolvida
a muitas pessoas através dela.
Uma mulher de um povoado perto de Arezzo estava
grávida. Quando chegou o tempo do parto, passou vários dias entre a vida e a
morte, com dores incríveis. Seus vizinhos e conhecidos souberam que São Francisco
ia passar por ali para ir a uma ermida. Ficaram à sua espera, mas aconteceu que
o santo foi para o referido lugar por outro caminho, pois estava muito fraco e
doente e teve que ir a cavalo. Mas, ao chegar, mandou um certo Frei Pedro
devolver o cavalo ao homem que o emprestara por caridade.
Frei Pedro, de volta com o animal, passou pelo
caminho em que a mulher estava padecendo. Vendo-o aproximar-se, correram para
ele os homens do lugar, pensando que fosse São Francisco. Quando viram que não era,
ficaram muito tristes. Finalmente começaram a perguntar um ao outro se poderiam
encontrar alguma coisa em que São Francisco tivesse tocado. Demoraram muito
tempo procurando e acabaram encontrando as rédeas que ele tinha segurado para
cavalgar.
Tiraram o freio da boca do cavalo em que o santo pai
tinha montado, puseram em cima da mulher as rédeas que ele tinha apertado em suas
mãos. Imediatamente, livre de perigo, ela deu à luz com toda alegria e
felicidade.
Gualfredúcio, um homem religioso, que temia e
venerava a Deus
com toda a sua família, e morava em Città della
Pieve, tinha consigo uma corda que São Francisco já tinha usado em sua cintura.
Acontecia que, naquela cidade, muitos homens e não
poucas mulheres sofriam de várias doenças e febres. Ele ia à casa de cada um
dos doentes, dava-lhes de beber água em que tinha mergulhado a corda ou alguns
fiapos e assim, no nome do Senhor, todos conseguiam a saúde.
Coisas desse tipo, e muitas outras, que não
poderíamos contar mesmo alongando demais a narração, eram feitas na ausência de
São Francisco.
Vamos referir brevemente nesta obra alguns milagres
que o Senhor nosso Deus se dignou operar em sua
presença.
CAPÍTULO
23. Cura de um coxo em Toscanela e de um paralítico em Narni
Percorrendo vastas regiões para anunciar o reino de
Deus, chegou São Francisco a uma cidade chamada Toscanela. Enquanto aí
espalhava a semente da vida, conforme o seu costume, foi hospedado por um
cavaleiro que tinha um filho único, coxo e tão fraco que, embora ainda criança,
já tinha passado da idade de mamar mas ainda ficava no berço.
O pai, vendo o homem de Deus tão rico em santidade,
lançou-se a seus pés com humildade, pedindo a saúde do filho. Julgando-se
indigno e incapaz de obter uma graça tão grande, o santo se recusou por muito
tempo. Por fim, vencido pela constância dos pedidos, recolheu-se em oração,
impôs a mão sobre o menino, abençoou-o e o levantou. Imediatamente, para alegria
de todos os que estavam presentes, a criança ficou em pé, curada no nome de
Nosso Senhor Jesus Cristo, e começou a andar por todos os cantos da casa.
Numa ocasião em que o homem de Deus, Francisco,
esteve em Narni e ali passou alguns dias, um homem da cidade, chamado Pedro,
estava de cama, paralítico. Tinha estado assim durante cinco meses, sem poder
usar membro nenhum, sem poder levantar-se e nem mesmo se mover. Tendo perdido
todo uso dos pés, das mãos e da cabeça, só conseguia mexer a língua e abrir os
olhos. Mas, sabendo que São Francisco estava em Narni, mandou recado ao bispo
da cidade pedindo que por amor de Deus mandasse o servo do Altíssimo,
convencido de só a vista e a presença do santo bastariam para libertá-lo da
doença que o prendia. Foi o que aconteceu. Quando São Francisco chegou e lhe
fez um sinal da cruz da cabeça aos pés, a doença desapareceu instantaneamente e
ele recobrou a saúde perdida.
CAPÍTULO
24. Restitui a vista a uma cega. Cura as mãos encolhidas de uma mulher em Gúbio
Uma mulher cega da mesma cidade mereceu receber a
cura desejada logo que São Francisco lhe fez o sinal da cruz sobre os olhos.
Em Gúbio, havia uma mulher que tinha as duas mãos
contraídas, sem poder fazer nada com elas. Quando soube que São Francisco estava
na cidade, correu para ele e, com o rosto aflito e cheio de tristeza, mostrando
as mãos contraídas, começou a pedir que se dignasse tocá-las. Com pena, ele lhe
tocou e curou as mãos. Na mesma hora, voltou toda alegre para casa, fez uma
fogaça de queijo com as próprias mãos e a deu de presente ao santo. Bondoso,
ele aceitou um pedaço e mandou que a mulher comesse o resto com a família.
CAPÍTULO
25. Livra um irmão de uma doença epilética, isto é, de um demônio, e uma
possessa em San Gemini
Um irmão padecia frequentemente de uma doença muito
grave e horrível de se ver, cujo nome não sei e que alguns atribuíam ao demônio.
Muitas vezes se debatia todo e ficava com um aspecto miserável, revirando-se e
espumando. Seus membros se contraíam e se estendiam, dobravam-se entortados ou
ficavam rijos e duros. Às vezes ficava estendido e rígido, juntava os pés e a
cabeça, elevava-se no alto até a altura de um homem e de repente caía por
terra. Com pena de seu grande sofrimento, São Francisco foi visitá-lo, orou, fez
o sinal da cruz sobre ele e o abençoou. Ficou imediatamente curado e nunca mais
teve os sintomas dessa doença.
Passando um dia o santo pai Francisco pela diocese
de Narni, chegou a um povoado chamado San Gemini. Anunciando aí a palavra de
Deus, foi hospedado com outros três frades por um homem que temia e venerava a
Deus e tinha muito boa fama naquela terra. Sua mulher era perturbada por um
demônio, como era do conhecimento de todos na cidade.
O marido pediu a São Francisco por ela, confiando
que por seus méritos ela poderia ser libertada.
Mas o santo se recusou absolutamente a fazer isso,
porque em sua simplicidade preferia o desprezo em lugar dos favores do mundo pela
demonstração de santidade. Afinal, porque era para a glória de Deus e muitos
estavam pedindo, rendeu-se às súplicas. Chamou os três irmãos que estavam com
ele e colocou um em cada ângulo da casa, dizendo-lhes: "Irmãos, oremos ao
Senhor por esta mulher, para que Deus a liberte do jugo do demônio, para sua
glória e seu louvor. Vamos ficar nos ângulos da casa para que este espírito maligno
não nos possa fugir ou enganar, procurando esconderijo nos cantos".
Quando acabou a oração, São Francisco aproximou-se da mulher cheio da
virtude do Espírito. Ela se revolvia em convulsões e gritava horrorosamente.
Disse o santo: "Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, mando-te por
obediência, ó demônio, que saias dela e jamais te atrevas a molestá-la".
Logo que acabou de falar, o demônio saiu tão rápido e com tanto furor e barulho
que, pela súbita cura da mulher e pela obediência tão pronta do demônio, o
santo pai pensou que tivesse sido enganado. Saiu envergonhado daquele lugar,
por disposição da divina providência, para que não pudesse vangloriar-se se de
alguma coisa.
Numa outra vez que o santo passou pelo mesmo local,
Frei Elias estava com ele. Quando aquela mulher soube de sua vinda, saiu imediatamente
a correr pela praça, pedindo aos gritos que se dignasse falar com ela. Ele não
queria falar, pois sabia que era a mulher de quem tinha expulsado um demônio
pela virtude de Deus.
Mas ela beijava os rastros de seus pés, dando graças
a Deus e a São Francisco seu servo, que a tinha libertado da mão da morte.
Finalmente, Frei Elias forçou o santo com seu
pedido. Falou com ela e foi certificado por muitos, tanto da doença, como já
dissemos, como da cura.
1. O
que você deseja destacar neste texto?
2. Como
este texto auxilia em sua espiritualidade?