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Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Hipólito de
Roma (160 - 235)
Obra: Tradição Apostólica
Parte 2 (Capítulos 1 ao 7).
PARTE 2: CATECUMENATO E LITURGIAS DIVERSAS
1. Os novatos
Aqueles que são trazidos pela
primeira vez para escutar a Palavra, sejam direcionados aos catequistas, antes
da chegada do povo, e sejam interrogados sobre a razão pela qual resolveram se
aproximar da fé. Aqueles que os trouxerem, dêem testemunho deles, informando se
estão preparados para ouvir a Palavra. Sejam também interrogados sobre a vida
que levam: se possuem esposa, se são escravos... Se algum deles for escravo de
um fiel (irmão de fé) e o seu senhor permitir, que escute a Palavra; mas se o
seu senhor não der bom testemunho dele, seja recusado. Se o seu senhor for
pagão, seja-lhe ensinado a agradar seu senhor, para que se evite a blasfêmia.
Se um homem possui mulher ou se uma mulher possui marido, sejam ensinados a se
suportarem, o homem com a mulher e a mulher com o marido. Porém, se um homem
não vive com a mulher, seja ensinado a não fornicar, recebendo a mulher
conforme a Lei ou permanecendo como está. Se alguém estiver possuído pelo
demônio, não escute a Palavra doutrinária enquanto não for purificado.
2. Profissões
proibidas
Deve-se interrogar, também, a
respeito dos trabalhos e ocupações exercidos por aqueles que se apresentam para
ser instruídos. Aquele que possui prostíbulo: desista ou seja recusado. O
escultor ou pintor: seja ensinado a não produzir ídolos, isto é, cesse ou seja
recusado. O ator que representa no teatro: cesse ou seja recusado. O pedagogo:
é bom que cesse, ensinando somente se não possuir outra habilitação. O cocheiro
competidor e os que freqüentam espetáculos de luta: cessem ou sejam recusados.
O gladiador, o treinador de gladiadores, o bestiário e os empresários de lutas
gladiatórias: cessem ou sejam recusados. O sacerdote ou guardião de ídolos:
abandone-os ou seja recusado. O soldado que recebe o poder de matar: não matará
ninguém, mesmo se isto lhe for ordenado, nem prestará juramento. Se não
concordar, seja recusado. O que possui poder de gládio e o magistrado da
cidade, que se reveste de púrpura: renunciem ou sejam recusados. O catecúmeno e
o fiel que desejam se tornar soldados: sejam recusados por desprezarem a Deus.
A prostituta, o pervertido, o homossexual e qualquer outro que pratiquem atos
indizíveis: sejam recusados por serem impuros. O mágico: não deve ser
apresentado para o interrogatório. O feiticeiro, o astrólogo, o adivinho, o
intérprete de sonhos, o charlatão, o ilusionista e o fabricante de amuletos:
renunciem ou sejam recusados. A concubina, se for escrava do amante, se tiver
educado os filhos e se tiver unido apenas a esse homem: pode ouvir a Palavra;
caso contrário, seja recusada. Aquele que possuir uma concubina: renuncie a ela
e receba uma mulher conforme a Lei; se não o quiser, seja recusado. Se tivermos
omitido algo, as próprias ocupações dirão [se são ou não permitidas], pois
todos nós temos o Espírito de Deus.
3. Os catecúmenos
Os catecúmenos devem escutar a
Palavra por três anos. Se algum deles for dedicado e atencioso, não lhe será
considerado o tempo: somente o seu caráter, e nada mais, será julgado. Cessando
o catequista a instrução, rezarão os catecúmenos em particular, separados dos
fiéis. As mulheres, sejam elas catecúmenas ou fiéis, permanecerão rezando em
particular em qualquer parte da igreja. Ao concluírem as orações, ainda não
darão a paz porque o seu ósculo ainda não será santo. Os fiéis, porém,
saudar-se-ão, reciprocamente: os homens aos homens e as mulheres às mulheres;
os homens não deverão saudar as mulheres. Estas devem cobrir a cabeça com um
manto que não seja feito de linho, pois este tipo não serve para cobrir [a
cabeça]. Após a prece, o catequista imporá as mãos sobre os catecúmenos, rezará
e os dispensará. Não importa se é clérigo ou leigo: aquele que prega a doutrina
deve assim agir. Se um catecúmeno for preso por causa do nome do Senhor, não
deve se desesperar: se sofrer violência e morrer antes de ter recebido o perdão
de seus pecados, será justificado por ter experimentado o batismo em seu
sangue.
4. Os batizandos
Escolhidos aqueles que receberão
o batismo, examinar-se-á suas vidas: se viveram com dignidade durante o
catecumenato, se honraram as viúvas, se visitaram os doentes, se praticaram
apenas boas obras. Ouvirão o Evangelho se aqueles que os apresentaram
testemunharem a seu favor, dizendo que assim agiram. Sejam impostas as mãos
diariamente sobre eles a partir do momento em que foram separados e sejam, ao
mesmo tempo, exorcizados. Aproximando-se o dia do batismo, o bispo exorcizará
cada um deles, para saber se é puro. Se algum deles não for bom ou puro, será
colocado à parte, pois não ouviu a Palavra com fé, já que não possível que o
estranho se oculte para sempre. Sejam os batizandos instruídos para que se
lavem e banhem no quinto dia da semana; se uma mulher estiver menstruada, será
posta à parte e receberá o batismo num outro dia. Os que receberão o batismo
jejuarão na véspera do sábado e, no sábado, serão todos reunidos num mesmo
local designado pelo bispo. Serão ordenados todos aqueles que rezarem e se
ajoelharem; impondo as mãos sobre eles, o bispo exorcizará todos os espíritos
impuros, para que fujam e não retornem mais. Terminando o exorcismo,
soprar-lhe-á em suas faces. Após marcá-los na fronte, nos ouvidos e narinas com
o sinal da cruz, ele ordenará que se levantem. Então permanecerão vigilantes
durante toda a noite: ler-se-á para eles e também serão instruídos. Os
batizandos não devem ter nada em seu poder, exceto o que trouxeram para a
eucaristia. O que se tornou digno deve participar do sacrifício na mesma hora.
5. O Batismo
Ao cantar do galo, rezar-se-á,
primeiramente, sobre a água. Deve ser água corrente, na fonte ou caindo do
alto, exceto em caso de necessidade; se a dificuldade persistir ou se tratar de
caso de urgência, deve-se usar a água que encontrar. Os batizandos se despirão
e serão batizadas, primeiro, as crianças. Todos os que puderem falar por si
próprios, falem. Contudo, os pais ou alguém da família falem por aqueles que
não puderem falar por si mesmos. Depois batizem-se os homens e, por último, as
mulheres (que deverão estar de cabelos soltos e sem os enfeites de ouro e prata
que levaram). Ninguém deve descer às águas portando objetos estranhos. No
instante previsto para o batismo, o bispo renderá graças sobre o óleo que será
posto em um vaso e será chamado de óleo de ação de graças. Tomará também um
outro óleo que exorcizará e será denominado de óleo de exorcismo. Então o
diácono trará o óleo de exorcismo e ficará à esquerda do presbítero; outro
diácono pegará o óleo de ação de graças e ficará à direita do presbítero. Acolhendo
cada um dos que recebem o batismo, manda renunciar, dizendo: ─ Renuncia a ti,
Satanás, a todo teu serviço e a todas as tuas obras! Terminada a renúncia de
cada um, ungirá com o óleo de exorcismo, dizendo-lhe: ─ Afaste-se de ti todo
espírito impuro! E irá entregá-lo nu ao bispo ou ao presbítero que está junto
da água, batizando. O diácono também descerá com ele e, ao chegar à água aquele
que será batizado, aquele que batiza lhe inquirirá, impondo-lhe as mãos sobre
ele: ─ Crês em Deus Pai todo-poderoso?. E aquele que é batizado, responda: ─
Creio! Imediatamente, com a mão pousada sobre a sua cabeça, batize-o uma vez,
perguntando-lhe a seguir: ─ Crês em Jesus Cristo, Filho de Deus, nascido do
Espírito Santo e da Virgem Maria, que foi crucificado sob Pôncio Pilatos,
morrendo e sendo sepultado e, vivo, ressurgiu dos mortos no terceiro dia,
subindo aos céus e sentando-se à direita do Pai, donde julgará os vivos e os
mortos? Quando responder: "Creio", será batizado pela segunda vez. E
lhe perguntará uma vez mais: ─ Crês no Espírito Santo, na Santa Igreja e na
ressurreição da carne? Responderá o que está sendo batizado: "Creio",
e será batizado pela terceira vez. Depois de subir da água, será ungido com o
óleo santificado pelo presbítero, que dirá: ─ Te unjo com o óleo santo em nome
de Jesus Cristo. Após isto, cada um se enxugará e se vestirá, entrando, a
seguir, na igreja.
6. A Confirmação
6. A Confirmação
Impondo as mãos sobre eles, o
bispo fará a invocação, dizendo: ─ Senhor Deus, que os tornaste dignos de
merecer a remissão dos pecados pelo banho da regeneração, torna-os dignos de
ser repletos do Espírito Santo! Lança sobre eles a tua Graça para que te sirvam
conforme a tua Vontade, pois a ti são a glória, ao Pai, ao Filho e com o
Espírito Santo na Santa Igreja, pelos séculos dos séculos. Amém. Após isto,
derramará o óleo santo nas mãos e dirá, colocando as mãos sobre a cabeça de
cada um, a seu turno: ─ Eu te unjo com o óleo santo, no Senhor Pai
todo-poderoso e em Jesus Cristo e no Espírito Santo. Marcando-o na fronte com o
sinal da cruz, oferecer-lhe-á o ósculo, dizendo: ─ O Senhor esteja contigo! O
que foi marcado responderá: ─ E com o teu Espírito. Assim deve proceder com
cada um. Em seguida, rezarão com todo o povo, não podendo rezar com os fiéis
enquanto não atingirem tudo isso. Após a oração, oferecerão o ósculo da paz.
7. A Primeira
Eucaristia
Os diáconos oferecerão o
sacrifício ao bispo e este dará graças sobre o pão, como exemplo do Corpo de
Cristo, e sobre o cálice do vinho preparado, para imagem do Sangue que foi
derramado por amor de todos que creem nele. Fará o mesmo sobre o leite e o mel
misturados, recordando a plenitude da promessa feita aos antepassados. Nessa
promessa, Deus anunciou a "terra onde correm leite e mel". Por ela,
Cristo ofereceu a sua Carne e, assim como crianças, se alimentam os que creem,
tornando suave a amargura do coração pela docilidade da Palavra. Da mesma
maneira, o bispo renderá graças sobre a água do sacrifício, como representação
do batismo, para que o homem interior, isto é, a alma, obtenha os mesmos dons
que o corpo. Todos esses fatos devem ser explicados pelo bispo a todos que
recebem. Partindo o pão e distribuindo-o em pedaços, dirá: ─ O Pão Celestial em
Jesus Cristo. E o que está recebendo responderá: ─ Amém. Se não forem
suficientes os presbíteros, peguem os cálices também os diáconos e, com
dignidade, coloquem-se em ordem: primeiro o que segura a água; em segundo, o
que segura o leite; em terceiro, o que segura o vinho. Os que recebem provem de
cada cálice e, aquele que dá, diga três vezes: ─ Em Deus Pai Todo-poderoso.
Responda o que recebe: ─ Amém. [O que dá:] ─ E em Nosso Senhor Jesus Cristo. [O
que recebe:] ─ Amém". [O que dá:] ─ E no Espírito Santo e na Santa Igreja.
E responda: ─ Amém. Assim se procederá com cada um. Após a cerimônia,
rapidamente pratiquem o bem, agradem a Deus, vivam corretamente, coloquem-se à
disposição da Igreja, praticando o que aprenderam e progredindo na piedade.
Isto, de maneira resumida, vos transmito sobre o santo batismo e o Santo
Sacrifício, pois já fostes instruídos sobre a ressurreição da carne e tudo o
demais, conforme está escrito. Se algo deve ser recordado, diga o bispo
secretamente aos que tiverem recebido o batismo, para que os não fiéis não
venham a conhecer antes de também receberem. Esta é a ficha branca aludida por
João ao dizer: "Um novo nome foi escrito nela e ninguém o conhece a não
ser aquele que a receberá".
O que você deseja destacar
no texto?
Como o texto serviu para
sua espiritualidade?
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