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Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Policarpo de Esmirna (69-155)
A Vida de Policarpo
Nascido
em uma família cristã da alta burguesia no ano 69, em Esmirna, Ásia Menor,
atual Turquia. Os registros sobre sua vida nos foram transmitidos pelo seu
biógrafo e discípulo predileto, Irineu.
Policarpo
foi discípulo do apóstolo João, e teve a oportunidade de conhecer outros
apóstolos que conviveram com o Mestre. Ele se tornou um exemplo íntegro de fé e
vida, sendo respeitado inclusive pelos adversários. Dezesseis anos depois,
Policarpo foi escolhido e consagrado para ser o bispo de Esmirna para a Ásia
Menor, pelo próprio apóstolo João, o Evangelista.
Policarpo de Esmirna foi bispo da igreja de Esmirna do século II. De
acordo com a obra "Martírio de Policarpo", ele foi apunhalado quando
estava amarrado numa estaca para ser queimado-vivo e as chamas
milagrosamente não o tocavam.
Policarpo havia sido discípulo do apóstolo João, fato atestado
pelo Bispo Ireneu de Lyon, que ouviu-o discursar quando jovem, e por Tertuliano.
A tradição primitiva que foi expandida pelo "Martírio...",
ligando Policarpo em contraste com o apóstolo João que, apesar de muitas
tentativas de assassinato, não foi martirizado e teria morrido de velhice após
ser exilado para a ilha de Patmos, se baseia nos chamados "Fragmentos
de Harris", papiros fragmentários em copta datados
entre os séculos III e VI.
Com Bispo de Roma Clemente e Bispo Inácio de Antioquia, Policarpo é
considerado um dos três principais Padres Apostólicos. A única obra
sobrevivente atribuída a ele é a Epístola de Policarpo aos Filipenses,
relatada pela primeira vez por Ireneu.
I. Vida
Há duas fontes principais para informações sobre a vida de Policarpo: o
"Martírio de Policarpo", uma carta aos esmirniotas recontando seu
martírio, e as passagens na Adversus Haereses de Ireneu
de Lyon. Outras fontes são as Epístolas de Inácio, entre elas uma para
Policarpo e outra para os esmirniotas, e a própria epístola aos
filipenses.
II.
Papias
De acordo com Ireneu, Policarpo era companheiro de Papias de
Hierápolis, outro que "ouviu João", nas palavras de Ireneu ao
interpretar o testemunho de Papias, e um correspondente de Inácio de
Antioquia. Este endereçou-lhe uma carta e o menciona em suas próprias
correspondências com os efésios e com os magnésios.
Ireneu considerava a memória de Policarpo como sendo uma ligação direta
com o passado apostólico. Ele relata quando e como ele se tornara cristão e, em
sua epístola a Florinus, afirmou ter visto e ouvido Policarpo pessoalmente
na Ásia Menor. Ele relata, principalmente, ter ouvido o relato da
discussão de Policarpo com "João, o Presbítero" e com outros que
haviam visto Jesus. Ireneu também reporta que Policarpo se convertera
pelas mãos dos apóstolos e por eles foi consagrado bispo (segundo Jerônimo, por
João). Diversas vezes ele enfatiza a idade avançada de Policarpo.
III. Visita
a Aniceto
De acordo com Ireneu, durante o papado de seu conterrâneo sírio, Aniceto,
nas décadas de 150 ou 160, Policarpo visitou Roma para discutir as
diferenças que existiam entre as práticas asiáticas e romanas "com
relação a certas coisas" e especialmente sobre a data da Páscoa.
Ireneu afirma que sobre "certas coisas" os dois bispos rapidamente
chegaram num acordo, enquanto que sobre a Páscoa, cada um continuou aderindo às
suas próprias tradições, sem contudo quebrar com a comunhão entre as igrejas.
Policarpo seguia a prática oriental de celebrar a Páscoa no 14 de Nisan, o
dia da Pessach judaica, sem se preocupar em qual dia da semana
ele caía, enquanto que em Roma a Páscoa era celebrada sempre aos domingos.
Aniceto - as fontes romanas concedem este ponto como sendo uma honraria
especial - permitiu que Policarpo celebrasse a Eucaristia em sua
própria igreja.
Ainda estando em Roma, Policarpo conheceu alguns hereges gnósticos valentianos (inclusive Valentim),
e encontrou-se com Marcião, a quem Policarpo chamava de "primogênito
de Satanás".
IV.
Martírio
O "Martírio..." relata que Policarpo, no dia de sua morte,
disse "Por oitenta e seis anos, eu O servi", o que
poderia indicar que ele teria então esta idade ou que ele teria vivido
este tempo após ter se convertido. Ele prossegue dizendo "Como
então posso ter blasfemado contra meu Rei e Salvador? Prossigais com
tua vontade."
Policarpo foi então queimado vivo na estaca por se recusar a
acender incenso para o imperador romano.
A data da morte é disputada. Eusébio a coloca no reinado
de Marco Aurélio (166 – 167dC), porém, uma adição pós-Eusébio ao
"Martírio" coloca a morte num sábado, 23 de fevereiro, durante
o proconsulado de Statius Quadratus (155-156dC). Estas
datas mais antigas casam melhor com a tradição de sua associação com Inácio de
Antioquia e com o apóstolo João.
V.
Grande Sabbath
O "Martírio de Policarpo", que é uma carta aos esmirniotas,
afirma que Policarpo foi preso "no dia do Sabbath" e
morto no dia do "Grande Sabbath", alguns acreditam que
isto seria uma evidência de que os fiéis de Esmirna sob Policarpo observavam a
guarda do Sabbath de sete dias.
William Cave escreveu "...o Sabbath ou 'Sábado' (pois
a palavra 'sabbatum é constantemente utilizada nas obras dos padres da
Igreja quando citam o Sabbath em sua forma cristã) era guardado por eles
em grande estima e, especialmente no oriente, honrado com todas as solenidades
religiosas públicas."
Outros consideram que a expressão "Grande Sabbath" faz
referência à Pessach ou a outro feriado anual.
Outros feriados chamados de "Grande Sabbath" (se a frase de fato
faz referência ao que normalmente se considera como sendo um feriado judaico,
que eram observados por muitos dos primeiros cristãos) ocorrem na primavera, no
final do verão ou no outono. Nunca no inverno (todas as estações se referem
ao hemisfério norte).
O "Grande Sabbath" pode ter sido aludido em João
7:37 ("No último, no grande dia da festa..."), que seria
um feriado anual que se seguia imediatamente à Festa dos Tabernáculos. É
duvidoso, porém, se esta referência bíblica alude a uma prática comum ou a um
evento específico.
VI. Obras
A única obra sobrevivente atribuída a Policarpo é a Epístola de
Policarpo aos Filipenses enviada em 110., um mosaico de referências às
Escrituras em grego, preservada no relato de Ireneu sobre a vida do bispo
de Esmirna. Ela, um trecho do "Martírio" que tem a forma de uma carta
circular da Igreja de Esmirna para as demais igrejas da província do Ponto,
é parte de uma coleção de escritos dos Padres Apostólicos.
Juntamente com os Atos dos Apóstolos, que contém o relato do
martírio de Santo Estevão, o "Martírio de Policarpo" é
considerado como sendo uma dos mais antigos relatos genuínos de martírios
cristãos e um dos poucos relatos sobreviventes compostos na época das
perseguições.
VII. Importância
Policarpo ocupa um lugar importante na história do cristianismo
primitivo. Ele é contado entre os primeiros cristãos cuja alguma obra
sobreviveu. É provável que ele tenha conhecido o apóstolo João, um
dos doze apóstolos. Ele era também o ancião de uma importante congregação
que teve importante papel na consolidação da Igreja Cristã.
Ireneu escreveu o seguinte sobre ele: "Um homem que
era de estatura muito maior e uma testemunha mais firme da verdade do que Valentim, Marcião e
o resto dos heréticos [gnósticos]".
Policarpo viveu no período seguinte à morte dos apóstolos, quando uma
grande variedade de interpretações sobre o que Jesus havia dito e feito estava
sendo pregada. Seu papel foi de autenticar o que seria considerado
"ortodoxo" através de sua famosa relação com o apóstolo João: "um
grande valor era atribuído ao testemunho que Policarpo poderia dar como sendo a
genuína tradição da antiga doutrina apostólica", comentou Henry
Wace.
Pergunta
ao Grupo:
1.
O
que você deseja destacar neste texto?
2.
Quais
contribuições podemos retirar deste texto para a nossa espiritualidade?
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