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Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Aristides de Atenas (+130)
Apologia de Aristides (Cap XIII -
XVI)
CONCLUSÃO SOBRE A FALSA RELIGIÃO
POLITEÍSTA
XIII. Assim, se extraviaram gravemente os
egípcios, os caldeus e os gregos, introduzindo tais deuses, fazendo imagens
deles, e divinizando os ídolos surdos e insensíveis.
E me admira como
vendo seus deuses serrados, destruídos pelo fogo, cortados pelos artífices,
envelhecidos pelo tempo, dissolvidos e fundidos não compreendam que não existem
tais deuses pois, quando nenhuma força possuem para sua própria salvação, como
poderão ter providência pelos homens?
Mas seus poetas e
filósofos, querendo com seus poemas e obras glorificar os seus deuses, não têm
feito outra coisa senão descobrir suas vergonhas e torná-las desnudas para
todos; pois, se o corpo do homem, ainda que seja composto por muitas partes,
não despreza nenhum de seus membros, mas, conservando-os todos em irrompível
unidade, mantendo-se sempre unidos, como poderia ocorrer na natureza de Deus
tamanha batalha e discórdia? Ora, se a natureza dos deuses é uma, não deve um
deus perseguir outro deus, nem degolá-lo ou machucá-lo. E se os deuses têm
perseguido uns aos outros, e se degolaram, roubaram e foram fulminados, já não
há uma só natureza, mas pareceres divididos e todos maléficos, de forma que
nenhum deles é Deus. Portanto, é claro - ó Rei - que toda a teoria sobre a
natureza desses deuses é puro extravio.
E como não
compreenderam os gregos sábios e eruditos que, ao estabelecer leis, seus deuses
são condenados por essas leis? Pois se as leis são justas, são absolutamente
injustos os seus deuses que fizeram coisas contra a lei, como mortes mútuas,
feitiçarias, adultérios, roubos e uniões contra a natureza; e se tudo isto que
fizeram foi bom, então as leis é que são injustas porque vão contra os deuses.
Porém não é isto que ocorre: as leis são boas e justas, pois louvam o bom e
proíbem o mau, e as obras dos deuses são ímpias. Ímpios são, portanto, os seus
deuses; todos são réus de morte; ímpios também são aqueles que introduzem
semelhantes deuses, porque se as histórias que são contadas são mitos, então os
deuses não são nada mais que palavras; e se são físicas, já não são deuses os
que tais coisas fizeram ou sofreram; e se são alegorias, são estórias e nada
mais.
Fique provado então -
ó Rei - que todos estes cultos para muitos deuses são obras que extraviam e
levam à perdição, pois não se deve chamar deuses às coisas visíveis que não
vêem, mas deve-se adorar ao Deus invisível que tudo vê e criou.
O DEUS DOS JUDEUS E SEUS DEVIOS DA
VERDADE
XIV. Abordemos também
- ó Rei - os judeus, para ver o que estes, por sua vez, pensam a respeito de
Deus. Estes, sendo descendentes de Abraão, Isaac e Jacó, viveram como
forasteiros no Egito e dali Deus os retirou com mão poderosa e braço excelso
por meio de Moisés, legislador deles, e por muitos prodígios e sinais lhes deu
a conhecer o seu poder. Entretanto, mostrando-se também eles desconhecidos e
ingratos, muitas vezes serviram aos cultos de outras nações e mataram os justos
e profetas que lhes foram enviados.
Assim, quando o Filho
de Deus veio sobre a terra, após o insultarem, entregaram-no a Pôncio Pilatos,
governador romano, e o condenaram à morte de cruz, não respeitando os
benefícios que ele lhes havia feito, nem as incontáveis maravilhas que operara
entre eles; desta forma, pereceram por sua própria iniqüidade. Com efeito,
continuam ainda agora a adorar o único Deus onipotente, porém não segundo o
cabal conhecimento, já que negam a Cristo, Filho de Deus; são semelhantes aos
gentios, embora, de certo modo, pareçam cercar-se da verdade de que,
entretanto, se afastaram. Isto é o suficiente sobre os judeus...
O DEUS VIVO DOS CRISTÃOS E SEUS
COMPORTAMENTOS
XV. Os cristãos, por
sua parte, contam sua origem a partir do Senhor Jesus Cristo; este é professado
como sendo Filho do Deus Altíssimo no Espírito Santo, descido do céu para a
salvação dos homens. Foi gerado de uma virgem santa, sem gérmen nem corrupção;
fez-se carne e apareceu aos homens, para afastá-los do erro da existência de
muitos deuses. E, tendo cumprido sua admirável missão, sofreu a morte da cruz
por desígnio voluntário, segundo uma maravilhosa economia, e, após três dias,
ressuscitou e subiu aos céus. A glória de sua vinda poderás - ó Rei -
conhecê-la, se lerdes o que entre eles [=os cristão] se chama Escritura
Evangélica.
Este [Jesus] teve
doze discípulos, os quais, após sua ascensão aos céus, percorreram as províncias
do Império e ensinaram a grandeza de Cristo, de forma que um deles percorreu
esta nossa região pregando a doutrina da verdade. Daí que os que servem à
justiça de sua pregação são chamados "cristãos". E estes são os que
tem falado a verdade em todas as nações da terra, pois conhecem o Deus criador
é artífice do universo em seu Filho Unigênito e no Espírito Santo; eles não
adoram outro Deus senão este.
Os mandamentos do
mesmo Senhor Jesus Cristo trazem gravados em seus corações e são praticados,
esperando a ressurreição dos mortos e a vida do século que há de vir. Não
cometem adultério, não fornicam, não levantam falso testemunho, não cobiçam os
bens alheios, honram o pai e a mãe, amam aos seus próximos e julgam com
justiça.O que não querem que se lhes façam, não fazem aos outros. Aos que os
ofendem, os exortam e tentam ser amigos; empenham-se em fazer o bem aos seus
inimigos, são mansos e modestos. Se afastam de toda união ilegítima e de toda
impureza. Não desprezam a vida, não desamparam o órfão. Os que tem compartilham
abundantemente com os que não tem. Se vêem um forasteiro, o acolhem sob seu
teto e se alegram com ele como um verdadeiro irmão, pois não se chamam irmãos
segundo a carne, mas segundo a alma...
Estão dispostos a dar
suas vidas por Cristo porque guardam com firmeza os seus mandamentos, vivendo
santa e justamente segundo o que lhes ordenou o Senhor Deus. A Ele são dadas
graças a todo momento, por toda comida e bebida, bem como pelos demais bens...
Este é, portanto, verdadeiramente o caminho para o reino eterno, prometido por
Cristo para a vida vindoura.
E, para que saibas -
ó Rei - que não digo estas coisas por minha própria conta, inclina-te sobre as
Escrituras dos cristãs e verificarás que não digo nada além da verdade.
CONCLUSÃO
XVI. Assim, com toda razão compreendeu
o teu filho e foi ensinado a servir o Deus vivo, para salvar-se no século que
está por vir. Eis que grandes e maravilhosas são as coisas pregadas e operadas
pelos cristãos, pois não pregam palavras de homens, mas sim a de Deus. Pelo
contrário, as demais nações erram e a si mesmas se enganam pois, andando nas
trevas, se chocam uns contra os outros como bêbados.
XVII. Até aqui - ó Rei - dirigi-te este
meu discurso, cuja verdade foi trazida à minha mente. Por isso, que os teus
sábios insensatos parem imediatamente de falar contra o Senhor, pois convém a
todos vós venerar o Deus Criador e oferecer tudo às suas palavras
incorruptíveis a fim de que, escapando do juízo e dos castigos, sejais
declarados herdeiros da vida imperecível.
Pergunta ao Grupo:
1. Qual o versículo você deseja destacar neste texto?
2. Quais contribuições podemos retirar deste texto para a nossa espiritualidade?
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