quarta-feira, 7 de junho de 2017

13 - Aristides de Atenas (+130) - Apologia de Aristides (Cap XIII - XVI)

13
Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Aristides de Atenas (+130)
Apologia de Aristides (Cap XIII - XVI)

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CONCLUSÃO SOBRE A FALSA RELIGIÃO POLITEÍSTA

XIII. Assim, se extraviaram gravemente os egípcios, os caldeus e os gregos, introduzindo tais deuses, fazendo imagens deles, e divinizando os ídolos surdos e insensíveis.
E me admira como vendo seus deuses serrados, destruídos pelo fogo, cortados pelos artífices, envelhecidos pelo tempo, dissolvidos e fundidos não compreendam que não existem tais deuses pois, quando nenhuma força possuem para sua própria salvação, como poderão ter providência pelos homens?
Mas seus poetas e filósofos, querendo com seus poemas e obras glorificar os seus deuses, não têm feito outra coisa senão descobrir suas vergonhas e torná-las desnudas para todos; pois, se o corpo do homem, ainda que seja composto por muitas partes, não despreza nenhum de seus membros, mas, conservando-os todos em irrompível unidade, mantendo-se sempre unidos, como poderia ocorrer na natureza de Deus tamanha batalha e discórdia? Ora, se a natureza dos deuses é uma, não deve um deus perseguir outro deus, nem degolá-lo ou machucá-lo. E se os deuses têm perseguido uns aos outros, e se degolaram, roubaram e foram fulminados, já não há uma só natureza, mas pareceres divididos e todos maléficos, de forma que nenhum deles é Deus. Portanto, é claro - ó Rei - que toda a teoria sobre a natureza desses deuses é puro extravio.
E como não compreenderam os gregos sábios e eruditos que, ao estabelecer leis, seus deuses são condenados por essas leis? Pois se as leis são justas, são absolutamente injustos os seus deuses que fizeram coisas contra a lei, como mortes mútuas, feitiçarias, adultérios, roubos e uniões contra a natureza; e se tudo isto que fizeram foi bom, então as leis é que são injustas porque vão contra os deuses. Porém não é isto que ocorre: as leis são boas e justas, pois louvam o bom e proíbem o mau, e as obras dos deuses são ímpias. Ímpios são, portanto, os seus deuses; todos são réus de morte; ímpios também são aqueles que introduzem semelhantes deuses, porque se as histórias que são contadas são mitos, então os deuses não são nada mais que palavras; e se são físicas, já não são deuses os que tais coisas fizeram ou sofreram; e se são alegorias, são estórias e nada mais.
Fique provado então - ó Rei - que todos estes cultos para muitos deuses são obras que extraviam e levam à perdição, pois não se deve chamar deuses às coisas visíveis que não vêem, mas deve-se adorar ao Deus invisível que tudo vê e criou.

O DEUS DOS JUDEUS E SEUS DEVIOS DA VERDADE

XIV. Abordemos também - ó Rei - os judeus, para ver o que estes, por sua vez, pensam a respeito de Deus. Estes, sendo descendentes de Abraão, Isaac e Jacó, viveram como forasteiros no Egito e dali Deus os retirou com mão poderosa e braço excelso por meio de Moisés, legislador deles, e por muitos prodígios e sinais lhes deu a conhecer o seu poder. Entretanto, mostrando-se também eles desconhecidos e ingratos, muitas vezes serviram aos cultos de outras nações e mataram os justos e profetas que lhes foram enviados.
Assim, quando o Filho de Deus veio sobre a terra, após o insultarem, entregaram-no a Pôncio Pilatos, governador romano, e o condenaram à morte de cruz, não respeitando os benefícios que ele lhes havia feito, nem as incontáveis maravilhas que operara entre eles; desta forma, pereceram por sua própria iniqüidade. Com efeito, continuam ainda agora a adorar o único Deus onipotente, porém não segundo o cabal conhecimento, já que negam a Cristo, Filho de Deus; são semelhantes aos gentios, embora, de certo modo, pareçam cercar-se da verdade de que, entretanto, se afastaram. Isto é o suficiente sobre os judeus...

O DEUS VIVO DOS CRISTÃOS E SEUS COMPORTAMENTOS
XV. Os cristãos, por sua parte, contam sua origem a partir do Senhor Jesus Cristo; este é professado como sendo Filho do Deus Altíssimo no Espírito Santo, descido do céu para a salvação dos homens. Foi gerado de uma virgem santa, sem gérmen nem corrupção; fez-se carne e apareceu aos homens, para afastá-los do erro da existência de muitos deuses. E, tendo cumprido sua admirável missão, sofreu a morte da cruz por desígnio voluntário, segundo uma maravilhosa economia, e, após três dias, ressuscitou e subiu aos céus. A glória de sua vinda poderás - ó Rei - conhecê-la, se lerdes o que entre eles [=os cristão] se chama Escritura Evangélica.
Este [Jesus] teve doze discípulos, os quais, após sua ascensão aos céus, percorreram as províncias do Império e ensinaram a grandeza de Cristo, de forma que um deles percorreu esta nossa região pregando a doutrina da verdade. Daí que os que servem à justiça de sua pregação são chamados "cristãos". E estes são os que tem falado a verdade em todas as nações da terra, pois conhecem o Deus criador é artífice do universo em seu Filho Unigênito e no Espírito Santo; eles não adoram outro Deus senão este.
Os mandamentos do mesmo Senhor Jesus Cristo trazem gravados em seus corações e são praticados, esperando a ressurreição dos mortos e a vida do século que há de vir. Não cometem adultério, não fornicam, não levantam falso testemunho, não cobiçam os bens alheios, honram o pai e a mãe, amam aos seus próximos e julgam com justiça.O que não querem que se lhes façam, não fazem aos outros. Aos que os ofendem, os exortam e tentam ser amigos; empenham-se em fazer o bem aos seus inimigos, são mansos e modestos. Se afastam de toda união ilegítima e de toda impureza. Não desprezam a vida, não desamparam o órfão. Os que tem compartilham abundantemente com os que não tem. Se vêem um forasteiro, o acolhem sob seu teto e se alegram com ele como um verdadeiro irmão, pois não se chamam irmãos segundo a carne, mas segundo a alma...
Estão dispostos a dar suas vidas por Cristo porque guardam com firmeza os seus mandamentos, vivendo santa e justamente segundo o que lhes ordenou o Senhor Deus. A Ele são dadas graças a todo momento, por toda comida e bebida, bem como pelos demais bens... Este é, portanto, verdadeiramente o caminho para o reino eterno, prometido por Cristo para a vida vindoura.
E, para que saibas - ó Rei - que não digo estas coisas por minha própria conta, inclina-te sobre as Escrituras dos cristãs e verificarás que não digo nada além da verdade.


CONCLUSÃO

XVI. Assim, com toda razão compreendeu o teu filho e foi ensinado a servir o Deus vivo, para salvar-se no século que está por vir. Eis que grandes e maravilhosas são as coisas pregadas e operadas pelos cristãos, pois não pregam palavras de homens, mas sim a de Deus. Pelo contrário, as demais nações erram e a si mesmas se enganam pois, andando nas trevas, se chocam uns contra os outros como bêbados.

XVII. Até aqui - ó Rei - dirigi-te este meu discurso, cuja verdade foi trazida à minha mente. Por isso, que os teus sábios insensatos parem imediatamente de falar contra o Senhor, pois convém a todos vós venerar o Deus Criador e oferecer tudo às suas palavras incorruptíveis a fim de que, escapando do juízo e dos castigos, sejais declarados herdeiros da vida imperecível.

Pergunta ao Grupo:
1.      Qual o versículo você deseja destacar neste texto?

2.      Quais contribuições podemos retirar deste texto para a nossa espiritualidade? 


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