segunda-feira, 14 de maio de 2018

48 - Teófilo de Antioquia (†181) Primeiro Livro a Autólico (Capítulo 11 ao 14).


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48
Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Teófilo de Antioquia (†181)
Primeiro Livro a Autólico (Capítulo 11 ao 14)



Capítulo XI – Atitude para com o imperador
Por isso, eu honraria melhor ao imperador, embora não o adorasse, mas rogasse por ele. Adorar, eu adoro apenas ao Deus real e verdadeiramente Deus, pois sei que o imperador foi criado por ele. Então me perguntarás: “Por que não adoras o imperador?” Porque não foi constituído para ser adorado, mas para que se lhe tribute a legítima honra. Com efeito, ele não é Deus, mas homem estabelecido por Deus, não para ser adorado, mas para julgar com justiça. De certo modo, Deus lhe confiou uma administração e assim como ele próprio não quer que se chame de imperadores os que ele estabeleceu sob o seu poder, pois o nome “imperador” é particular seu, e a ninguém é permitido chamar-se dessa forma, da mesma forma a ninguém é lícito adorar senão a Deus. Portanto, ó homem, estás completamente equivocado em tudo. Honra ao imperador por tua adesão a ele, submetendo-te a ele, orando por ele. Fazendo isso, realizarás a vontade de Deus. A lei divina diz: “Meu filho, honra a Deus e ao rei, e não sejas desobediente a nenhum dos dois, pois eles se vingarão repentinamente de seus inimigos”.

Capítulo XII – O nome de cristão
Quanto ao fato de zombares de mim, chamando-me cristão, não sabes o que dizes. Primeiramente, o ungido é agradável e útil, e não tem nada de ridículo. Com efeito, qual navio pode ser útil e salvo se antes não for ungido? Que torre ou casa possui bela forma ou é útil se antes não for ungida? Qual homem, entrando no mundo ou indo ao combate, não se unge com azeite? Qual obra ou ornato pode ter bela aparência, se não é ungida e não se torna brilhante? Por fim, todo o ar e toda a terra sob o céu são de certo modo ungidos pela luz e pelo vento. E tu não queres ser ungido com o óleo de Deus? Nós nos chamamos cristãos porque nos ungimos com o óleo de Deus.

Capítulo XIII – Imagens da ressurreição na natureza
Retornemos à tua negação da ressurreição dos mortos. Tu dizes: “Mostra-me apenas um morto que tenha ressuscitado e eu acreditarei.” Em primeiro lugar, o que há de maravilhoso em creres naquilo que viste acontecer? Por outro lado, crês que Héracles, depois de queimar-se vivo, ainda vive, e que Asclépio, que foi fulminado, ressuscitou. E não crês no que Deus te diz? Talvez, se te mostrasse um morto ressuscitado e vivo, não acreditarias. Ora, Deus te mostra muitos indícios, para que creias nele. Se queres, considera a morte das estações, dos dias e das noites, como morrem e ressuscitam. Vê. Não há também uma ressurreição para as sementes e frutos, e isso para a utilidade dos homens? Assim, por exemplo, um grão de trigo ou de qualquer outra planta, uma vez jogado na terra, primeiro morre e se desfaz, depois ressuscita e se transforma em espiga. Do mesmo modo, segundo a ordenação de Deus, a natureza das árvores e plantas não produz, conforme os tempos, os seus frutos a partir do oculto e invisível? Ainda mais: às vezes um pardal ou outro pássaro qualquer engole a semente de uma pereira, de uma figueira ou de outra árvore, depois voa para um monte pedregoso ou sobre um túmulo, aí defeca e a semente que fora antes tragada e que passara por tão grande calor, retorna e se transforma em uma árvore.
A sabedoria de Deus realiza tudo isso para demonstrar, mesmo por esses exemplos, que ele é Deus poderoso para realizar a universal ressurreição de todos os homens. Se queres contemplar um espetáculo mais maravilhoso, que acontece para demonstrar não a ressurreição de coisas terrenas, mas das celestes, considera a ressurreição da lua, que acontece a cada mês, como ela se consome, morre e ressuscita novamente. Escuta ainda: a obra da ressurreição se realiza em ti mesmo, embora tu, ó homem, a desconheças. Provavelmente alguma vez, ficando doente, perdeste tuas carnes, tuas forças e aparência; ao recobrar a saúde, por misericórdia de Deus, recuperaste novamente teu corpo, tua força e tua aparência. E como não sabes para onde foram tuas carnes ao desvanecer-se, também não sabes como se formaram e de onde vieram. Tu dirás: “Dos alimentos e dos líquidos transformados em sangue”. Muito bem! Isso, porém, também é obra de Deus, que assim dispôs, obra dele e de nenhum outro.

Capítulo XIV – Exemplo pessoal de Teófilo
Portanto, não sejas incrédulo, mas acredita. Eu também não acreditava que isso existisse, mas agora, depois de refletir muito, eu creio; ao mesmo tempo, li as Sagradas Escrituras dos santos profetas, os quais, inspirados pelo Espírtio de Deus, predisseram o passado como aconteceu, o presente tal como acontece e o futuro tal como se cumprirá. Por isso, tendo a prova das coisas acontecidas depois de terem sido preditas não sou incrédulo, mas creio e obedeço a Deus. Eu te peço: submete-te também a ele, para que, não crendo agora, forçosamente tenhas que crer mais tarde em tormentos eternos. Exortação final Esses tormentos foram preditos pelos profetas, e os poetas e filósofos, posteriores a eles, os imitaram a partir das Sagradas Escrituras, para dar autoridade aos seus ensinamentos. Desse modo, eles também falaram antecipadamente dos castigos que recairão sobre os ímpios e incrédulos, para que ficassem testemunhados para todos e ninguém pudesse dizer: “Não ouvimos falar disso, nem sabemos”. Se queres, lê tu também com interesse as Escrituras dos profetas e elas te guiarão com mais clareza para escapares dos castigos eternos e alcançares os bens eternos de Deus. De fato, ele, que nos deu a boca para falar, que formou o ouvido para ouvir e fez os olhos para ver, examinará tudo e julgará com justiça, dando a cada um segundo os próprios méritos. Para aqueles que, segundo suas forças, buscam a incorruptibilidade através das boas obras, ele dará a vida eterna, a alegria, a paz, o descanso e uma multidão de bens, que nenhum olho viu, nenhum ouvido e nenhum coração humano sentiu; mas aos incrédulos, aos zombadores e aos que desobedecem à verdade e seguem a injustiça, depois de manchar-se com adultérios, fornicações, pederastias, avarezas e sacrílegas idolatrias, para esses, existirá a ira e a indignação, a tribulação e a angústia, e, por fim o fogo eterno se apoderará deles.
Amigo, tu replicaste: “Mostra-me teu Deus”. Pois bem: esse é o meu Deus, e te aconselho que o temas e creias nele.

·         O que desejo destacar no texto?
·         Como este texto serviu para a minha espiritualidade?


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