Natal
e os Pais da Igreja
Leão Magno: “ a bondade divina sempre olhou de vários modos e de muitas maneiras pelo bem do gênero humano, e são muitos os dons da sua providência, que na sua clemência concedeu nos séculos passados. Porém, nos últimos tempos superou os limites da sua habitual generosidade, quando, em Cristo, a própria Misericórdia desceu aos pecadores, a própria Verdade veio aos extraviados, e aos mortos veio a Vida. O Verbo, coeterno e igual ao Pai, assumiu a humildade da nossa natureza humana para nos unir à sua divindade, e Deus nascido de Deus, também nasceu de homem fazendo-se homem”.
Inácio de Antioquia: “Os mistérios clamorosos se
realizaram no silêncio de Deus: a virgindade de Maria, o seu parto e a morte do
Senhor”.
“No firmamento brilhou uma estrela maior do que
todas as outras! A sua luz era indescritível. A sua novidade causou estranheza.
Mas todos os demais astros, incluindo o Sol e a Lua, fizeram coro à Estrela.
Esta, porém, ia arremessando a sua luz por sobre todos os demais. Houve, por
isso, agitação. Donde lhes viria tão estranha novidade? Desde então, desfez-se
toda a magia; suprimiram-se todas as algemas do mal. Dissipou-se toda a
ignorância; o primitivo reino corrompeu-se, quando Deus se manifestou
humanamente para a novidade de uma vida eterna”.
Efrém, no século IV: “O menino que se encontra na
manjedoura … aquele que rompeu o jugo que a todos oprimia”. “Fazendo-se Ele
mesmo servo para nos chamar à liberdade”.
Santo Agostinho: “mesmo sem dizer nada, deu-nos uma
lição, como se irrompesse num forte grito: que aprendamos a tornar-nos ricos
nele que se fez pobre por nós; que busquemos nele a liberdade, tendo Ele mesmo
assumido por nós a condição de servo; que entremos na posse do céu, tendo Ele
por nós surgido da terra”.
“Alegremo-nos,
irmãos, rejubilem e alegrem-se os povos. Este dia tornou-se para nós santo não
devido ao astro solar que vemos, mas devido ao seu Criador invisível, quando se
tornou visível para nós, quando o deu à luz a Virgem Mãe”.
Prudêncio, poeta hispânico do século IV: “Com
crescente alegria brilhe o céu/ e dê-se parabéns a si a gozosa terra:/ de novo,
passo a passo, sobre o astro/ do dia aos seus caminhos anteriores…/ Oh! Santo
berço do teu presépio,/ eterno Rei, para sempre sagrado/ para todos os povos e
pelos próprios/ animais sem voz reconhecida”.
Agostinho: “Reconheçamos o verdadeiro dia e
tornemo-nos dia! Éramos, na verdade, noite quando vivíamos sem a fé em Cristo.
E uma vez que a falta de fé envolvia, como uma noite, o mundo inteiro,
aumentando a fé a noite veio a diminuir. Por isso, com o dia de Natal de Jesus
nosso Senhor a noite começa a diminuir e o dia cresce. Por isso, irmãos,
festejemos solenemente este dia; mas não como os pagãos que o festejam por
causa do astro solar; mas festejemo-lo por causa daquele que criou este sol.
Aquele que é o Verbo feito carne, para poder viver, em nosso benefício, sob
este sol: sob este sol com o corpo, porque o seu poder continua a dominar o
universo inteiro do qual criou também o sol. Por outro lado, Cristo com o seu
corpo está acima deste sol que é adorado, pelos cegos de inteligência, no lugar
de Deus que não conseguem ver o verdadeiro sol de justiça”.
Máximo, bispo de Turim no século IV: “Jesus é o
novo sol que atravessa as paredes, invade os infernos, perscruta os corações.
Ele é o novo sol que com os seus espíritos faz reviver o que está morto,
restaura o que está velho, levanta o que está decadente e purifica ainda, com o
seu calor, aquilo que é impuro, aquece o que está frio e consome o que o que
não presta”.
“Preparemo-nos pois, irmãos, para acolher o Natal
do Senhor, adornemo-nos com vestes puras e elegantes! Falo, claro está, das
vestes da alma, não do corpo… Adornemo-nos não com seda, mas com obras boas!
Pois as vestes elegantes ornam o corpo, mas não podem adornar a consciência;
pois seria muito vergonhoso trazer sob elegantes vestes elegantes, uma
consciência contaminada. Procuremos acima de tudo embelezar os nossos afetos
íntimos, e poderemos então vestir belas roupas; lavemos as manchas da alma para
usarmos dignamente roupas elegantes! Não adianta dar nas vistas pelas vestes se
estamos sujos em pecados, porque quanto a consciência está escura, todo o corpo
fica nas trevas”.
Efrém: “só um anjo anunciou a sua concepção,
enquanto que para o seu nascimento uma multidão de anjos O anunciaram”.
Romano Melode, poeta siríaco do século VI: “Terra e
céu rejubilem juntamente, diante do Emanuel que os profetas anunciaram, tornado
criança visível, que dorme num presépio”. “A alegria acaba de nascer numa
gruta. Hoje os coros dos anjos unem-se a todas as nações para celebrar.... Hoje
toda a humanidade, desde Adão, dança. Bendito seja Deus, recém-nascido”.
Leão Magno: “Nasceu hoje, irmãos, o nosso Salvador.
Alegremo-nos! Não pode haver tristeza quando nasce a vida; a qual, destruindo o
temor da morte, nos enche com a alegria da eternidade prometida. Ninguém está
excluído da participação nesta alegria; a causa desta alegria é comum a todos,
porque nosso Senhor, aquele que destrói o pecado e a morte, não tendo
encontrado ninguém isento de pecado, a todos veio libertar. Exulte o santo
porque está próxima a vitória; rejubile o pecador, porque é convidado ao perdão;
reanime-se o pagão, porque é chamado à vida… Por isso é que, quando o Senhor
nasceu, os anjos cantaram em alegria ‘glória a Deus nas alturas’ e anunciaram
‘paz na terra aos homens...’. Porque veem a Jerusalém celeste ser formada de
todas as nações do mundo, obra inexprimível do amor divino, que, se dá tanto
gozo aos anjos nas alturas do céu, que alegria não deverá dar aos homens cá na
terra?”
Agostinho de Hipona: “Hoje nasceu para nós o
Salvador. Nasceu, portanto, para todo o mundo o verdadeiro sol. Deus Fez-se
homem para que o homem se fizesse Deus. Para que o escravo se tornasse senhor,
Deus assumiu a condição de servo. Habitou na terra o morador do céu para que o
homem, habitante da terra, pudesse encontrar morada nos céus”.
“Ele está deitado numa manjedoura, mas contém o
universo inteiro; mama num seio materno, mas é o pão dos anjos; veio em pobres
panos, mas reveste-nos de imortalidade; é amamentado, mas é também adorado; não
encontrou lugar na estalagem, mas constrói para si um templo no coração dos
seus fiéis. Tudo isto para que a fraqueza se tornasse forte e a prepotência se
tornasse fraqueza. Por isso, não só não menosprezamos, mas mais admiramos o seu
nascimento corporal e reconhecemos neste acontecimento quanto a sua imensa
dignidade se humilhou por nós”.
“Aquele que
estava deitado na manjedoura fez-se frágil, mas não renunciou à sua condição
divina; assumiu aquilo que não era, mas permaneceu aquilo que era. Eis que
temos diante de nós Cristo menino: cresçamos juntamente com Ele”.
“Chama-se dia do Natal do Senhor a data em que a
Sabedoria de Deus se manifestou como criança e a Palavra de Deus, sem palavras,
imitou a voz da carne. A divindade oculta foi anunciada aos pastores pela voz
dos anjos e indicada aos magos pelo testemunho do firmamento. Com esta
festividade anual celebramos, pois, o dia em que se realizou a profecia: A
verdade brotou da terra e a justiça desceu do céu (Sl 84.12).
“Neste dia, o Verbo de Deus revestiu-se de carne e
nasceu de Maria virgem. Nasceu de modo admirável... Donde veio Maria? De Adão.
Donde veio Adão? Da terra. Se Adão veio da terra e Maria de Adão, também Maria
é terra. E se Maria é terra, entendemos quando cantamos: a verdade brotou da
terra”.
Gregório de Nazianzo: “Esta é a nossa festa. Isto
celebramos hoje: a vinda de Deus ao meio dos homens, para que, também nós
cheguemos a Deus… celebremos, pois, a festa: não uma festa popular, mas uma
festa de Deus, não como o mundo quer, mas como Deus quer; não celebremos as
nossas coisas mas as coisas daquele que é nosso Senhor”.
“Não embelezemos as portas das casas, não
organizemos festas, nem adornemos as estradas, não demos banquetes em nosso
proveito nem concertos para mero agrado dos ouvidos, não exageremos nos adornos
nem nas comidas… e tudo isto enquanto outros padecem fome e necessidades, esses
que nasceram do mesmo barro que nós”.
O que você destaca no texto?
Como ele te ajudou em sua espiritualidade?
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