terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Natal do Senhor

 

Natal do Senhor

Não havia lugar para eles na hospedaria 

Lucas 2.1-14

 

 

O que é o Natal para você?

Como sua família celebrava o Natal em sua infância?

Como o mundo celebra o Natal?

Como podemos evangelizar no Natal?

 

Natal do Senhor:

            A Celebração do Natal tem início no dia 24 de dezembro ao por do sol e permanece durante 8 dias. Este tempo é chamado de oitava de Natal. O verdadeiro Natal é um culto que prestamos ao Senhor em reconhecimento ao seu grande amor em nos ter dado Seu filho Jesus. Só existe celebração do Natal se existe culto ao Senhor. Natal é muito mais do que uma festa de família. É celebração ao Senhor que nasceu.

 

I. O que o Evangelho diz?

O povo de Israel esperava a vinda do Cristo (Messias) que nasceria em Belém para salvar o mundo. O Natal fala da concretização dessa esperança.

Lucas 2.1-14 nos informa que um recenseamento obrigou José e Maria a saírem de Nazaré e irem a Belém, pois ele era da família de Davi (1-5).

Os vv.6,7 dizem que “Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria”.

            Lucas narra também a manifestação dos anjos aos pastores que estavam próximos de Belém e guardavam seu rebanho durante as vigílias da noite (8).

O texto informa que um anjo do Senhor desce onde eles estavam (9) e disse (10,11): “Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor”. O sinal dado foi a manjedoura (12).

            Logo em seguida, apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem (13,14).

            Os pastores obedecem a voz do anjo e vão a Belém adorar o menino Jesus. 

            Esta é a mensagem de Natal: o Cristo que nasceu em Belém é o Salvador e Senhor. Ele não excluiu ninguém. Todos são chamados ao arrependimento e ao encontro com Deus.

 

II. O que o Evangelho me diz?

·         O que o Evangelho está falando comigo hoje?

·         Não havia lugar para eles na hospedaria. Hoje há lugar para Jesus em nosso coração e nas festas da nossa família?

·         Tenho vivido realmente o significado do Natal?

·         Tenho deixado tudo para ir adorar Jesus assim como os pastores fizeram?

·         Tenho sido testemunha da graça de Deus a todos os homens?

·         Natal só é alergia para todos os homens quando evangelizo. Tenho evangelizado os corações?

·         O Evangelho me diz que preciso divulgar a mensagem do Natal a todos os homens. Somente desta forma esta data será alegria para todos os povos. 

 

III. Qual o compromisso que assumirei?

Depois deste estudo, qual o compromisso que assumirei com Deus?

Onde posso melhorar?

 

IV. O que digo a Deus depois da meditação neste Evangelho?

            Senhor. Obrigado pelo Natal de Jesus. Desejo ser um evangelista para poder colocar a alegria do Natal em cada coração. Que eu possa viver a presença de Deus e compartilhar esta presença para todos os homens. Ajuda-me a viver o Evangelho de tal forma que Jesus venha nascer nos corações. Por Cristo Jesus, seu Filho que nasceu em Belém, na unidade do Espírito Santo. Um só Deus agora e sempre. Amém.

 

Frase da Semana: “Só existe Natal quando deixo Jesus nascer em minha vida e quando testemunho a graça do seu nascimento”.

 

Versículo para guardar no coração: “Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor”. (Lucas 2.10,11). 

 

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Natal na Espiritualidade Clássica

 


Natal na Espiritualidade Clássica

 

"Deus Onipotente, que nos deste teu unigênito Filho para que tomasse sobre si a nossa natureza, e nascesse neste tempo de uma Virgem; concede que nós, renascidos e feitos teus filhos por adoção e graça, sejamos de dia em dia renovados por teu Santo Espírito; mediante nosso Senhor Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém" (Livro de Oração Comum – Século XVI). 

 

 “Alegremo-nos, irmãos, rejubilem e alegrem-se os povos. Este dia tornou-se para nós santo não devido ao astro solar que vemos, mas devido ao seu Criador invisível, quando se tornou visível para nós, quando o deu à luz a Virgem Mãe” (Agostinho de Hipona – 354-430).

 

“A bondade divina sempre olhou de vários modos e de muitas maneiras pelo bem do gênero humano, e são muitos os dons da sua providência, que na sua clemência concedeu nos séculos passados. Porém, nos últimos tempos superou os limites da sua habitual generosidade, quando, em Cristo, a própria Misericórdia desceu aos pecadores, a própria Verdade veio aos extraviados, e aos mortos veio a Vida. O Verbo, coeterno e igual ao Pai, assumiu a humildade da nossa natureza humana para nos unir à sua divindade, e Deus nascido de Deus, também nasceu de homem fazendo-se homem”. (Leão Magno – 390-461).

 

“Ele está deitado numa manjedoura, mas contém o universo inteiro; mama num seio materno, mas é o pão dos anjos; veio em pobres panos, mas reveste-nos de imortalidade; é amamentado, mas é também adorado; não encontrou lugar na estalagem, mas constrói para si um templo no coração dos seus fiéis. Tudo isto para que a fraqueza se tornasse forte e a prepotência se tornasse fraqueza. Por isso, não só não menosprezamos, mas mais admiramos o seu nascimento corporal e reconhecemos neste acontecimento quanto a sua imensa dignidade se humilhou por nós” (Agostinho – 354-430). 

 

 “Esta é a nossa festa. Isto celebramos hoje: a vinda de Deus ao meio dos homens, para que, também nós cheguemos a Deus… celebremos, pois, a festa: não uma festa popular, mas uma festa de Deus, não como o mundo quer, mas como Deus quer; não celebremos as nossas coisas mas as coisas daquele que é nosso Senhor” (Gregório de Nazianzo). 

 

“O menino que se encontra na manjedoura … aquele que rompeu o jugo que a todos oprimia”. “Fazendo-se Ele mesmo servo para nos chamar à liberdade”. (Efrém, no século IV).  

 

 “Mesmo sem dizer nada, deu-nos uma lição, como se irrompesse num forte grito: que aprendamos a tornar-nos ricos nele que se fez pobre por nós; que busquemos nele a liberdade, tendo Ele mesmo assumido por nós a condição de servo; que entremos na posse do céu, tendo Ele por nós surgido da terra”. (Agostinho de Hipona – 354-430).

 

“Reconheçamos o verdadeiro dia e tornemo-nos dia! Éramos, na verdade, noite quando vivíamos sem a fé em Cristo. E uma vez que a falta de fé envolvia, como uma noite, o mundo inteiro, aumentando a fé a noite veio a diminuir. Por isso, com o dia de Natal de Jesus nosso Senhor a noite começa a diminuir e o dia cresce. Por isso, irmãos, festejemos solenemente este dia; mas não como os pagãos que o festejam por causa do astro solar; mas festejemo-lo por causa daquele que criou este sol. Aquele que é o Verbo feito carne, para poder viver, em nosso benefício, sob este sol: sob este sol com o corpo, porque o seu poder continua a dominar o universo inteiro do qual criou também o sol. Por outro lado, Cristo com o seu corpo está acima deste sol que é adorado, pelos cegos de inteligência, no lugar de Deus que não conseguem ver o verdadeiro sol de justiça” (Agostinho de Hipona – 354-430).

 

 

 

“Com crescente alegria brilhe o céu e dê-se parabéns a si a gozosa terra: de novo, passo a passo, sobre o astro do dia aos seus caminhos anteriores… Oh! Santo berço do teu presépio, eterno Rei, para sempre sagrado para todos os povos e pelos próprios animais sem voz reconhecida” (Prudêncio, poeta hispânico do século IV).

 

“A virgem deu a luz, quem explicará? O Verbo se fez carne; quem explanará este mistério? Se o verbo de Deus vagiu na boca de uma criança, como poderá falar dele o homem cheio de imperfeição? Mas como a estrela iluminou os magos em busca da luz, assim a palavra do pregador deve dar a conhecer a seus ouvintes o nascimento de Deus, a fim de se regozijarem com o encontro com Cristo e, mais que perscrutarem  seus divinos segredos, honrarem com dádivas  o Menino-Deus.. Orai irmãos meus, para que se digne crescer, pouco a pouco, em minha palavra, aquele que aceitou crescer num corpo como o nosso.” Pedro Crisólogo  (406-450).

 

 “Jesus é o novo sol que atravessa as paredes, invade os infernos, perscruta os corações. Ele é o novo sol que com os seus espíritos faz reviver o que está morto, restaura o que está velho, levanta o que está decadente e purifica ainda, com o seu calor, aquilo que é impuro, aquece o que está frio e consome o que o que não presta” (Máximo, bispo de Turim no século IV).

 

“Preparemo-nos pois, irmãos, para acolher o Natal do Senhor, adornemo-nos com vestes puras e elegantes! Falo, claro está, das vestes da alma, não do corpo… Adornemo-nos não com seda, mas com obras boas! Pois as vestes elegantes ornam o corpo, mas não podem adornar a consciência; pois seria muito vergonhoso trazer sob elegantes vestes elegantes, uma consciência contaminada. Procuremos acima de tudo embelezar os nossos afetos íntimos, e poderemos então vestir belas roupas; lavemos as manchas da alma para usarmos dignamente roupas elegantes! Não adianta dar nas vistas pelas vestes se estamos sujos em pecados, porque quanto a consciência está escura, todo o corpo fica nas trevas” (Máximo de Turim - †423).

 

 

 “Terra e céu rejubilem juntamente, diante do Emanuel que os profetas anunciaram, tornado criança visível, que dorme num presépio”. “A alegria acaba de nascer numa gruta. Hoje os coros dos anjos unem-se a todas as nações para celebrar.... Hoje toda a humanidade, desde Adão, dança. Bendito seja Deus, recém-nascido” (Romano Melode, poeta siríaco do século VI).

 

 

“Nasceu hoje, irmãos, o nosso Salvador. Alegremo-nos! Não pode haver tristeza quando nasce a vida; a qual, destruindo o temor da morte, nos enche com a alegria da eternidade prometida. Ninguém está excluído da participação nesta alegria; a causa desta alegria é comum a todos, porque nosso Senhor, aquele que destrói o pecado e a morte, não tendo encontrado ninguém isento de pecado, a todos veio libertar. Exulte o santo porque está próxima a vitória; rejubile o pecador, porque é convidado ao perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida… Por isso é que, quando o Senhor nasceu, os anjos cantaram em alegria ‘glória a Deus nas alturas’ e anunciaram ‘paz na terra aos homens...’. Porque veem a Jerusalém celeste ser formada de todas as nações do mundo, obra inexprimível do amor divino, que, se dá tanto gozo aos anjos nas alturas do céu, que alegria não deverá dar aos homens cá na terra?” (Leão Magno – 390-461).

 

“Hoje nasceu para nós o Salvador. Nasceu, portanto, para todo o mundo o verdadeiro sol. Deus Fez-se homem para que o homem se fizesse Deus. Para que o escravo se tornasse senhor, Deus assumiu a condição de servo. Habitou na terra o morador do céu para que o homem, habitante da terra, pudesse encontrar morada nos céus” (Agostinho – 354-430).  

 

“Aquele que estava deitado na manjedoura fez-se frágil, mas não renunciou à sua condição divina; assumiu aquilo que não era, mas permaneceu aquilo que era. Eis que temos diante de nós Cristo menino: cresçamos juntamente com Ele” (Agostinho – 354-430). 

 

 

“Chama-se dia do Natal do Senhor a data em que a Sabedoria de Deus se manifestou como criança e a Palavra de Deus, sem palavras, imitou a voz da carne. A divindade oculta foi anunciada aos pastores pela voz dos anjos e indicada aos magos pelo testemunho do firmamento. Com esta festividade anual celebramos, pois, o dia em que se realizou a profecia: A verdade brotou da terra e a justiça desceu do céu” (Sl 84.12). (Agostinho – 354-430). 

 

domingo, 4 de dezembro de 2022

220 - Hilário de Poitiers (315-368) - O Tratado da Santíssima Trindade - Livro Sétimo (Capítulos 24 - 28).

 




Hilário de Poitiers (315-368)

O Tratado da Santíssima Trindade

Livro Sétimo (Capítulos 24 - 28)


 


Divisão do Tratado

O Tratado está dividido em 12 livros.

O livro I começa autobiografia. Refere-se às heresias e apresenta um plano geral do trabalho.

O livro II é um resumo da doutrina da Trindade.

O livro III trata do mistério da distinção e unidade do Pai e do Filho.

No livro IV o autor apresenta a carta de Ário a Alexandre de Alexandria e demonstra a divindade de Filho a partir de citações tiradas do Antigo Testamento.

O livro V também cita o Antigo Testamento para demonstrar a divindade do Filho, que não é um outro Deus ao lado do Pai.

O livro VI refere-se novamente à carta de Ário e argumenta a partir do Novo Testamento.

O livro VII demonstra, também a partir do testemunho da Escritura, que o Pai e o Filho são um só Deus porque têm a mesma natureza.

 

Capítulo 24.

1.     Tu te enfureceste com o mistério desta palavra: Eu e o Pai somos Um. Quando o judeu diz: Sendo um homem, tu te fazes Deus, tu, com igual impiedade, dizes: Sendo criatura, te fazes Deus (pois dizes: Não és Filho pela natividade, não és Deus verdadeiro, és a criatura mais excelente que as outras, mas não és nascido para ser Deus, porque não admito natividade de uma natureza vinda do Deus Incorpóreo. Tu e o Pai não sois Um, e tu nem és Filho, nem és semelhante, nem és Deus).

2.     O Senhor responde aos judeus, porém a resposta é mais adaptada à tua impiedade: Não está escrito na Lei: “Porque eu disse, sois deuses”. Se, portanto, chama deuses àqueles aos quais se dirigiu a palavra de Deus, e não se pode negar a Escritura, Aquele que o Pai santificou e enviou a este mundo, vós dizeis que blasfemou por ter dito: “Sou Filho de Deus”? Se não faço as obras do Pai, não creiais em mim mas se as faço, e não quereis crer em mim, crede nas obras, para que saibais e conheçais que o Pai está em mim, e eu nele (Jo 10,34-38).

3.     O motivo da resposta foi a acusação de blasfêmia. Pois foi-lhe imputado o crime de, sendo homem, fazer-se Deus. Acusavam-no de se fazer de Deus por ter dito: Eu e o Pai somos Um.

4.     Para demonstrar que Ele e o Pai são Um pela própria natureza da natividade, em primeiro lugar refuta a inépcia da ridícula acusação dos que consideravam crime fazer-se Deus, sendo homem. Se a Lei atribui aos santos homens esta apelação e a palavra imperecível de Deus confirmou esta atribuição do nome, como então Aquele a quem o Pai santificou, e a quem enviou a este mundo, seria blasfemo ao  confessar ser Filho de Deus, quando a imperecível palavra de Deus considerou ser deuses aqueles que a Lei assim denominou? Portanto, já não é crime que, sendo Homem, se faça Deus, quando, aos que são homens, a Lei chamou de deuses.

5.     Aquele a quem Deus santificou (toda a resposta aqui é sobre o Homem, porque o Filho de Deus é também Filho do Homem) não parece ter usurpado este direito, ao se chamar a si mesmo de Filho de Deus, já que se avantaja aos outros, que podem, sem ofensa à divindade, ser chamados de deuses, pelo fato de ser santificado como Filho.

6.     São Paulo nos dá o conhecimento desta santificação ao dizer: que antes prometera, pelos Profetas na Sagrada Escritura, a respeito de seu Filho, nascido da estirpe de Davi, segundo a carne, e estabelecido Filho de Deus com poder, segundo o Espírito de santidade (Rm 1,2-4).

7.     Cesse, portanto, a acusação de blasfêmia, por dizer que é Deus, sendo Homem, pois a palavra de Deus deu a muitos este nome, e Aquele que foi santificado e enviado pelo Pai não declarou outra coisa senão ser Filho de Deus.

 

Capítulo 25.

8.     Não há mais lugar, assim penso, para a ambigüidade, pelo fato de ter sido dito, a respeito da natureza recebida por nascimento, Eu e o Pai somos Um.

9.     Pois, quando os judeus o censuraram porque, com suas palavras, sendo homem, se fazia Deus, sua resposta confirmou que a palavra Eu e o Pai somos Um mostra que Ele é o Filho de Deus, primeiro pelo nome, em seguida pela natureza, finalmente pela natividade. Pois eu e o Pai são nomes de realidades.

10. Um é declaração da natureza, porque não difere aquilo que um e outro são; somos não permite pensar que sejam uma só pessoa. E porque somos um não significa unicidade de pessoa, é a natividade que os faz serem um. Tudo isso provém de que Aquele que foi santificado pelo Pai se tenha declarado Filho de Deus.

11. A declaração de que é Filho de Deus confirma as palavras Eu e o Pai somos Um; porque não é possível que a natividade possa trazer uma natureza diferente daquele da qual subsiste.

 

Capítulo 26.

12. A palavra do Deus Unigênito consuma todo o mistério da nossa fé, pois, respondendo à acusação de que, sendo homem, se fazia Deus, para que a palavra Eu e o Pai somos Um fosse absoluta e perfeitamente compreendida, acrescentou logo: Vós dizeis que blasfemei, quando disse: Sou Filho de Deus. Se não faço as obras do Pai, não creiais em mim; mas se as faço, e não quereis crer em mim, crede nas obras; para que saibais e conheçais que o Pai está em mim, e eu nele (Jo 10,36-38).

13. Já não há esperança de salvação para a desenfreada audácia e para a consciência cuja completa impiedade é professada sem escrúpulo.

14. Se alguém já perdeu a religião e não se envergonha de sua estultice, contradizer a isto significa mais insensatez do que ignorância.

15. O Senhor dissera Eu e o Pai somos Um. Este é o mistério da natividade: que o Pai e o Filho existam na unidade da natureza. E se a presunção de possuir a natureza era considerada crime, revela a razão da presunção. Pois diz: Se não faço as obras do Pai, não creiais em mim (Jo 10,37).

16. Se não faz as obras do Pai, não se deve crer nele quando declara ser Filho de Deus. Portanto, o que nasceu não tem uma natureza nova e alheia porque se deve crer no Filho por realizar as obras do Pai.

17. Como pode existir aqui adoção ou concessão de um nome, para que se possa negar ser Filho de Deus por natureza, quando se deve crer que Ele é Filho de Deus, pelas obras provindas da natureza paterna?

18. A criatura não se iguala nem é semelhante a Deus. Não se pode comparar a Ele o poder de uma natureza diversa. Somente se pode crer, sem impiedade, que Aquele que nasce como Filho seja igual a Ele, pois tudo o que está fora dele só pode ser equiparado a Ele com injúria para a honra de seu poder divino.

19. Se fosse possível encontrar algo que não procede dele, semelhante a Ele e com o mesmo poder, perder-seia o privilégio de Deus, ao compartilhá-lo com um igual. Já não seria o Deus Uno, se não fosse diferente de um outro deus.

20. Ao contrário, não há desonra na igualdade das características próprias, porque o que é semelhante a Ele é dele. O que, pela semelhança, se lhe compara, procede dele e o que pode realizar suas obras não existe fora dele.

21. Significa um acréscimo de dignidade ter gerado, sem alienar a sua natureza, a quem tem este poder.

22. O Filho realiza as obras do Pai e por isso pede que se creia ser Filho de Deus.

23. Não é arrogante presunção pedir para ser aprovado somente por aquilo que realiza. Atesta que não faz as suas obras, mas as do Pai, para que não aconteça que, pela magnificência dos atos, se retire dele a condição de Filho.

24. E porque, sob o mistério do corpo assumido e do Homem nascido de Maria, não se poderia entender ser Ele o Filho de Deus, pede-nos que tenhamos fé por causa de suas obras, quando diz: Mas se as faço, e não quereis crer em mim, crede pelas obras (Jo 10,38).

25. Não quer que se creia que é Filho de Deus, a não ser pelas obras do Pai que Ele realiza. Porque, se realiza as obras e, pela humildade do corpo, parece indigno da profissão de fé, pede que creiamos nas obras.

26. Por que o mistério do nascimento como homem impedirá que se reconheça o nascimento divino, se o que nasceu de Deus realiza toda a sua obra sob o ministério do Homem assumido?

27. Se, portanto, não se crê, pelas obras, que o Homem seja Filho de Deus, que se acredite nas obras como sendo do Filho de Deus, porque não se pode negar que sejam obras de Deus.

28. O Filho de Deus, por seu nascimento, tem em si tudo o que é de Deus. A obra do Filho é obra do Pai, porque o que nasce não pode existir fora da natureza da qual subsiste e tem em si a natureza da qual subsiste.

 

Capítulo 27.

29. Fazendo as obras do Pai e pedindo que, se não cressem nele, cressem ao menos pelas obras, teve de demostrar que obras eram estas em que se devia crer. É o que se segue: Mas se as faço, e não quereis crer em mim, crede nas obras, para que saibais e conheçais que o Pai está em mim, e eu nele (Jo 10,38).

30. Isto é o mesmo que dizer: sou o Filho de Deus; e: Eu e o Pai somos Um. É esta a natureza da natividade, é este o mistério da fé salutar: não dividir a unidade, nem excluir da natureza divina o que nasceu e confessar a realidade do Deus vivo, que procede do Deus vivo.

31. O que é a vida não subsiste vindo de partes compostas e inanimadas, o que é a força não é formado de elementos fracos, o que é luz não se coaduna com o que é obscuro, o que é Espírito não é formado de coisas díspares.

32. Tudo nele é uno, de modo que o que é Espírito, também seja luz, força, vida, e o que é vida seja luz, força e Espírito.

33. O que diz: Eu sou e não mudo (Ml 3,6) não se divide em partes nem muda de gênero. O que acima se disse não existe nele como diversas partes, mas constitui um todo uno e perfeito pois o Deus vivo é tudo.

34. Ele é o Deus vivo e o eterno poder da natureza viva. O que nasce dele com o mistério de sua ciência não pode ter nascido a não ser como vivente. Ao dizer: Assim como o Pai que vive me enviou, e eu vivo pelo Pai (Jo 6,59), ensinou estar nele a vida, pelo Pai que vive.

35. Ao dizer: Assim como o Pai tem a vida em si mesmo, também deu ao Filho ter a vida em si mesmo (Jo 5,26), atestou que tudo o que em si é vivo vem do que vive.

36. E porque nasceu vivo daquele que vive, tem o dom da natividade, sem uma nova natureza. Não é novo o que é gerado vivo daquele que é vivo, porque não se obtém a vida a partir do nada para que se dê o nascimento.

37. A vida que recebe da vida o nascimento deve estar, forçosamente, no que vive e deve ter em si, como vivo, o que vive pela unidade de natureza e pelo mistério do nascimento perfeito e indizível.

 

Capítulo 28.

38. Lembramo-nos de ter advertido, no início da explanação, que as comparações humanas não correspondem satisfatoriamente às realidades divinas; iluminam, con tudo, em parte, nossa inteligência para compreender os exemplos, a partir de formas corporais.

39. Pergunta aos que conhecem o modo de ser da natividade humana se não permanece nos pais a origem dos que nascem. Os elementos inanimados e disformes, pelos quais se inicia o processo do nascimento, passam para outro ser humano, permanecendo, no entanto, em virtude da natureza, dentro de ambos.

40. Por ter dado origem a uma natureza igual, o que gera continua no que nasce. O que nasce continua no que gera, pela natividade recebida, cujo poder, apesar de derivado, não é retirado. Citamos isto para compreensão da natividade humana, não como exemplo perfeito da natividade do Deus Unigênito, porque a fraqueza da natureza humana se forma com elementos desiguais e se compõe de coisas inanimadas.

41. O que é gerado nela, nem vive imediatamente nela, nem participa inteiramente da vida, já que são muitas as coisas que, tendo crescido, desaparecem sem que a sua natureza o perceba. Em Deus, porém, tudo o que existe vive. Pois Deus é a vida e da vida não pode sair nada que não seja vivo. O nascimento não se dá por emanação, mas pelo poder divino. Em Deus tudo vive, e o que dele nasce  é inteiramente poder. Há nascimento, mas não há mudança; Deus comunica a natureza ao que dele procede, mas não perde a natureza. Continua no Filho ao qual deu o ser, devido à semelhança da natureza não diferenciada, e o Filho, ao nascer, não perde a natureza pela qual vive a partir daquele que vive.

 

O que você destaca no texto?

Como ele serve para sua espiritualidade?

domingo, 27 de novembro de 2022

219 - Hilário de Poitiers (315-368) - O Tratado da Santíssima - Trindade Livro Sétimo (Capítulos 20 - 23)

 


219

Hilário de Poitiers (315-368)

O Tratado da Santíssima Trindade

Livro Sétimo (Capítulos 20 - 23)



Divisão do Tratado

O Tratado está dividido em 12 livros.

O livro I começa autobiografia. Refere-se às heresias e apresenta um plano geral do trabalho.

O livro II é um resumo da doutrina da Trindade.

O livro III trata do mistério da distinção e unidade do Pai e do Filho.

No livro IV o autor apresenta a carta de Ário a Alexandre de Alexandria e demonstra a divindade de Filho a partir de citações tiradas do Antigo Testamento.

O livro V também cita o Antigo Testamento para demonstrar a divindade do Filho, que não é um outro Deus ao lado do Pai.

O livro VI refere-se novamente à carta de Ário e argumenta a partir do Novo Testamento.

O livro VII demonstra, também a partir do testemunho da Escritura, que o Pai e o Filho são um só Deus porque têm a mesma natureza.

 

Capítulo 20.

1.     E em seguida, para que, devido às palavras dá a vida a quem quer, não parecesse possuir a natureza pela natividade e seu poder não parecesse ser o daquele que nasceu do Pai, imediatamente acrescenta: Porque o Pai a ninguém julga, mas entregou ao Filho todo o julgamento (Jo 5,22).

2.     Pelo fato de ter-lhe sido entregue todo julgamento, se demonstra tanto a natureza como o nascimento, porque ter tudo somente pode a natureza não diferente da do Pai. Por outro lado, o que é nascido não pode ter algo, a menos que lhe seja dado.

3.     Mas todo julgamento lhe foi dado, porque dá a vida a quem quer. Não se pode pensar ter sido o julgamento retirado do Pai porque Ele não julga, porque o poder de julgar do Filho provém do poder de julgar do Pai, por quem foi dado todo o julgamento.

4.     A causa pela qual foi dado o julgamento não está velada, pois seguese: entregou ao Filho todo o julgamento, a fim de que todos honrem o Filho como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou (Jo 5,22-23).

5.     Que possibilidade existe, ainda, de suspeita, ou que motivo para a impiedade ainda pode haver? O Pai não julga ninguém, mas entregou ao Filho todo o julgamento.

6.     A razão para entregar o julgamento consiste em ter o Filho honra igual à do Pai.

7.     Logo, quem desonra o Filho, desonra também o Pai. Como se pode, depois disso, entender que haja uma natureza diferente no que nasceu, quando não apenas as obras, a virtude, a honra, mas também a desonra, quando lhe negam a honra, são iguais?

8.     A resposta divina não se refere a outra coisa senão ao mistério do nascimento divino, e não se deve distinguir o Filho do Pai, a não ser ensinando que nasceu, mas que não tem uma natureza diferente.

 

Capítulo 21.

9.     O Pai trabalha até agora e também o Filho trabalha. Tens os nomes que indicam a natureza, quando o Pai trabalha e o Filho trabalha.

10. Entende também a natureza operante de Deus, pela qual Deus opera. E para que, talvez, não julgues dever entender duas operações de natureza dessemelhante, lembra-te do que foi dito a respeito do cego: para que se manifestem nele as obras de Deus, devo realizar as obras daquele que me enviou (Jo 9,3).

11. Porque é o Filho quem opera, é obra do Pai, e a obra do Filho é obra de Deus. A palavra seguinte é ainda sobre as obras. Até agora a minha resposta nada esclareceu, a não ser que toda a obra se refere a ambos.

12. A natureza de ambos não se diferencia no operar, visto que o Pai opera, e também o Filho opera. Para que não se pense que o Senhor do sábado trabalha no sábado (pois o Filho do Homem é senhor do sábado – Lc 6,5), saiba-se que, pela natureza da natividade, sua obra tinha em si a autoridade paterna.

13. Por conseguinte, não se confunde nem é abolida a natureza, de forma a não ser o Filho. Também não se exclui a natureza, de forma a não ser Deus; nem se distinguem pela diversidade, de forma a não serem Um; e o fato de serem Um não significa que não sejam um e outro.

14. Em primeiro lugar, reconhece o Filho, quando diz: O Filho, por si mesmo, nada pode fazer, mas só aquilo que vê o Pai fazer (Jo 5,19). Tens a natividade do Filho, que, por si mesmo, nada pode fazer, a não ser que veja o Pai fazer.

15. Dizendo que nada poder fazer por si mesmo, afasta o erro dos que professam sua inascibilidade, pois o que nasceu não pode operar por si mesmo.

16. Mas, porque vê, revela o conhecimento da natureza consciente de si mesma. Reconhece agora a verdadeira natureza de Deus nele: Tudo o que o Pai faz, o mesmo também o Filho faz de modo semelhante (Jo 5,19).

17. Depois do poder da natureza, entende o poder da unidade indiferenciável: a fim de que todos honrem o Filho assim como honram o Pai que o enviou (Jo 5,23).

18. E para que a unidade da natureza não se confunda com a unidade de um solitário, aprende pelo mistério da fé: Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou. Fechados estão todos os caminhos para os estratagemas do furor herético.

19. É Filho, porque por si mesmo nada pode fazer; é Deus, porque faz tudo e o mesmo que o Pai faz. São Um, porque se igualam na honra.

20. O Filho faz o mesmo que o Pai e não outra coisa. Ele não é o mesmo que o Pai, porque foi enviado.

21. Somente o nascimento tem este mistério, já que nele se contêm o nome, a natureza, o poder e a confissão, porque tudo o que nasce não pode deixar de ter em si a natureza daquele princípio de onde nasceu.

22. Não recebe de algo exterior a substância, porque vindo do que é Um, não subsiste como diferente.

23. Tudo o que não é alheio a si mesmo é Um na natureza e o que é Um pelo nascimento não é compatível com a solidão, porque a solidão é própria de um sozinho, e a unidade da natividade se refere aos dois.

 

Capítulo 22.

24. Além disso, apresenta-se o testemunho da sentença de Deus sobre si mesmo: Minhas ovelhas escutam minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem; eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão e ninguém as arrebatará de minha mão. O que o Pai me deu, é maior que tudo. Ninguém o poderá arrebatar da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos Um (Jo 10,27-30).

25. Quem, indago, quer embotar nossa inteligência pelo rudeestupor da mente, de sorte que não entre em nosso entendimento o que foi dito de modo tão claro? Ou que orgulho de espírito tão insolente ilude a fraqueza humana, para que os que aderem ao conhecimento de Deus julguem, por estas palavras, que não deve ser entendido pelos meios pelos quais é conhecido? Devem ser apresentados outros Evangelhos para nos ensinar? Se somente estes Evangelhos ensinaram sobre Deus, por que não cremos no que ensinaram? Se somente deles vem o conhecimento, por que de onde vem conhecimento não vem também a fé?

26. Quando se descobre que a fé se opõe ao conhecimento, esta fé já não vem do conhecimento, mas sim do crime de assumir para si a fé contrária ao conhecimento confessado.

27. O Deus Unigênito, consciente de sua natureza, indica, com a maior clareza possível, o inenarrável mistério da própria natividade, para a confissão da nossa fé.

28. Deve-se entender que Ele existe na natureza de Deus e que, sendo Um com o Pai e confessando-se tal, não pode ser pensado como solitário. Também não se pode pensar que Ele seja o próprio Pai, perdendo assim sua condição de Filho.

29. Afirma, em primeiro lugar, o poder da natureza, quando diz a respeito de suas ovelhas: Ninguém as arrebatará de minha mão (Jo 10,28). É a palavra de quem, consciente de sua autoridade, proclama a liberdade de um poder inabalável, pelo fato de ninguém arrebatar as ovelhas de sua mão.

30. Porque a sua natureza deve ser entendida como vinda de Deus, acrescenta: O que o Pai me deu é maior do que tudo (Jo 10,29).

31. Não esconde ter nascido do Pai, porque o que recebeu do Pai é maior do que tudo. O que recebeu, possui o que recebe por ter nascido, não depois. No entanto, vem de outro, porque recebe de outro. Para que não se pense que Aquele que recebe é diferente por natureza daquele de quem recebe, diz: Ninguém o arrebatará da mão de meu Pai.

32. De sua mão ninguém arrebata, porque recebe do Pai o que é maior do que tudo. Que quer dizer uma declaração tão diferente: que ninguém arrebata da mão de seu Pai?

33. A mão é do Filho, que recebe do Pai, e é também a mão do Pai, que deu ao Filho. Como não se arrebata da mão do Filho aquilo que não se arrebata da mão do Pai?

34. Se perguntas como, entende: Eu e o Pai somos Um (Jo 10,30). A mão do Filho é a mão do Pai. A natureza não degenera pela natividade, de forma a não ser a mesma, e o fato de ser a mesma não prejudica a idéia da natividade, porque a natividade não admite em si nada de alheio.

35. Pela referência ao que é corpóreo, poderás conhecer o poder da mesma natureza, lembrando-te de que a mão do Filho é a mão do Pai, porque a natureza e o poder do Pai estão no Filho.

36. Finalmente, para que reconheças, pelo mistério da natividade, a verdade da unidade da natureza, foi dito: Eu e o Pai somos Um.

37. Porque são Um, não se pense que há distinção de natureza nem que se trata de um ser solitário, pois é próprio do nascimento e da geração não haver uma natureza diferente no que gera e no que é gerado.

 

Capítulo 23.

38. Permanece, enquanto se pode entender, a vontade das mentes perversas, embora não produza mais seu efeito.

39. O espírito maldoso, mesmo que falte a ocasião de fazer o mal, não abandona o desejo maligno.

40. Agora que o Senhor já está nos céus, o furor dos hereges não pode, a exemplo dos judeus, pregá-lo na cruz; no entanto, com igual infidelidade, negam ser Ele o que é. Já que não podem negar as palavras sem obedecer ao sentido do que foi dito, põem em prática o ódio proveniente da impiedade.

41. Lançam as pedras das palavras e, se pudessem, tornariam a arrastá-lo do trono para a cruz.

42. Sobre os judeus, enfurecidos por causa da novidade desta sua palavra, assim está escrito: Os judeus outra vez apanharam pedras para lapidá-lo. Jesus então lhes disse: “Eu vos mostrei inúmeras boas obras, vindo do Pai; por qual delas quereis lapidar-me?” Os judeus lhe responderam: “Não te lapidamos por causa de uma boa obra, mas por blasfêmia; porque, sendo apenas homem, tu te fazes Deus” (Jo 10,31-33).

43. E tu, ó herege, reconhece o que fazes e confessas, reconhece que és cúmplice daqueles cujo exemplo de perfídia repetes. Quando foi dito: Eu e o Pai somos Um, os judeus pegaram em pedras e, não suportando seu ímpio ressentimento o mistério da fé salutar, ergueram-se com ímpeto para dar-lhe morte.

44. Tu, ao negá-lo, mesmo não tendo pedras, pensas que fazes menos? Não é diferente a vontade, mas o trono celeste tornou ineficaz a tua vontade.

45. Quão mais irreligioso és tu do que o judeu! Este lança pedras no corpo; tu, no Espírito; este, no que julgava homem; tu, em Deus; este, no que iria morrer; tu, no Juiz dos séculos.

46. O judeu diz: Sendo um homem; tu dizes: Sendo criatura. Ambos, porém, dizeis: tu te fazes Deus; esta é a comum injúria proferida contra Ele por vossa ímpia boca.

47. Negas que seja Deus gerado por Deus, que seja Filho pela verdade da natividade. Negas que eu e o Pai somos Um seja a confissão de que nos dois há uma única e semelhante natureza.

48. Supões um Deus de uma nova substância, exterior e alheia, de modo que ou Ele é um Deus de outro gênero, ou absolutamente não é Deus, porque não subsiste pela natividade, vindo de Deus.

 

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