domingo, 11 de fevereiro de 2024

247 - Hilário de Poitiers (315-368) - O Tratado da Santíssima Trindade - Livro Décimo Primeiro (Capítulos 47 - 49)

 






247

Hilário de Poitiers (315-368)

O Tratado da Santíssima Trindade

Livro Décimo Primeiro (Capítulos 47 - 49)

 


O livro XI fala da diferença entre a humanidade e a divindade de Cristo e da glorificação da humanidade de Cristo e nossa glorificação juntamente com Ele. São 49 capítulos.

 

Capítulo 47.

1.      Porque só podemos conhecer o que é posterior à nossa capacidade de conhecimento, o Apóstolo, depois de referir-se à profundidade da sabedoria de Deus, à imensidão de seus juízos imperscrutáveis e infinitos, a seus caminhos misteriosos e inacessíveis, a seu pensamento secreto e incompreensível, a seu conselho oculto, acrescentou: Quem primeiro lhe fez dom para receber em troca? Porque tudo é dele, por ele e para ele. A ele a glória pelos séculos! (Rm 11,35-36).

2.      Deus, que é eterno, não está sujeito a nenhum limite, nem pode ser antecipado por nenhum movimento anterior ou da inteligência anterior a Ele.

3.      Por isso, é uma imperscrutável profundeza, de tal sorte que não pode ser limitado de modo algum.

4.      É entendido como imenso porque não recebeu de ninguém o que é e ninguém antes lhe deu algo, para que tenha a obrigação de retribuir.

5.      Pois dele e por Ele e nele tudo existe. Não necessita de nada do que existe a partir dele por meio dele e nele. Ele é origem, é opífice (artífice), é Aquele que tudo contém, que tudo transcende, é o criador de tudo o que foi feito, não tem necessidade do que é seu.

6.      Nada existe antes dele, nada tem outra origem, nada existe fora dele. Portanto, de que aumento de plenitude precisará, para que, no tempo, Deus venha a ser tudo em todas as coisas? Ou, de onde receberá Aquele, fora do qual nada existe? Não havendo nada fora dele, é eterno.

7.      E que se deverá acrescentar, para que seja completado ou mudado, Àquele que sempre é, fora de quem nada existe? Pois diz: Eu sou, e não mudo (Ml 3,6).

8.      Nele não há lugar para mudança nem motivo para progredir, nada anterior à sua eternidade, nada além de sua divindade.

9.      Logo, Deus não será tudo em todas as coisas pela submissão do Filho, nem será levado à plenitude por nenhuma causa, porque é a partir dele, por Ele e nele que subsistem todas as causas.

10.  Deus permanece sempre o que é e não precisa progredir, pois é sempre o que é, por si e para si.

 

Capítulo 48.

11.  Também para o Deus Unigênito não há necessidade de mudança da natureza.

12.  É Deus, e este nome indica a plena natureza da plena e perfeita divindade.

13.  Como acima ensinamos, a razão para pedir a glória e a causa da submissão é que Deus seja tudo em todas as coisas.

14.  Que Deus seja tudo em todas as coisas é mistério, não necessidade.

15.  Permanecendo na forma de Deus, assumiu a forma de servo. Não se transformou, despojou-se de si mesmo, ocultou-se dentro de si, esvaziou-se, mantendo, no entanto, o seu poder.

16.  Adaptou-se ao modo de agir humano porque a fraqueza da natureza humana assumida não aguentaria a poderosa e imensa natureza divina, mas o poder ilimitado devia ficar circunscrito somente à medida que fosse preciso para obedecer e suportar o padecimento do corpo unido a Ele.

17.  Ao esvaziar-se, manteve-se em si mesmo, por isso seu poder não sofreu detrimento, visto que, na humilhação de seu esvaziamento, exerceu em si mesmo o poder de que se tinha despojado.

 

Capítulo 49.

18.  Que Deus seja tudo em todas as coisas significa a elevação de nossa natureza assumida.

19.  Aquele que, existindo na forma de Deus, foi achado na forma de servo, de novo deve ser louvado na glória de Deus Pai, para que se entenda, sem nenhuma dúvida, que permanece na forma daquele em cuja glória deve ser louvado.

20.  Trata-se do desígnio de salvação, não de mudança, pois continua a existir na natureza em que existia.

21.  Mas, tendo havido, entretanto, um tempo intermediário em que começou a existir, isto é, seu nascimento como Homem, tudo é adquirido para aquela natureza que antes não foi Deus, porque se mostra que Deus é tudo em todas as coisas, depois do mistério da economia.

22.  É proveito e lucro para nós, pois somos conformados à glória do corpo de Deus (cf. Fl 3,21; 2,11).

23.  Além disso, o Deus unigênito, ainda que tenha nascido como Homem, não é outro senão Deus que é tudo em todas as coisas.

24.  Pois aquela submissão do corpo, pela qual aquilo que Ele tem de carnal é absorvido pela natureza espiritual, faz com que Aquele que, além de Deus, é também homem, seja Deus, tudo em todas as coisas.

25.  É nossa humanidade que é assim elevada. Nós também havemos de progredir até ser conformados à glória daquele que é Homem como nós, e, renovados para o conhecimento de Deus, seremos reformados à imagem do Criador, de acordo com o dito do Apóstolo: Despidos do homem velho com seus atos, e vestidos com o novo, que se renova para o conhecimento de Deus, segundo a imagem de seu Criador (Cl 3,9-10).

26.  O homem torna-se a perfeita imagem de Deus. E, sendo agora conforme a glória do corpo de Deus, eleva-se até ser imagem do Criador, de acordo com o modelo estabelecido para o primeiro homem.

27.  Feito homem novo, para o conhecimento de Deus, depois de abandonar o pecado e o velho homem, atinge a perfeição para a qual foi criado.

28.  Conhecendo seu Deus e fazendo-se sua verdadeira imagem, por meio da verdadeira fé, caminha rumo à eternidade devendo permanecer por toda a eternidade a imagem de seu Criador.

 

O que você destaca na fala do seu irmão?

O que você destaca no texto?

Como ele serve para a sua espiritualidade?

 

 

 

 

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