1. Sobre o Batismo e leitura da epistola aos romanos:
«Ou ignorais que todos nós que fomos batizados para Cristo Jesus fomos
batizados para [participar da] sua morte?»1 até: «Pois que não estais sob a
lei, mas sim sob a graça».
2. Úteis vos são as cotidianas mistagogias e os novos
ensinamentos que vos anunciam novas realidades, e isto tanto mais a vós que
fostes renovados da vetustez para a novidade.
3.
Por isso é
necessário que vos proponha o que se segue à instrução mistagógica de ontem, a
fim de que compreendais a significação simbólica do que foi realizado por vós
no interior do edifício.
1
Despojamento dos vestidos
4.
Logo que
entrastes, despistes a túnica. E isto era imagem do despojamento do velho homem
com suas obras.
5. Despidos, estáveis nus, imitando também nisso a
Cristo nu sobre a cruz. Por sua nudez despojou os principados e as potestades e
no lenho triunfou corajosamente sobre eles.
6. As forças inimigas habitavam em vossos membros.
Agora já não vos é permitido trazer aquela velha túnica, digo, não esta túnica
visível, mas o homem velho corrompido pelas concupiscências falazes.
7. Oxalá a alma, uma vez despojada dele, jamais torne
a vesti-la, mas possa dizer com a esposa de Cristo, no Cântico dos Cânticos:
«Tirei minha túnica, como irei revesti-la?».
8. Ó maravilha, estáveis nus à vista de todos e não
vos envergonhastes. Em verdade éreis imagem do primeiro homem Adão, que no
paraíso andava nu e não se envergonhava.
9.
Depois de
despidos, fostes ungidos com óleo exorcizado desde o alto da cabeça até os pés.
10. Assim, vos tornastes participantes da oliveira
cultivada, Jesus Cristo. Cortados da oliveira bravia, fostes enxertados na
oliveira cultivada e vos tornastes participantes da abundância da verdadeira
oliveira.
11. O óleo exorcizado era símbolo, pois, da
participação da riqueza de Cristo. Afugenta toda presença das forças adversas.
12. Como a insuflação dos santos e a invocação do nome
de Deus, qual chama impetuosa, queima e expele os demônios, assim este óleo
exorcizado recebe, pela invocação de Deus e pela prece, uma tal força que,
queimando, não só apaga os vestígios dos pecados, mas ainda põe em fuga as
forças invisíveis do maligno.
3
Imersão batismal
13. Depois disto fostes conduzidos pela mão à santa
piscina do divino batismo, como Cristo da cruz ao sepulcro que está à vossa
frente.
14. E cada qual foi perguntado se cria no nome do Pai e
do Filho e do Espírito Santo. E fizestes a profissão salutar, e fostes imersos
três vezes na água e em seguida emergistes, significando também com isto,
simbolicamente, o sepultamento de três dias de Cristo.
15. E assim como nosso Salvador passou três dias e três
noites no coração da terra, do mesmo modo vós, com a primeira imersão,
imitastes o primeiro dia de Cristo na terra, e com a imersão, a noite.
16. Como aquele que está na noite nada enxerga e ao
contrário o que está no dia tudo enxerga na luz, assim vós na imersão, como na
noite, nada enxergastes; mas na emersão, de novo vos encontrastes no dia.
17. E no mesmo momento morrestes e nascestes. Esta água
salutar tanto foi vosso sepulcro como vossa mãe.
18. E o que Salomão disse em outras circunstâncias, sem
dúvida, pode ser adaptado a vós: «Há tempo para nascer, e tempo para morrer».
19. Mas para vós foi o inverso: tempo para morrer, e
tempo para nascer. Um só tempo produziu ambos os efeitos e o vosso nascimento
ocorre com vossa morte.
4
Efeitos místicos
20. Oh! fato estranho e paradoxal! Não morremos em
verdade, não fomos sepultados em verdade, não fomos crucificados e
ressuscitados em verdade.
21. A imitação é uma imagem; a salvação, uma verdade.
Cristo foi crucificado, sepultado e verdadeiramente ressuscitou.
22. Todas estas coisas nos foram agraciadas a fim de
que, participando, por imitação, de seus sofrimentos, em verdade logremos a
salvação.
23. Oh! amor sem medida! Cristo recebeu em suas mãos
imaculadas os pregos e padeceu, e a mim, sem sofrimento e sem pena, concede
graciosamente por esta participação a salvação.
24. Ninguém, pois, creia que o batismo só obtém a
remissão dos pecados, como o batismo de João só conferia o perdão dos pecados.
25. Também nos concede a graça da adoção de filhos. Mas
nós sabemos, com precisão, que como é purificação dos pecados e prodigalizador
do dom do Espírito Santo, é também figura da Paixão de Cristo.
26. Por isso clama a propósito Paulo, dizendo: «Ou
ignorais que todos nós, que fomos batizados para Cristo Jesus, fomos batizados
para [participar da] sua morte? Com ele fomos sepultados pelo batismo». Talvez
dissesse estas coisas por causa de alguns, dispostos a ver o batismo como
prodigaizador da remissão dos pecados e da adoção, mas não como participação,
por imitação, dos verdadeiros sofrimentos de Cristo.
27. Para que aprendêssemos que tudo o que Cristo tomou
sobre si foi por nós e pela nossa salvação, tudo sofrendo em verdade e não em
aparência e para que nos tornássemos participantes dos seus sofrimentos,
exclamava veementemente Paulo: «Se fomos plantados com [Ele] pela semelhança de
sua morte, também o seremos pela semelhança de sua ressurreição».
28. Boa é a expressão «plantados com Ele». Logo que foi
plantada a verdadeira vide, nós também pela participação do batismo da sua
morte «fomos plantados».
29. Fixa a mente com toda a atenção nas palavras do
Apóstolo. Não disse: Fomos plantados com Ele pela morte, mas, pela semelhança
da morte. Deveras, houve em Cristo uma morte real, pois a alma se separou do
corpo. Houve verdadeiramente sepultamento, pois seu corpo sagrado foi envolvido
em lençol limpo e foi verdadeiro tudo o que nele ocorreu.
30. Para nós há a semelhança da morte e dos
sofrimentos. Quando se trata da salvação, porém, não é semelhança e sim
realidade.
31. 8. Todas estas coisas foram ensinadas
suficientemente: retende tudo em vossa memória, rogo-vos, para que eu, ainda
que indigno, possa dizer-vos: «Amo-vos porque sempre vos lembrais de mim e
conservais as tradições que vos transmiti».
32. Ademais, poderoso é Deus que de mortos vos fez
vivos, para conceder-vos que andeis em novidade de vida. A Ele a glória e o
poder, agora e pelos séculos. Amém.
O
que você destaca no texto?
Como
o texto serve para a nossa Igreja?
Como
contribui para sua espiritualidade?
Batismo
– despir as vestes
Logo que entrastes, despistes a túnica. E isto era
imagem do despojamento do velho homem com suas obras. Despidos, estáveis nus,
imitando também nisso a Cristo nu sobre a cruz. Por sua nudez despojou os
principados e as potestades e no lenho triunfou corajosamente sobre eles. Cirilo
de Jerusalém (315-386). Catequese
Mistagógico. Segunda
Catequese Mistagógica.
Batismo
– se despir do velho homem
As forças inimigas habitavam em vossos membros.
Agora já não vos é permitido trazer aquela velha túnica, digo, não esta túnica
visível, mas o homem velho corrompido pelas concupiscências falazes. Oxalá a
alma, uma vez despojada dele, jamais torne a vesti-la, mas possa dizer com a
esposa de Cristo, no Cântico dos Cânticos: «Tirei minha túnica, como irei
revesti-la?». Ó maravilha, estáveis nus
à vista de todos e não vos envergonhastes. Em verdade éreis imagem do primeiro
homem Adão, que no paraíso andava nu e não se envergonhava. Cirilo
de Jerusalém (315-386). Catequese
Mistagógico. Segunda
Catequese Mistagógica.
Depois de despidos, fostes ungidos com óleo
exorcizado desde o alto da cabeça até os pés. Assim, vos tornastes participantes da oliveira
cultivada, Jesus Cristo. Cortados da oliveira bravia, fostes enxertados na
oliveira cultivada e vos tornastes participantes da abundância da verdadeira
oliveira. O óleo exorcizado era símbolo, pois, da participação da riqueza de
Cristo. Afugenta toda presença das forças adversas. Cirilo de Jerusalém (315-386).
Catequese Mistagógico. Segunda Catequese Mistagógica.
Batismo
– A Imersão batismal
Depois disto fostes conduzidos pela mão à santa
piscina do divino batismo, como Cristo da cruz ao sepulcro que está à vossa
frente. E cada qual foi perguntado se cria no nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo. E fizestes a profissão salutar, e fostes imersos três vezes na
água e em seguida emergistes, significando também com isto, simbolicamente, o
sepultamento de três dias de Cristo... ...E no mesmo momento morrestes e
nascestes. Esta água salutar tanto foi vosso sepulcro como vossa mãe. Cirilo
de Jerusalém (315-386). Catequese
Mistagógico. Segunda
Catequese Mistagógica.
Oh! amor sem medida! Cristo recebeu em suas mãos
imaculadas os pregos e padeceu, e a mim, sem sofrimento e sem pena, concede
graciosamente por esta participação a salvação. Ninguém, pois, creia que o
batismo só obtém a remissão dos pecados, como o batismo de João só conferia o
perdão dos pecados. Também nos concede a graça da adoção de filhos. Mas nós sabemos,
com precisão, que como é purificação dos pecados e prodigalizador do dom do
Espírito Santo, é também figura da Paixão de Cristo. Cirilo
de Jerusalém (315-386). Catequese
Mistagógico. Segunda
Catequese Mistagógica.
Batismo
– Plantados em Cristo.
Boa é a expressão «plantados com Ele». Logo que foi
plantada a verdadeira vide, nós também pela participação do batismo da sua
morte «fomos plantados»... ...Ademais,
poderoso é Deus que de mortos vos fez vivos, para conceder-vos que andeis em
novidade de vida. A Ele a glória e o poder, agora e pelos séculos. Amém.
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