domingo, 26 de outubro de 2025

294 SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379) - Regra Monástica - Asketikon - As Regras Extensas (55 regras) - Questões 16 a 18

 

Luiz, Edson, Nathalie, Marisa, Friderick, Demetrius, Edmar



294

SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA

(330-379)

Regra Monástica - Asketikon

As Regras Extensas (55 regras) 

Questões 16 a 18

Introdução geral para todos os estudos da Regra Monástica:

             Basílio Magno (†379), bispo da Cesareia da Capadócia, viveu num tempo em que muitos cristãos buscavam a santidade retirando-se para o deserto, influenciados pelos exemplos de Santo Antão e São Pacômio, no Egito. Mas Basílio percebeu que o isolamento excessivo poderia gerar vaidade espiritual e afastar o monge da caridade. Por isso, reformulou o ideal monástico com um caráter comunitário e eclesial, centrado no amor fraterno, na oração e no serviço. Por isso escreveu a Regra Monástica (Asketikon).

            Estrutura dos mosteiros basilianos: Os mosteiros fundados por Basílio (ou organizados segundo suas Regras) não eram fortificações isoladas, mas comunidades vivas próximas das cidades, integradas à vida da Igreja.

            Características principais dos Mosteiros:

             a) Vida em comunidade: os monges viviam juntos, sob a direção de um superior partilhando tudo em comum — à semelhança da comunidade cristã de Atos 2.42–47. b) Edificações simples: os mosteiros tinham dormitórios coletivos, refeitório, capela para as orações, oficinas de trabalho manual e um espaço para acolher viajantes e pobres. c) Localização: geralmente em lugares tranquilos, mas não totalmente isolados, para permitir o contato com o povo e o serviço aos necessitados. d) Hospitalidade: cada mosteiro tinha uma casa para hóspedes e um pequeno hospital ou enfermaria, pois Basílio considerava o cuidado aos doentes parte da vida evangélica.

 

QUESTÃO 16

SE É NECESSÁRIA A TEMPERANÇA PARA OS QUE DESEJAM VIVER PIAMENTE

Resposta

1.      É evidente ser necessária a temperança. Em primeiro lugar, porque o Apóstolo enumera a temperança entre os frutos do Espírito (G1 5,23). Segundo porque declara tornar-se por meio dela imaculado nosso ministério, quando diz: Nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, pela castidade (2Cor 6,5). E em outra passagem: ...trabalhos e fadigas, repetidas vigílias, com fome e sede, frequentes jejuns (2Cor 11,27) . E de novo: Todos os competidores se impõem a si toda a espécie de abstinência (ICor 9,25).

2.      Nada reprime tanto o corpo e o reduz à servidão como a temperança. Contém o ardor da juventude e vence as dificuldades em reprimir-lhe os impulsos, como um freio.

3.      Não convém ao insensato viver entre delícias, diz Salomão (Pv 19,10) . Que há de mais insensato do que a carne bem tratada e a juventude desencaminhada?

4.      Pelo que diz o Apóstolo: Não vos preocupeis com a carne para satisfazer os seus desejos (Rm 13,14). E: Aquela que vive nos prazeres, está morta, embora pareça viva (lTm 5,6).

5.      O exemplo dos deleites do rico demonstra-nos que a temperança nos é  necessidade para não ouvirmos a mesma sentença que ele: Recebeste teus bens em vida (Lc 16,25).

6.      Quão temível é a intemperança, mostra o Apóstolo ao enumerá-la entre as propriedades da defecção: Nos últimos dias haverá um período difícil. Os homens tornar-se-ão egoístas (2Tm 3,1 e 2); e enunciando várias espécies de maldades, acrescenta: caluniadores, intemperantes (ibid. 3).

7.      A intemperança de Esaú foi condenada como sendo o maior de seus males, porque vendeu a primogenitura por uma iguaria  (Gn 25,33).

8.      E a primeira desobediência do homem proveio da intemperança.

9.      Foi testemunhado que todos os santos possuíam a temperança. Todas as vidas dos santos e bem-aventurados e o próprio exemplo do Senhor, em seu advento na carne, são de proveito para nós, neste sentido.

10.  Moisés, por longa perseverança no jejum e na oração, recebeu a lei e ouviu as palavras de Deus: Como um homem fala com o seu amigo (Ex 33,11).

11.  Elias foi considerado digno da visão de Deus, quando também ela empregou de igual modo a temperança (lRs 19,8).

12.  E Daniel, como foi que viu maravilhas? Não foi depois dos vinte dias de jejum? (Dn 10,3).

13.  Como extinguiram os três jovens a violência do fogo? Não foi pela abstinência? (Dn 1,8).

14.  Igualmente João iniciou seu estado de vida pela abstinência (Mt 3,4; Lc 1,15).

15.  Com ela o próprio Senhor começou sua manifestação (Mt 4,2).

16.  Chamamos temperança não uma total abstenção de alimentos (seria violenta destruição da vida), mas a privação dos deleites para a destruição do senso carnal e obtenção do escopo da piedade.

17.  Em resumo, nós que seguimos o ritmo da piedade, precisamos da abstinência daqueles prazeres, apetecíveis aos que vivem segundo as paixões.

18.  Não somente na moderação do prazer do paladar se pratica a temperança, mas se estende à privação de tudo o que possa servir de obstáculo.

19.  O verdadeiro temperante não domina apenas o ventre, e deixa-se superar pela glória humana; não supera os desejos vergonhosos sem vencer igualmente as riquezas, ou qualquer outro sentimento ignóbil, como a ira, a tristeza ou os demais vícios que costumam escravizar as almas grosseiras.

20.  Dá-se em relação à temperança quase o mesmo que verificamos nos mandamentos; de tal modo são conexos que é impossível cumprir um sem os outros.

21.  O temperante, quanto à glória, é também humilde. Cumpre a medida evangélica da pobreza quem é temperante diante das riquezas.

22.  Não se ira quem contém a indignação e a cólera.

23.  A temperança perfeita torna a língua comedida, os olhos recatados, os ouvidos não curiosos.

24.  Quem assim não se mantém, é intemperante e licencioso. Vês como ao redor deste único mandamento se reúnem os outros em coro?

QUESTÃO 17

IMPORTA TAMBÉM CONTER O RISO

Resposta

25.  Digno da atenção cuidadosa dos ascetas é aquilo que muitos negligenciam. Ser dominado por um riso imoderado e imódico é sinal de intemperança, de movimentos de intranquilidade e de que a razão severa não reprime o relaxamento do espírito.

26.  Não é inconveniente mostrar expansão da alma com um sorriso sereno, apenas para indicar o que foi escrito: O coração contente alegra o semblante (Pr 15,13).

27.  Mas, rir-se alto e sacudir-se involuntariamente não é próprio de quem possui espírito tranquilo, probo e senhor de si.

28.  O Eclesiastes, reprovando essa espécie de riso, porque prejudica a firmeza do espírito, declara: Do riso eu disse: Loucura! (Ecl 2,2). E: Como o crepitar dos espinhos, tal é o riso do insensato (ibid. 7,7).

29.  O próprio Senhor sujeitou-se a quanto afeta forçosamente a carne e serve de testemunho de virtude, tal o cansaço e a comiseração pelos aflitos; nunca, porém, se riu, ao menos quanto consta da história dos evangelhos. Antes chama infelizes os que se riem (Lc 6,25).

30.  Não nos engane a ambiguidade da palavra riso. É comum que a Escritura denomine riso a alegria da alma e um sentimento alegre, proveniente de um bem, como disse Sara: Deus deu um motivo de riso (Gn 21,6). E: Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque rireis (Lc 6,21).

31.  Encontra-se em Jó: A boca verdadeira se encherá de riso (Jó 8,21). Tais termos são usados em lugar de hilaridade, que provém da alegria da alma.

32.  Eis por que é perfeito temperante aquele que está acima de qualquer paixão e não sofre o estímulo da volúpia, nem o manifesta, mas permanece continente e forte contra todo deleite nocivo.

33.  Este, evidentemente, está livre de qualquer pecado.

34.  Algumas vezes temos a obrigação de nos abster mesmo de coisas permitidas e necessárias à vida.

35.  Isto sucede quando, para o bem de nossos irmãos, a abstinência está prescrita. Assim, o Apóstolo: Se a comida serve de ocasião de queda a meu irmão, jamais comerei carne (ICor 8,13). E tendo o direito de viver do evangelho, não usou deste direito: para não pôr algum obstáculo ao evangelho de Cristo (ibid. 9,12).

36.  A temperança, pois, apaga os pecados, expulsa as paixões, mortifica o corpo e até as paixões e os desejos naturais; é início da vida espiritual, penhor dos bens eternos, extinguindo a volúpia em si mesma.

37.  Esta é sempre a grande sedução do mal que a nós homens inclina fortemente ao pecado. É uma espécie de anzol, que arrasta a alma à morte.

38.  Portanto, quem não se torna efeminado, nem se deixa dobrar por ela, evita todos os pecados por meio da temperança.

39.  Se alguém evita a maior parte deles, mas se deixa vencer por um só, já não é mais continente, como quem sofre de uma só doença corporal já não está são.

40.  Quem se sujeita ao domínio de um só, seja de quem for, já não é mais livre.

41.  As demais virtudes praticadas às ocultas raramente chamam a atenção dos homens; a temperança, porém, já no primeiro encontro revela quem a possui.

42.  Como a corpulência e a boa cor caracterizam o atleta, assim a magreza e a palidez proveniente da continência denotam que o cristão é, de fato, atleta dos mandamentos de Cristo.

43.  Na fraqueza do corpo vence o inimigo e evidencia sua força nos combates da piedade, segundo a palavra: Quando me vejo em fraqueza, então é que sou forte (2Cor 12,10).

44.  Só em ver o continente tira-se grande proveito. Mal toca, e com parcimônia, nas coisas necessárias, como que cumprindo um ministério oneroso, devido à natureza, e lastima o tempo nisto gasto, levantando-se da mesa com prontidão para praticar as boas obras.

45.   Julgo que não há palavra que abale tanto o intemperante na comida e o leve à mudança como ver um homem temperante.

46.  E isto é, ao que parece, comer e beber para a glória de Deus, de modo que até à mesa brilhem nossas boas obras para a glorificação de nosso Pai que está nos céus.

QUESTÃO 18

SE CONVEM PROVAR DE TUDO QUE PÕEM DIANTE DE NÓS

Resposta

47.  Para reprimir o corpo é necessário que se estabeleça, aos que combatem pela piedade, que a temperança lhes é indispensável, pois todos os competidores a si impõem toda espécie de abstinência (ICor 9,25).

48.  Para não cairmos, contudo, como os inimigos de Deus, que têm cauterizada a própria consciência e por isso se abstêm dos alimentos que Deus criou para serem tomados com ações de graças pelos fiéis, convém provar de cada um, se houver ocasião, de sorte a mostrar aos que vêm que tudo é puro para os que são puros (Tt 1,15), que toda criatura de Deus é boa e que nada deve ser rejeitado do que se toma com ação de graças, pois isso se torna santificado pela palavra de Deus e pela oração (lTm 4,4.5).

49.  Assim seja guardada a temperança: Usem-se os alimentos mais simples e indispensáveis à vida, à medida que for necessário, e evite-se o mal da saciedade, abstendo-se inteiramente de todos os manjares deliciosos.

50.  Deste modo eliminaremos o vício do amor às delícias, e curaremos, à medida que depender de nós, aqueles que têm cauterizada a consciência; em ambos os casos, livrar-nos-emos de suspeitas. Por que razão seria regulada a minha liberdade pela consciência alheia? (ICor 10,29).

51.  A temperança indica aquele que morreu com Cristo e mortificou seus membros terrestres.

52.  Sabemos que ela é a mãe da castidade, protetora da saúde, e que elimina perfeitamente os obstáculos às obras fecundas em Cristo; porque, segundo a palavra do Senhor, os cuidados do mundo, os prazeres da vida e as demais concupiscências sufocam a palavra e a tornam infrutuosa (Mt 13,22).

53.  Dela fogem os demônios, como nos ensinou o Senhor: Quanto a esta espécie de demônios, só se pode expulsar à força de oração e de jejum (Mt 17,20).

O que você destaca no texto?

Como serve para sua espiritualidade?

O que ensina para nossa Igreja atual?


Citações sobre Temperança no texto de Basílio: 


Temperança

Nada reprime tanto o corpo e o reduz à servidão como a temperança. Contém o ardor da juventude e vence as dificuldades em reprimir-lhe os impulsos, como um freio. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 16

  

Temperança

Foi testemunhado que todos os santos possuíam a temperança. Todas as vidas dos santos e bem-aventurados e o próprio exemplo do Senhor, em seu advento na carne, são de proveito para nós, neste sentido. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 16

  

Temperança

Chamamos temperança não uma total abstenção de alimentos (seria violenta destruição da vida), mas a privação dos deleites para a destruição do senso carnal e obtenção do escopo da piedade. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 16

 

Temperança

Em resumo, nós que seguimos o ritmo da piedade, precisamos da abstinência daqueles prazeres, apetecíveis aos que vivem segundo as paixões. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 16

 

Temperança

Não somente na moderação do prazer do paladar se pratica a temperança, mas se estende à privação de tudo o que possa servir de obstáculo. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 16

 

Temperança

O verdadeiro temperante não domina apenas o ventre, e deixa-se superar pela glória humana; não supera os desejos vergonhosos sem vencer igualmente as riquezas, ou qualquer outro sentimento ignóbil, como a ira, a tristeza ou os demais vícios que costumam escravizar as almas grosseiras. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 16

 

Temperança

O temperante, quanto à glória, é também humilde. Cumpre a medida evangélica da pobreza quem é temperante diante das riquezas. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 16

 

Temperança

A temperança perfeita torna a língua comedida, os olhos recatados, os ouvidos não curiosos. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 16

 

Temperança

Não é inconveniente mostrar expansão da alma com um sorriso sereno, apenas para indicar o que foi escrito: O coração contente alegra o semblante (Pr 15,13). SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 17

 

Temperança

Eis por que é perfeito temperante aquele que está acima de qualquer paixão e não sofre o estímulo da volúpia, nem o manifesta, mas permanece continente e forte contra todo deleite nocivo. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 17

 

Temperança

Algumas vezes temos a obrigação de nos abster mesmo de coisas permitidas e necessárias à vida. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 17

 

Temperança

Julgo que não há palavra que abale tanto o intemperante na comida e o leve à mudança como ver um homem temperante. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 17

 

Temperança

Para reprimir o corpo é necessário que se estabeleça, aos que combatem pela piedade, que a temperança lhes é indispensável, pois todos os competidores a si impõem toda espécie de abstinência (ICor 9,25). SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 18

 

Temperança

Assim seja guardada a temperança: Usem-se os alimentos mais simples e indispensáveis à vida, à medida que for necessário, e evite-se o mal da saciedade, abstendo-se inteiramente de todos os manjares deliciosos. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 18

 

Temperança

A temperança indica aquele que morreu com Cristo e mortificou seus membros terrestres. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 18

 

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

293 SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379) - Regra Monástica - Asketikon - As Regras Extensas (55 regras) - Questões 10 e 15

 

Edson, Leopoldo,  Demétrius,  Cássio,        Marisa, Isaac, Marleide e Edmar.


              Oração das Vésperas 

Icone do Evangelho da Oração das Vésperas. 

293

SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA

(330-379)

Regra Monástica - Asketikon

As Regras Extensas (55 regras) 

Questões 10 e 15

Introdução geral para todos os estudos da Regra Monástica:

            Basílio Magno (†379), bispo da Cesareia da Capadócia, viveu num tempo em que muitos cristãos buscavam a santidade retirando-se para o deserto, influenciados pelos exemplos de Santo Antão e São Pacômio, no Egito. Mas Basílio percebeu que o isolamento excessivo poderia gerar vaidade espiritual e afastar o monge da caridade. Por isso, reformulou o ideal monástico com um caráter comunitário e eclesial, centrado no amor fraterno, na oração e no serviço. Por isso escreveu a Regra Monástica (Asketikon).

            Estrutura dos mosteiros basilianos: Os mosteiros fundados por Basílio (ou organizados segundo suas Regras) não eram fortificações isoladas, mas comunidades vivas próximas das cidades, integradas à vida da Igreja.

            Características principais dos Mosteiros:

             a) Vida em comunidade: os monges viviam juntos, sob a direção de um superior partilhando tudo em comum — à semelhança da comunidade cristã de Atos 2.42–47. b) Edificações simples: os mosteiros tinham dormitórios coletivos, refeitório, capela para as orações, oficinas de trabalho manual e um espaço para acolher viajantes e pobres. c) Localização: geralmente em lugares tranquilos, mas não totalmente isolados, para permitir o contato com o povo e o serviço aos necessitados. d) Hospitalidade: cada mosteiro tinha uma casa para hóspedes e um pequeno hospital ou enfermaria, pois Basílio considerava o cuidado aos doentes parte da vida evangélica.

QUESTÃO 10

SE DEVEM SER RECEBIDOS TODOS QUANTOS SE APRESENTAM. OU QUAIS? DEVEM SER LOGO ADMITIDOS? OU SÓ DEPOIS DE EXPERIMENTADOS? E COMO?

Resposta

1.      Nosso Salvador Jesus Cristo, Deus que ama os homens, anuncia e diz: Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei (Mt 11,28). É, portanto, perigoso repelir os que, por meio de nós, se aproximam do Senhor, querendo se submeter a esse jugo suave e ao peso dos mandamentos, que nos eleva até ao céu. Não consintamos, porém, que recebam as santas instruções, senão depois de terem os pés lavados.

2.      Mas, como Nosso Senhor Jesus Cristo interrogou acerca da vida passada o jovem que o procurava e, vendo que procedera bem, deu-lhe preceitos sobre a realização do que ainda carecia para ser perfeito, permitindo, então, que o seguisse, assim também nós indaguemos acerca do passado daqueles que se apresentam.

3.      Aqueles que já praticaram algum bem ensinemos uma doutrina mais perfeita. Quanto aos que se converteram de uma vida má, ou da indiferença passaram para uma vida melhor, no conhecimento de Deus, convém perscrutar quais os seus costumes e se são instáveis e inclinados às críticas.

4.      Esses são suspeitos de inconstância. Nada lucram e ainda prejudicam os outros, acarretando contra nossas obras injúrias, mentiras e blasfêmias.

5.      Mas, como tudo se pode corrigir pela diligência e o temor de Deus vence qualquer vício da alma, não se desanime logo a respeito deles, mas sejam levados a exercícios apropriados.

6.      Com o correr do tempo e por meio de laboriosas práticas, teremos provas de seu propósito, e se virmos que estão firmes, recebamo-los com segurança.

7.      Se não, enquanto estão de fora sejam despedidos, a fim de que a experiencia não prejudique a comunidade dos irmãos.

8.      É preciso verificar se quem anteriormente pecou vence o falso pudor, acusa-se a si mesmo da torpeza oculta e ao mesmo tempo incute rubor a seus companheiros no mal, afastando-se deles, conforme a palavra: Apartai-vos de mim, vós todos que fazeis o mal (SI 6,9); e ainda, se para o futuro se precaverem de recaída nos mesmos vícios. Além disso, há um modo comum de provação, que consiste em ver se alguém está pronto, superando a vergonha, a aceitar qualquer humilhação, tal como exercer os ofícios mais vis, se a razão mostrar a utilidade desse trabalho.

9.      E se depois de todas as provações alguém for considerado pelos que são capazes de julgar sabiamente estas coisas, como um instrumento útil ao seu possuidor, preparado para toda obra boa, seja enfim contado entre os que se entregaram ao Senhor.

10.  Especialmente àquele que, oriundo de um gênero de vida mais ilustre, à semelhança de Nosso Senhor Jesus Cristo, busca a humildade, convém prescrever alguma coisa que aos de fora pareça um opróbrio, e observar se sabe se portar plenamente como um operário de Deus que não tem do que se envergonhar.

QUESTÃO 11

OS ESCRAVOS

Resposta

11.  Quaisquer escravos, ainda presos ao jugo, que se refugiarem na comunidade dos irmãos, depois de instruídos e melhorados, sejam mandados de volta a seus senhores, à imitação de São Paulo que, tendo gerado pelo Evangelho a Onésimo, reenviou-o a Filêmon (Fm 10.12). Persuadiu a um a que carregasse o jugo da escravidão de modo agradável a Deus, tornando-se assim digno do reino dos céus; ao outro exortou não só a desistir das ameaças, lembrado do verdadeiro Senhor, que disse:

12.  Se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará (Mt 6,14), mas a ter para com ele melhores sentimentos, escrevendo-lhe: Sem dúvida, ele se apartou de ti por algum tempo e para que tu o recobrasses para sempre, mas já não como servo, e sim, em vez de servo, como irmão caríssimo (Fm 15.16).

13.  Se, porém, o senhor for mau, ordenar alguma coisa contra a lei e forçar o escravo a transgredir os mandamentos do verdadeiro dono Nosso Senhor Jesus Cristo, será preciso combater para não ser blasfemado o nome de Deus, se o escravo tiver feito alguma coisa que não agrada a Deus.

14.  Será uma luta, ou do escravo que se há de preparar para sofrer com paciência o que lhe for infligido, obedecendo mais a Deus do que aos homens conforme está escrito (Mt 6,14); ou dos que o receberam, suportando de maneira agradável a Deus as provações que lhes advirão por causa dele.

QUESTÃO 12

COMO DEVEM SER RECEBIDOS OS CASADOS

Resposta

15.  Aos vinculados em matrimônio e desejosos de abraçar tal gênero de vida, é preciso indagar se o fazem de comum acordo, segundo a ordem do Apóstolo, que diz: Não pode dispor de seu corpo (ICor 7,4), e o recém-vindo seja assim recebido na presença de várias testemunhas.

16.  Nada se prefira à obediência devida a Deus. Se uma das partes não consente e se opõe, por ser menos solícita do que agrada a Deus, lembre-se da palavra do Apóstolo: Deus nos chamou para viver em paz (ibid., 15), e cumpra-se o preceito do Senhor, que disse: Se alguém vem a mim, e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, etc., não pode ser meu discípulo (Lc 14,26).

17.  Portanto, nada deve ser colocado acima da obediência a Deus. Sabemos que, muitas vezes, a oração fervorosa e o jejum constante ajudaram muitas pessoas a viver de modo puro. Isso acontece porque o Senhor, em Sua sabedoria, leva até mesmo os mais teimosos a reconhecerem o que é justo, às vezes por meio de situações que os fazem mudar de atitude.

QUESTÃO 13

UTILIDADE DA PRATICA DO SILÊNCIO PARA OS RECÉM-VINDOS

Resposta

18.  É bom para os noviços também a prática do silêncio. Se dominam a língua, darão simultaneamente boa prova de temperança. Com o silêncio aprenderão junto dos que sabem usar da palavra, com concisão e firmeza, como convém perguntar e responder a cada um.

19.  Há um tom de voz, uma palavra comedida, um tempo oportuno, uma propriedade no falar, peculiares e adequados aos que praticam a piedade.

20.  Não os aprende quem não tiver abandonado aquilo a que estiver acostumado. O silêncio traz consigo o esquecimento da vida anterior, em consequência da interrupção, e proporciona lazer para o aprendizado do bem.

21.  Assim, a não ser por questão especial atinente ao bem de sua própria alma, ou por inevitável necessidade de um trabalho em mãos, ou por negócio urgente, guarde-se silêncio, excetuada, é claro, a salmodia.

QUESTÃO 14

DOS QUE SE DEDICARAM A DEUS E DEPOIS TENTAM ANULAR SUA PROFISSÃO

Resposta

22.  Se um dos que foram recebidos entre os irmãos faltar a sua profissão, deve se considerar que pecou contra Deus, diante de quem e a quem fez a declaração de seu pacto. Se um homem pecar contra o Senhor, quem intervirá a seu favor? (lRs 2,25).

23.  Quem se deu a Deus e depois passa a outro gênero de vida é sacrílego, pois furta-se a si mesmo e rouba um dom consagrado a Deus. É justo não lhe abrir a porta dos irmãos, nem mesmo se, de passagem, pedir abrigo. É bem clara a regra do Apóstolo que ordena fugirmos do desordeiro e não termos comunicação com ele, a fim de que fique confundido (2Ts 3,14).

QUESTÃO 15

QUAL A IDADE CONVENIENTE PARA A ENTREGA A DEUS E QUANDO SE TORNA IRREVOGÁVEL A PROFISSÃO

Resposta

24.  Como diz o Senhor: Deixai vir a mim os pequeninos (Mc 10,14) e o Apóstolo louva aquele que desde a infância conheceu as Sagradas Escrituras (2Tm 3,15), e preceitua que se eduquem os filhos na disciplina e correção (Ef 6,4) do Senhor, julgamos que qualquer tempo, mesmo o da primeira idade, convém para recebermos os que se apresentam.

25.  Recebamos espontaneamente os que perderam os pais, a fim de, a exemplo de Jó, sermos pais para os órfãos (Jó 29,12). Aqueles, porém, que estão sob os cuidados dos pais e foram trazidos por eles, sejam recebidos diante de muitas testemunhas, para não se dar uma ocasião aos que procuram um pretexto, mas feche-se a boca dos injustos que proferem calúnias contra nós.

26.  Recebamo-los, como foi dito; todavia não sejam logo contados e enumerados como pertencentes ao corpo dos irmãos, a fim de não suceder que, se eles se afastarem da meta, recaia a repreensão sobre a vida segundo a piedade. Sejam piamente educados como filhos da comunidade inteira dos irmãos. Além disso, meninos e meninas tenham habitação e alimentação separados, para não adquirirem demasiada confiança ou ousadia desmedida para com os mais velhos.

27.  Encontros mais espaçados preservarão a reverência devida aos mais velhos, e as penas impostas aos mais perfeitos por causa de alguma negligência nos deveres (se, acaso, se afastarem deles), não farão surgir a facilidade de pecar, nem amiúde nascer sorrateiramente o orgulho, se os meninos virem, por vezes, os mais velhos falharem naquilo em que eles procedem bem. Em nada difere do menino em idade, aquele que é de senso pueril.

28.  Não é de admirar que em ambos se encontrem, muitas vezes, os mesmos vícios. Se alguma coisa convém aos mais velhos, em vista da idade, nem por isso ousem os jovens, por conviverem com eles, fazê-la de modo inconveniente e prematuro.

29.  Por causa desta disposição e da gravidade no mais, sejam distintas a habitação dos meninos e a dos mais velhos. Com isto, a casa dos ascetas não será perturbada pelo ruído do aprendizado necessário aos jovens. As orações diárias determinadas sejam comuns aos meninos e aos velhos.

30.  Os meninos habituam-se, vendo o zelo dos mais idosos, à compunção e estes são bem auxiliados na oração pelos meninos. Exercícios e regimes de vida peculiares sejam destinados de modo adequado aos meninos em relação ao sono, às vigílias e ao tempo, à medida e à qualidade da alimentação.

31.  Quem deve dirigi-los seja de idade provecta, mais experiente que os demais, e tenha dado provas de longanimidade; visceralmente paterno, corrija com palavras cheias de sabedoria os pecados dos jovens e proporcione remédios convenientes a cada delito de tal modo que, ao repreender por causa do pecado, a correção se transforme em exercício para a aquisição da imperturbabilidade da alma. Se, por exemplo, alguém se irritou contra o companheiro, seja forçado a honrar e prestar serviço à proporção de sua ousadia.

32.  O hábito da humildade corta a cólera, ao passo que o orgulho com frequência leva à ira. Alguém tomou alimento fora de hora? Jejue quase o dia todo. Foi surpreendido comendo, de maneira desmedida e sem polidez? À hora da refeição seja privado de alimento e obrigado a observar como os outros comem com boas maneiras, a fim de ser castigado com a abstinência e aprender a boa educação. Proferiu alguém uma palavra ociosa, uma ofensa ao próximo, uma mentira ou outra coisa proibida? Aprenda a moderação pelo estômago vazio e pelo silêncio.

33.  O estudo das letras seja adequado ao fim. Usem-se, até mesmo, nomes tirados das Escrituras; em vez de mitos, contem histórias de feitos admiráveis. Aprendam as sentenças dos Provérbios. Sejam-lhes prometidos prêmios se aprenderem de cor nomes e fatos, de modo que atinjam a meta com gosto e até distração, sem aborrecimentos e obstáculos.

34.  Assim, bem educados, facilmente obterão a atenção de espírito e o costume de não divagar, se os mestres perguntarem assiduamente onde têm o pensamento e o que revolvem na mente.

35.  Pois, aquela idade simples e sem dolo, incapaz de mentir, manifestará com facilidade os segredos da alma. Além disso, para não serem surpreendidos constantemente a pensar no que é proibido, fugirão dos pensamentos absurdos e continuamente, abandonando os despropósitos, cairão em si, receosos da vergonha das repreensões.

36.  Sendo ainda o espírito do menino fácil de plasmar e delicado, como em cera amolecida, sem dificuldade, nele se gravam as formas que lhe são propostas; deve pois, logo de início, ser conduzido ao exercício do bem.

37.  Chegando ao uso da razão e já possuindo o hábito de discernir, estabeleça-se uma linha de conduta feita dos elementos básicos e das formas tradicionais da piedade, porque, enquanto a razão sugere o que é útil, o hábito dá a facilidade de agir bem.

38.  Pode, então, ser admitido à profissão da virgindade, que já será irrevogável, porque feita com o devido conhecimento e julgamento, com pleno uso da razão. Desde então, as recompensas ou os castigos dos que pecarem ou dos que agirem bem, serão concedidos pelo justo juiz, segundo o mérito das obras.

39.  Sirvam de testemunhas desse propósito os propósitos eclesiásticos. Assim, por intermédio deles, até a santidade do corpo será considerada como uma coisa sagrada dedicada a Deus e a ação será ratificada por meio do testemunho, porque pela boca de duas ou três testemunhas se decida toda a questão (Mt 18,16).

40.  Desta forma, o zelo dos irmãos não será caluniado e aos que fizerem profissão na presença de Deus e depois tentam anulá-la, não se deixará ocasião de um ato vergonhoso.

41.  Quem, contudo, não quiser a vida virginal, por não ter solicitude pelas coisas que são do Senhor, diante das mesmas testemunhas, seja demitido. Quem professar, porém, após grande deliberação e exame (que lhe seja lícito fazer sozinho e por muito tempo para não parecer uma espécie de rapto), seja recebido e contado na comunidade dos irmãos, e participe da mesma habitação e idêntico regime dos mais velhos.

42.  Mas, esquecemo-nos de dizer, e seria oportuno acrescentar aqui, que certos ofícios sejam aprendidos pelo menino e quando alguns dos meninos já se mostrarem capazes de aprendê-los, não é proibido que fiquem junto dos mestres desses mesmos ofícios. Ã noite, contudo, voltem para junto dos companheiros, com os quais igualmente devem tomar o alimento.

Obediência

Portanto, nada deve ser colocado acima da obediência a Deus.

SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 12

 

Oração – Poder da Oração

Sabemos que, muitas vezes, a oração fervorosa e o jejum constante ajudaram muitas pessoas a viver de modo puro. Isso acontece porque o Senhor, em Sua sabedoria, leva até mesmo os mais teimosos a reconhecerem o que é justo, às vezes por meio de situações que os fazem mudar de atitude. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 12

 

 Voz – A forma de falar

Há um tom de voz, uma palavra comedida, um tempo oportuno, uma propriedade no falar, peculiares e adequados aos que praticam a piedade. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 13

 

Silêncio

É bom para os noviços também a prática do silêncio. Se dominam a língua, darão simultaneamente boa prova de temperança. Com o silêncio aprenderão junto dos que sabem usar da palavra, com concisão e firmeza, como convém perguntar e responder a cada um. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 13

 

Silêncio

O silêncio traz consigo o esquecimento da vida anterior, em consequência da interrupção, e proporciona lazer para o aprendizado do bem. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 13

 

Silêncio

Assim, a não ser por questão especial atinente ao bem de sua própria alma, ou por inevitável necessidade de um trabalho em mãos, ou por negócio urgente, guarde-se silêncio, excetuada, é claro, a salmodia. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 13

 

Humildade

O hábito da humildade corta a cólera, ao passo que o orgulho com frequência leva à ira. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 15

 

Educação – A educação dos noviços

O estudo das letras seja adequado ao fim. Usem-se, até mesmo, nomes tirados das Escrituras; em vez de mitos, contem histórias de feitos admiráveis. Aprendam as sentenças dos Provérbios. Sejam-lhes prometidos prêmios se aprenderem de cor nomes e fatos, de modo que atinjam a meta com gosto e até distração, sem aborrecimentos e obstáculos. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 15

 

Educação – da criança

Sendo ainda o espírito do menino fácil de plasmar e delicado, como em cera amolecida, sem dificuldade, nele se gravam as formas que lhe são propostas; deve pois, logo de início, ser conduzido ao exercício do bem. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 15

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sábado, 4 de outubro de 2025

292 - SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379) - Regra Monástica - Asketikon As Regras Extensas (55 regras) - Questões 8 e 9

 

Leopoldo,  Demetrius, Isaac, Edson, Natalie, Frederick, Luiz Daniel, Edmar Leonardo.



                                           292

SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA

(330-379)

Regra Monástica - Asketikon

As Regras Extensas (55 regras) 

Questões 8 e 9

QUESTÃO 8

A RENÚNCIA

Se é preciso, primeiro, renunciar a tudo e depois ingressar na vida conforme Deus determina.

Resposta

1.      Como Nosso Senhor Jesus Cristo diz a todos, após muitas e vigorosas manifestações, através de numerosas obras: Se alguém, quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sua crus e siga-me (Mt 16,24), e ainda: Assim pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo (Lc 14,33), julgamos abranger esse preceito muitas coisas que é forçoso abandonar.

2.      Renunciamos antes de tudo ao diabo e às paixões carnais, nós que rejeitamos as torpezas ocultas e renunciamos ao parentesco segundo a carne, às amizades humanas e aos costumes contrários à perfeição do Evangelho da salvação.

3.      E uma coisa ainda mais necessária: renuncia-se a si mesmo quem se despojou do velho homem com seus atos (Cl 3,9), o qual é corruptível, devido a desejos ilusórios (Ef 4,26). Renuncia igualmente a todos os afetos mundanos que possam impedir a piedade.

4.      Considerará ele como verdadeiros pais aqueles que o geraram em Cristo Jesus pelo Evangelho (ICor 4,15); como irmãos, os que receberam o mesmo Espírito de adoção. Ainda, terá as riquezas todas, como de fato o são, na conta de estranhas a si mesmo.

5.      Em uma palavra, como ainda partilhará as solicitudes do século aquele para quem o mundo todo está crucificado e ele para o mundo (G1 6,14), por causa de Cristo? Nosso Senhor Jesus Cristo exalta em sumo grau o ódio à própria vida e a renúncia a si mesmo, quando diz: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo e tome sua crus e acrescenta: E siga-me (Mt 16,24). E ainda: Se alguém vem a mim, e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até sua própria vida, não pode ser meu discípulo (Lc 14,26).

6.      Assim, a perfeita renúncia consiste em não se abalar nem mesmo pelo amor à própria vida e ter em si a sentença da morte a ponto de não confiar em si próprio (2Cor 1,9).

7.      Começa pelo abandono dos bens exteriores, como seriam as riquezas, a vanglória, a vida vulgar, o apego às inutilidades, conforme nos ensinaram os santos discípulos do Senhor, Tiago e João, que deixaram o pai, Zebedeu, e até a barca que lhes fornecia todo o sustento; quanto a Mateus, levantando-se do telônio, seguiu o Senhor, e com isso não só abandonou os lucros do telônio, mas ainda desprezou os perigos decorrentes das contas em desordem, para si e para os seus, diante das autoridades. Para Paulo, enfim, todo o mundo estava crucificado e ele, para o mundo (G1 6,14). 

8.      Deste modo, quem desejar ardentemente seguir a Cristo, a nada mais desta vida pode se prender; nem ao amor dos pais ou parentes, quando este se opõe aos preceitos do Senhor (então aplica-se a palavra: Se alguém vem a mim, e não odeia seu pai, sua mãe, etc. [Lc 14,26]); nem por temor dos homens, de modo a furtar-se a algo de útil, conforme agiram os santos que diziam: Importa obedecer mais a Deus do que aos homens (At 5,29); nem dará importância à zombaria que suas boas obras excitarem nos de fora, de tal sorte que não cederá diante do desprezo.

9.      Se alguém quiser conhecer mais apurada e claramente a força unida ao desejo que existe nos que seguem o Senhor, lembre-se do que refere o Apóstolo de si mesmo, para nosso ensinamento: No entanto eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro julga poder fazê-lo, quanto mais eu que fui circuncidado no oitavo dia, que sou da raça de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu, filho de hebreus. Quanto à lei, fui fariseu; quanto ao zelo, persegui a Igreja; quanto à justiça da lei, vivi irrepreensivelmente. Mas tudo isso que para mim eram vantagens, considerei perda por Cristo. Na verdade, em tudo isso só vejo dano, comparado com esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor. Por ele tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de ganhar Cristo (F1 3,4-8).

10.  E se (direi com ousadia, mas com verdade) o Apóstolo comparou com as imundícias repugnantes do corpo das quais depressa fugimos, os próprios privilégios da lei, dados temporariamente por Deus, porque eram impedimento para o conhecimento de Cristo e a justiça que nele se encontra, assim como para nossa conformidade à sua morte, que dizer das determinações dos homens?

11.  E que necessidade há de tornar fidedigna esta palavra com nossos raciocínios, ou com os exemplos dos santos? Pois é possível apresentar palavras do próprio Senhor para convencer a alma temente a Deus. Ele atesta com clareza, de modo incontestável: Assim, pois, qualquer um de vós que não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo (Lc 14,33).

12.  E em outra passagem: Se queres ser perfeito, tendo dito primeiro: Vai, vende teus bens, dá-os aos pobres, acrescenta depois: Vem e segue-me! (Mt 19,21).

13.  A parábola do mercador evidentemente refere-se ao mesmo assunto para qualquer um que julga com prudência: O reino dos céus é ainda semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Encontrando uma de grande valor, vai, vende tudo o que possui, e a compra (Mt 13,45.46).

14.  Evidencia-se que o reino dos céus é apresentado sob a imagem de uma pérola de grande preço. A palavra do Senhor demonstra ser-nos impossível obtê-la, se para comprá-la não abandonarmos de uma vez tudo o que temos: riquezas, glória, condição de família e tudo o mais a que tantos estão presos.

15.  O Senhor afirmou em seguida ser impossível realizar os maiores desejos se a mente está dividida entre solicitudes diversas: Ninguém pode servir a dois senhores (Mt 6,24). E ainda: Não podeis servir a Deus e às riquezas (ibid.). Por isso, escolhamos como único tesouro o celeste, para aí fixarmos o nosso coração. Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração (ibid. 21).

16.  Se restar em nosso poder alguma posse terrena ou bens corruptíveis, forçosamente mergulhará a mente nesse lodo e a alma jamais atingirá a contemplação de Deus, nem será movida pelo desejo das belezas celestes e dos bens prometidos. Não os poderemos obter se um desejo assíduo e veemente não nos impelir a impetrá-los e não tornar leve o labor assumido por causa deles.

17.  A renúncia é, portanto, conforme ficou demonstrado, libertação dos vínculos da vida material e temporal, libertação de compromissos humanos, tomando-nos mais idôneos a empreender a caminhada para Deus. Dá também oportunidade desimpedida de posse e uso de bens valiosos, mais desejáveis que o ouro, que muita pedra preciosa (SI 18,11).

18.  Em suma, é a transladação do coração humano à cidadania dos céus, de modo a podermos afirmar: Mas nós somos cidadãos dos céus (F1 3,20). Mais ainda. É o início da semelhança com Cristo que, sendo rico, se fez pobre por nós (2Cor 8,9).

19.  Se não o conseguirmos, não nos será possível atingir a forma de vida consentânea com o Evangelho. Como se poderá obter a contrição do coração, a humildade do espírito, a libertação da ira, da tristeza, das preocupações, em resumo, das outras más paixões da alma, em meio às riquezas e aos cuidados dessa vida e a outras tendências e hábitos?

20.  Em uma palavra, se não é permissível nem mesmo a inquietação por causa do necessário, como o sustento e o vestuário, seriam lícitas as más preocupações com as riquezas, que retêm quais espinhos, a impedirem dê fruto a semente lançada pelo

agricultor em nossas almas? Diz Nosso Senhor: A que caiu entre os espinhos, estes são os que... são sufocados pelos cuidados, riquezas e prazeres da vida, e assim não dão fruto (Lc 8,14).

 QUESTÃO 9

SE CONVÉM AQUELE QUE SE UNE AOS QUE SE DEDICAM AO SENHOR CONFIAR SEUS BENS DE MANEIRA INDISCRIMINADA A PARENTES ÍMPROBOS

Resposta

21.   Como o Senhor diz: Vende os teus bens, dá-os aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me! (Mt 19,21), e ainda: Vendei o que possuís e dai esmola (Lc 12,33), julgo não dever quem se desfaz de seus bens, em vista deste objetivo, descuidar-se deles, mas procurar que seja administrado tudo o que recebeu por justiça, com toda a piedade, como já tendo sido oferecido a Deus.

22.  Faça-o por si, se for capaz e experiente, ou por outros escolhidos após sério exame e provas suficientes de que sabem administrar com fidelidade e prudência. Esteja certo de que é perigoso cedê-los aos parentes, ou distribuí-los por um intermediário qualquer.

23.  Se aquele a quem foram confiados os bens régios nada roubar do que já foi acumulado, no entanto não lucrar, por certa negligência, o que podia, não é absolvido do crime, a que juízo pensamos serem submetidos os que dispensarem os bens já dedicados ao Senhor com descuido e displicência? Acaso não sofrerão o castigo dos negligentes? Está escrito: Maldito aquele que faz com negligência a obra do Senhor (Jr 48,10).

24.  Tenhamos sempre a precaução de não darmos mostras de menosprezar um mandamento, sob pretexto de cumprir um outro. Não é decoroso disputarmos ou entrar em luta com os iníquos (pois não convém a um servo do Senhor altercar, 2Tm 2,24), mas recordemo-nos a respeito dos parentes carnais que agirem injustamente contra nós, da palavra do Senhor: Ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, não simplesmente, mas por causa de mim e por causa do Evangelho, que não receba já neste mundo cem vezes mais e no mundo vindouro a vida eterna (Mc 10,29.30).

25.  Convém declarar a esses ímprobos que pecam por sacrilégio, conforme o preceito do Senhor, que disse: Se teu irmão tiver pecado, vai e repreende-o, etc. (Mt 18,15).

26.  A piedade nos impede um litígio contra eles diante do tribunal civil, de acordo com a palavra: Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe  também a capa (Mt 5,40). E: Quando algum de vós tem litígio contra outro, como se atreveria ele ir a juízo perante os injustos, em lugar de recorrer aos santos? (ICor 6,1).

27.  Chamemo-los a juízo perante estes, dando importância maior à salvação de um irmão do que à abundância das riquezas. Tendo dito o Senhor: Se te ouvir, acrescentou: terás ganho, não riquezas, mas teu irmão (Mt 18,15).

28.  Acontece que, a fim de se manifestar a verdade, quando aquele que nos ataca injustamente apela não raro a um tribunal ordinário, temos de nos submeter juntos a um mesmo processo, sem que tenhamos agredido, mas apenas seguindo os que nos citaram.

29.  Não atendemos a sentimentos próprios de ira ou de disputa, mas simplesmente declaramos a verdade. Assim, arrancá-lo-emos, também a ele, do mal, mesmo contra a sua vontade, e não transgrediremos os mandamentos, como ministros de Deus que não procuram litígios, não são avaros, porém insistem, constantes, na manifestação da verdade, sem jamais ultrapassarem a medida permitida do zelo.

1.      O que você destaca no texto?

2.      Como este texto é útil para sua vida espiritual?


Pergunta: De que forma o apego ao conforto, à segurança financeira ou à reputação ainda escraviza o coração dos discípulos de Cristo? Como viver a liberdade do Reino em meio às necessidades do cotidiano?


Pergunta: “A renúncia é a transladação do coração humano à cidadania dos céus.” Como podemos cultivar, no dia a dia, um coração “cidadão dos céus” — livre, desapegado e voltado para Deus — mesmo vivendo entre as responsabilidades e pressões deste mundo?

Renúncia

“A renúncia é a transladação do coração humano à cidadania dos céus.” Em uma palavra, como ainda partilhará as solicitudes do século aquele para quem o mundo todo está crucificado e ele para o mundo (G1 6,14), por causa de Cristo? Nosso Senhor Jesus Cristo exalta em sumo grau o ódio à própria vida e a renúncia a si mesmo, quando diz: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo e tome sua cruz e acrescenta: E siga-me (Mt 16,24). E ainda: Se alguém vem a mim, e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até sua própria vida, não pode ser meu discípulo (Lc 14,26). SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 8

Renúncia

Assim, a perfeita renúncia consiste em não se abalar nem mesmo pelo amor à própria vida e ter em si a sentença da morte a ponto de não confiar em si próprio (2Cor 1,9). SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 8

Renúncia

Deste modo, quem desejar ardentemente seguir a Cristo, a nada mais desta vida pode se prender; nem ao amor dos pais ou parentes, quando este se opõe aos preceitos do Senhor (então aplica-se a palavra: Se alguém vem a mim, e não odeia seu pai, sua mãe, etc. [Lc 14,26]); nem por temor dos homens, de modo a furtar-se a algo de útil, conforme agiram os santos que diziam: Importa obedecer mais a Deus do que aos homens (At 5,29); nem dará importância à zombaria que suas boas obras excitarem nos de fora, de tal sorte que não cederá diante do desprezo. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 8

Renúncia

Pois é possível apresentar palavras do próprio Senhor para convencer a alma temente a Deus. Ele atesta com clareza, de modo incontestável: Assim, pois, qualquer um de vós que não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo (Lc 14,33). SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 8

Renúncia

O Senhor afirmou em seguida ser impossível realizar os maiores desejos se a mente está dividida entre solicitudes diversas: Ninguém pode servir a dois senhores (Mt 6,24). E ainda: Não podeis servir a Deus e às riquezas (ibid.). Por isso, escolhamos como único tesouro o celeste, para aí fixarmos o nosso coração. Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração (ibid. 21). SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 8

Renúncia

Se restar em nosso poder alguma posse terrena ou bens corruptíveis, forçosamente mergulhará a mente nesse lodo e a alma jamais atingirá a contemplação de Deus, nem será movida pelo desejo das belezas celestes e dos bens prometidos. Não os poderemos obter se um desejo assíduo e veemente não nos impelir a impetrá-los e não tornar leve o labor assumido por causa deles. SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 8

Renúncia

A renúncia é, portanto, conforme ficou demonstrado, libertação dos vínculos da vida material e temporal, libertação de compromissos humanos, tomando-nos mais idôneos a empreender a caminhada para Deus. Dá também oportunidade desimpedida de posse e uso de bens valiosos, mais desejáveis que o ouro, que muita pedra preciosa (SI 18,11).  SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 8

Renúncia

Em suma, é a transladação do coração humano à cidadania dos céus, de modo a podermos afirmar: Mas nós somos cidadãos dos céus (F1 3,20). Mais ainda. É o início da semelhança com Cristo que, sendo rico, se fez pobre por nós (2Cor 8,9). SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 8

Renúncia e santidade

Se não o conseguirmos, não nos será possível atingir a forma de vida consentânea com o Evangelho. Como se poderá obter a contrição do coração, a humildade do espírito, a libertação da ira, da tristeza, das preocupações, em resumo, das outras más paixões da alma, em meio às riquezas e aos cuidados dessa vida e a outras tendências e hábitos? SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 8

Ansiedade e Inquietações

Em uma palavra, se não é permissível nem mesmo a inquietação por causa do necessário, como o sustento e o vestuário, seriam lícitas as más preocupações com as riquezas, que retêm quais espinhos, a impedirem dê fruto a semente lançada pelo agricultor em nossas almas? Diz Nosso Senhor: A que caiu entre os espinhos, estes são os que... são sufocados pelos cuidados, riquezas e prazeres da vida, e assim não dão fruto (Lc 8,14). SÃO BASÍLIO MAGNO, ou de CESAREIA (330-379). Regra Monástica – Asketikon. As Regras Extensas (55 regras). Questão 8