terça-feira, 7 de agosto de 2018

60 - Teófilo de Antioquia (†181) Terceiro Livro a Autólico (Capítulo 19 - 18)



60
Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Teófilo de Antioquia (†181)
Terceiro Livro a Autólico (Capítulo 19 - 18)


Capítulo XIX – A história do dilúvio (cont.)
Também não disse que houve um segundo dilúvio; ao contrário, disse que não acontecerá no mundo outro dilúvio de água, como de fato não houve, nem haverá. Conta que foram oito pessoas que se salvaram na arca, construída por ordem de Deus não através de Deucalião, mas por aquele que em hebraico se chama Noé e é interpretado em grego como “descanso”. Em outro livro, mostramos como Noé, anunciando aos homens que o dilúvio viria, profetizou-lhes, dizendo: “Vinde, Deus vos chama à penitência”. Por isso, com toda a propriedade, foi chamado Deucalião. Esse Noé tinha três filhos, como mostramos no segundo livro, cujos nomes eram Sem, Cam e Jafé. Cada um deles tinha sua mulher, assim como Noé tinha a sua. Alguns dão o nome de Eunuco a esse homem. Portanto, no total, se salvaram oito vidas humanas, aquelas que se encontravam na arca. Moisés mostrou que o dilúvio durou quarenta dias e quarenta noites, durante os quais as cataratas do céu se romperam e todas as fontes do abismo jorraram, de modo que a água se ergueu quinze côvados acima dos montes mais altos. Desse modo todo o gênero humano então existente pereceu, salvando-se apenas os oito que foram preservados na arca, dos quais falamos antes. Os restos dessa arca até hoje são mostrados nos montes da Arábia. Essa é, em resumo, a história do dilúvio.

Capítulo XX – Data de Moisés
Como já dissemos antes, Moisés conduziu os judeus, quando estes foram expulsos do Egito pelo rei faraó, cujo nome é Tetmósis. Segundo dizem, depois da expulsão do povo, este reinou vinte e cinco anos e quatro meses, conforme a contagem de Maneton. Depois dele, Cebron reinou treze anos; depois deste, reinou Amenófis por vinte anos e sete meses; depois deste, sua irmã Amesa reinou vinte e um anos e um mês; depois dela, Mefres reinou doze anos e nove meses; depois, Meframutósis reinou vinte anos e dez meses; depois deste, Titmósis reinou nove anos e oito meses; depois deste, Damfenófis reinou trinta anos e dez meses; depois deste, Oros reinou trinta e cinco anos e cinco meses; a filha deste reinou dez anos e três meses; depois dela, reinou Merqueres durante doze anos e três meses; depois, Armais reinou quatro anos e um mês; depois deste, Ramsés reinou um ano e quatro meses; depois Messes, filho de Miamo, reinou seis anos e dois meses; depois deste, Amenófis reinou dezenove anos e seis meses; depois Seto e Ramsés, que reinaram dez anos, os quais tinham fama de possuir grandes forças de cavalaria e grande frota em seu tempo. Quanto aos hebreus, que naquele tempo viviam como forasteiros no Egito, submetidos à escravidão pelo rei Tetmósis, do qual falamos, construíram para ele as cidades fortificadas de Peito, Ramesen e On, que é Heliópolis. Assim se demonstra que os hebreus são mais antigos do que as mais famosas cidades daquela época entre os egípcios. Eles são os nossos antepassados e deles recebemos também os livros sagrados que são, como já dissemos, mais antigos do que todos os historiadores. O Egito deriva seu nome do rei Seto, pois dizem que Seto equivale a Egito. Seto tinha um irmão chamado Armais. É este que é chamado de Dânaos, e foi ele que veio do Egito para Argos; dele fazem menção todos os historiadores como sendo muito antigo.

Capítulo XXI – Data de Moisés (cont.)
O egípcio Maneton, depois de muitas tolices e até injúrias contra Moisés e os hebreus que o acompanhavam, insinuando que foram expulsos do Egito como leprosos, não soube dizer exatamente a época. Chamando os hebreus de pastores e inimigos dos egípcios, disse que eram pastores forçados, convencido pela verdade. De fato, nossos antepassados foram pastores, habitando como peregrinos no Egito, mas não leprosos. Com efeito, ao chegarem à terra chamada Jerusalém, onde em seguida habitaram, é claro como seus sacerdotes, que permaneciam no templo por ordem de Deus, curavam toda enfermidade, entre elas a lepra e qualquer outro defeito. O templo foi construído por Salomão, rei da Judéia. É evidente que Maneton se equivoca na cronologia por suas próprias palavras, e também a respeito de quem os expulsou, cujo nome era Faraó. Ele não reinou mais sobre os egípcios, pois, saindo em perseguição aos hebreus, afogou-se com o seu exército no mar Vermelho. Ele também se equivoca dizendo que aqueles que ele chama de pastores, guerrearam contra os egípcios, porque eles saíram do Egito e povoaram a terra que agora se chama Judéia, trezentos e treze anos antes da chegada de Dânaos a Argos. E claro que este é tido como o mais antigo pela maior parte dos escritores gregos. Através de seus escritos, mesmo sem querer, Maneton disse a verdade em dois pontos: em tê-los chamado de pastores e afirmado que saíram do Egito. Por esses dados fica demonstrado que Moisés e os seus são novecentos ou mil anos anteriores à guerra de Tróia.

Capítulo XXII – Data do templo
Sobre a construção do templo da Judéia, edificado pelo rei Salomão quinhentos e sessenta e seis anos depois da saída do Egito, entre os tírios se guardam documentos de como ele foi construído; nos arquivos deles conservam-se escritos onde consta que o templo foi construído cento e trinta e quatro anos e oito meses antes da fundação de Cartago pelos tírios. Esses documentos foram consignados pelo rei dos tírios chamado Hiéramo ou Hiram, filho de Abibal, rei dos tírios, pois este, por tradição paterna, tornou-se amigo de Salomão, também por causa da extraordinária sabedoria de Salomão. Um e outro se exercitavam continuamente com os problemas e disso dão testemunho as cartas que dizem ainda estar conservadas entre os tírios; e também enviavam escritos um ao outro. O mesmo é lembrado por Menandro de Éfeso em suas histórias dos reis de Tiro, onde ele diz: “Quando morreu Abibal, rei dos tírios, seu filho Hieromo herdou o reino e viveu cinqüenta e três anos. A este sucedeu Bazoro, que viveu quarenta e três anos e reinou dezessete. Depois dele, veio Metnastarto, que viveu cinqüenta e quatro anos e reinou nove. Os quatro filhos de sua nutriz conspiraram contra ele e o mataram; o maior dos conjurados reteve a coroa durante doze anos. Depois deles, Astarto, filho de Deliostarto, viveu cinqüenta e quatro anos e reinou doze. Depois dele, seu irmão Atárimo viveu cinqüenta e oito anos e reinou nove. Este foi morto pelo seu irmão chamado Heles, que viveu cinqüenta anos e reinou oito. Foi morto por Iutobal, sacerdote de Astarte, que viveu cinqüenta anos e reinou doze. Depois dele, veio seu filho Bazoro, que viveu quarenta e cinco anos e reinou sete. Meten, filho deste, viveu trinta e dois anos e reinou vinte e nove. A ele sucedeu Pigmalião, que viveu cinqüenta e seis anos e reinou sete. No sétimo ano do seu reinado, sua irmã fugiu para a Líbia e edificou a cidade que até hoje se chama Cartago”. Portanto, todo o tempo que vai desde o reinado de Hieromo até a fundação de Cartago se reduz a cento e cinqüenta e cinco anos e oito meses. O templo foi edificado em Jerusalém no ano doze do reinado de Hieromo, de modo que o tempo que vai da edificação do templo até a fundação de Cartago é de cento e trinta e três anos e oito meses.

Capítulo XXIII – Data do ultimo profeta / Cronologia do mundo
Basta o que dissemos sobre o testemunho dos fenícios e egípcios, tal como aparece nas histórias escritas sobre nossas antiguidades pelo egípcio Maneton, pelo efésio Menandro e pelo próprio Josefo, o cronista da guerra dos judeus, feita contra eles pelos romanos. Através desses antigos demonstram-se que os escritos dos outros são posteriores aos que nos foram dados por Moisés e mesmo aos dos profetas posteriores. De fato, o último dos profetas, chamado Zacarias, exerceu sua atividade no reinado de Dano. Também vemos que os legisladores editaram suas leis posteriormente. Com efeito, se se cita Sólon, o ateniense, este viveu nos tempos dos reis Ciro e Dano, contemporâneo do profeta Zacarias e até muitos anos posterior. Se se trata dos legisladores Licurgo, Draco ou Minos, nossos livros sagrados ganham deles em antiguidade, pois demonstra-se que os escritos da lei divina, que nos foi dada por Moisés, são anteriores ao próprio Zeus, rei dos cretenses, e até à guerra de Tróia. Todavia, para fazer uma demonstração mais exata de toda essa cronologia, vamos, com a ajuda de Deus, traçar a história não só dos tempos anteriores ao dilúvio, mas também dos posteriores. Daremos, no que for possível, o número de todos eles, remontando à própria origem da criação do mundo, tal como foi consignada por Moisés, servo de Deus, sob a inspiração do Espírito Santo. Com efeito, depois de falar da criação e origem do mundo, do primeiro homem e do que aconteceu depois, ele também indicou os anos que se passaram antes do dilúvio. De minha parte, peço a graça do único Deus para dizer com exatidão toda a verdade, conforme a sua vontade, a fim de que também tu e todo aquele que ler isto seja guiado pela verdade e pela sua graça. Vou, portanto, começar pelas genealogias que foram consignadas, isto é, desde o primeiro homem, que serve de ponto de partida.


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