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Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Tertuliano de Cartago (160-220)
Biografia de
Tertuliano
Tertuliano (em latim: Quintus
Septimius Florens Tertullianus; c. 160 —c. 220 (60 anos) foi um prolífico autor
das primeiras fases do Cristianismo, nascido em Cartago (Tunísia) na província
romana da África Proconsular. Ele foi o primeiro autor cristão a produzir uma
obra literária (corpus) em latim. Ele também foi um notável apologista cristão
e um polemista contra a heresia.
Ele organizou e avançou a nova
teologia da Igreja antiga. Ele é talvez mais famoso por ser o autor mais antigo
cuja obra sobreviveu a utilizar o termo "Trindade" (em latim:
Trinitas) e por nos dar a mais antiga exposição formal ainda existente sobre a
teologia trinitária. É um dos Padres latinos. Algumas das ideias de Tertuliano
não eram aceitáveis para os ortodoxos e, no fim de sua vida, ele se tornou um
montanista.
Tertuliano foi criado em Cartago.
Jerônimo alegou que o pai de Tertuliano tinha a posição de centurião no
exército romano na África.
Acredita-se que Tertuliano foi um
advogado por causa do uso que ele faz de analogias legais.
Conversão
Sua conversão ao cristianismo
aconteceu por volta de 197–198. Ele escreveu que não podia imaginar uma vida
verdadeiramente cristã sem um ato consciente e radical de conversão: “Nós somos
da mesma laia e natureza: cristãos são feitos e não nascidos”.
Dois
livros endereçados à sua esposa confirmam que ele foi casado com cristã. No
meio de sua vida (por volta de 207 d.C.), ele foi atraído pela "Nova
profecia" do Montanismo e parece ter deixado o ramo principal da Igreja.
No tempo de Santo Agostinho, um
grupo de "tertulianistas" ainda tinha uma basílica em Cartago que,
nesta mesma época, passou para a Igreja. Não sabemos se esta é apenas uma outra
denominação para os montanistas e se significa que Tertuliano rompeu também com
os montanistas e fundou seu próprio grupo.
Tertuliano tinha um temperamento
violento e enérgico, quase fanático, lutador empedernido e muitos dos seus
escritos são polêmicos. Este temperamento, impressionado com o exemplo dos
mártires, que o levou à conversão, permite compreender a sua passagem ao
montanismo.
Jerônimo diz que Tertuliano
morreu com idade bastante avançada. À despeito de seu cisma com a ortodoxia da
Igreja, ele continuou a escrever contra as heresias, especialmente o
Gnosticismo. Assim, através de suas obras doutrinárias que publicou, Tertuliano
se tornou professor de Cipriano de Cartago e o predecessor de Santo Agostinho
que, por sua vez, se tornou o principal fundador da teologia latina.
Obras
Podemos dividir o conjunto das
suas obras em três grandes grupos:
1) Escritos apologéticos (de defesa da fé contra os opositores): Aos
pagãos, Apologeticum (a sua obra mas conhecida), O testemunho da alma, Contra
Escápula, Contra os judeus.
2)
Escritos polêmicos:
A prescrição dos hereges, Contra Marcião, Contra Hermógenes, Contra os
valentinianos, O baptismo, Scorpiace, A carne de Cristo, A ressurreição da
carne, Contra Práxeas, A alma.
3)
Escritos disciplinares, morais e ascéticos: Aos mártires, Os espetáculos, O vestido das
mulheres, A oração, A paciência, A penitência, À esposa, A exortação da
castidade, A monogamia, O véu das virgens, A coroa, A fuga na perseguição, A
idolatria, O jejum, A pudicícia, O manto.
A fé e a filosofia
Para Tertuliano, a questão das
relações entre a fé e a filosofia nem sequer se colocavam, pois entre ambas
nada existia de comum. A filosofia era vista como adversária da fé, e os
filósofos antigos como patriarcas dos hereges. Para ele, de fato, fé e razão
opõem-se, e podemos encontrar na filosofia a origem de todos os desvios da fé.
No entanto, é forçado a reconhecer que algumas vezes os filósofos pensaram como
os cristãos, e denuncia algumas influências de correntes filosóficas antigas,
nomeadamente do Estoicismo.
É bem conhecida a frase
"credo quia absurdum". Apesar de ela não se encontrar nos escritos de
Tertuliano, mas apenas algumas semelhantes, ela condensa bem o seu pensamento
acerca da razão. Note-se que o seu significado é não apenas "creio embora
seja absurdo", mas sim "creio porque é absurdo". A verdadeira fé
tem de se opor à razão.
A teologia e o
direito
Tertuliano era jurista, advogado.
Introduziu na teologia latina, e na da Igreja em geral, uma série de termos e
conceitos provenientes do direito. Concebeu a vida cristã e a salvação à
semelhança de um processo penal, em que Deus é o legislador, o Evangelho a lei,
quem obedece recebe a compensação, quem desobedece torna-se culpado e é
castigado. Tertuliano introduziu ou consagrou algumas distinções importantes,
como por exemplo a de preceito e conselho evangélico.
A Trindade
O maior contribuição de
Tertuliano para a teologia foi a sua reflexão acerca do mistério trinitário.
Criou um vocabulário que passou a fazer parte da linguagem oficial da teologia
cristã. Foi ele que introduziu a palavra “Trinitas”, como complemento da
“Unitas”.
Segundo Tertuliano, Pai, Filho e
Espírito Santo são um só Deus porque uma só é a substância, um só estado
(status) e um só poder. Mas, por outro lado, distinguem-se, sem separação, pelo
grau, pela forma e pela espécie (manifestação).
Tertuliano introduz assim o termo
“pessoa”, (persona), para significar cada um dos três, considerado
individualmente.
Este vocabulário passou a
vigorar, até hoje, para referir as realidades trinitárias.
Eclesiologia
Tertuliano considera a Igreja como Mãe,
numa expressão de extremo respeito e veneração. Tal como Eva foi
formada da costela de Adão, também a Igreja teve a sua origem na chaga do
lado de Cristo. A Igreja é guardiã de Fé e da Revelação. Assim,
as Escrituras pertencem-lhe, e só ela mantém o ensinamento dos Apóstolos e
pode transmiti-lo.
Na sua fase montanista, concebe a Igreja como
um corpo puramente espiritual, de tal modo que bastam dois ou três cristãos
para que se possa dizer que se manifesta a totalidade da Igreja una. Essa seria
a Igreja do Espírito, oposta à “Igreja dos bispos”. Assim ele não mais
pregava a necessidade da sucessão apostólica.
A
penitência
Para Tertuliano há possibilidade duma nova
conversão após o batismo, conseguida na sequência duma confissão pública
do pecado. Ao pedir perdão, o pecador usufrui da intercessão da
Igreja e recebe a absolvição final pela pessoa do bispo.
Quando se torna montanista, porém, passa a
considerar alguns pecados irremissíveis, tais como a fornicação,
a idolatria e o homicídio.
Para Tertuliano, só Deus perdoa os pecados.
Confrontado com a passagem do Evangelho em que Cristo concede o poder
de ligar e desligar, Tertuliano nega que assim a Igreja detenha o poder das
chaves, pois tal poder foi dado pessoalmente só a Pedro, não a todos
os bispos. Quando muito, para o Tertuliano montanista, o poder de perdoar
os pecados pertence a “homens espirituais”, não aos bispos.
A
Eucaristia
Tertuliano emprega vários nomes para referir
a Eucaristia. São contudo poucas as suas referências explícitas a esse
mistério. Ao falar dos sacramentos da iniciação cristã, diz que “a carne é
alimentada com o Corpo e Sangue de Cristo, para que a alma seja saciada de
Deus.
Isto manifesta a sua fé na presença
real de Cristo na Eucaristia. O mesmo se torna patente quando manifesta a
sua indignação por alguns se aproximarem indignamente do Corpo do Senhor.
Tertuliano refere também ao costume de levar a
espécie eucarística para casa e tomá-la privadamente. É esta uma das mais
antigas alusões à reserva eucarística.
Escatologia
Tal como os milenaristas, Tertuliano considera
que, no fim, os justos, ressuscitados, reinarão durante mil anos com
Cristo. Depois do juízo final, os justos estarão com Deus, enquanto que os
ímpios irão para o fogo eterno.
O que você destaca no
texto?
Como ele serviu para sua
espiritualidade?
Tertuliano na minha opinião foi o maior Pai Apostólico. Grande Apologeta e ainda fundamentou a Teologia da Trindade. Um gigante. Excelente artigo
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