terça-feira, 26 de novembro de 2019

121 - Orígenes de Alexandria (185-253) As Homilias sobre São Lucas (Homilia 33)


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121
Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Orígenes de Alexandria (185-253)
As Homilias sobre São Lucas (Homilia 33)


HOMILIA 33 - Lc 4.23-27
Sobre o que está escrito: “Sem dúvida, vós me citareis este provérbio” e a sequência, até aquela passagem que diz: “E nenhum deles foi curado, mas somente o sírio Naamã”.

Israel e os gentios
Quanto ao que se refere à narrativa de Lucas, Jesus ainda não se deteve em Cafarnaum, e não consta que nessa cidade tenha feito milagres, visto que nela não ficou.
Mas, antes que viesse a Cafarnaum, é assinalado que esteve em sua pátria, Nazaré. “Sem dúvida”, diz ele a seus concidadãos, “vós me citareis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Tudo o que ouvimos ter-se passado em Cafarnaum, faze-o igualmente aqui em tua pátria”.
Por isso, penso que algo misterioso está escondido na presente passagem, na qual Cafarnaum, figura dos gentios, passa adiante de Nazaré, figura dos Judeus.
Por isso Jesus, sabendo que ninguém tem honra em sua pátria, nem ele próprio, nem os profetas, nem os apóstolos, não quis pregar nessa cidade, mas pregou entre os gentios, para que não lhe fosse dito pelos seus compatriotas: “Sem dúvida, vós me direis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo”.
Virá, com efeito, um tempo em que o povo judeu dirá: “Tudo o que ouvimos ter-se passado em Cafarnaum”, os milagres e os prodígios realizados entre os gentios, faze-os também entre nós, em tua pátria.
O que mostraste ao mundo inteiro, mostrá-lo também. Prega tua mensagem a Israel teu povo, a fim de que, pelo menos, “quando a totalidade dos gentios tiver entrado, todo o Israel seja salvo”.
Por isso, parece-me que, aos Nazarenos que o interrogavam, o Salvador respondeu de caso  pensado: “Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”. E eu penso que essas palavras são mais verdadeiras segundo o mistério que segundo o sentido literal.

Atitude para com os profetas
Jeremias não foi bem recebido em Anatot, sua pátria; nem Isaías na sua, qualquer que seja ela; nem os outros profetas.
Parece-me, entretanto, que isso deve ser entendido mais desta forma: digamos que a pátria de todos os profetas foi o povo da circuncisão, e que este não acolheu os profetas nem as suas profecias.
Quanto aos gentios, que haviam estado longe dos profetas e não tinham conhecimento deles, eles aceitaram os ensinamentos de Jesus Cristo.
“Nenhum profeta é, pois, bem recebido em
sua pátria”, isto é, no povo judeu. Nós, porém, que não estávamos alheios à aliança e éramos estranhos às promessas, nós acolhemos os profetas de todo nosso coração; e nós temos Moisés e os profetas que anunciavam o Cristo mais do que os judeus, que, precisamente porque não acolheram Jesus, também não acolheram aqueles que trouxeram o anúncio a respeito dele.

A viúva de Sarepta
Daí que, a estas palavras: “Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”, ele acrescenta outra coisa: “Em verdade, pois, eu vos digo que havia muitas viúvas em Israel nos dias de Elias, quando o céu permaneceu fechado durante três anos e seis meses”.
Tal é o que quer dizer: “Elias era profeta e se encontrava no meio do povo judeu. Mas quando estava para realizar um prodígio, como houvesse várias viúvas em Israel, ele as deixou e veio encontrar uma pobre mulher pagã, uma viúva de Sarepta, no país de Sidon”, explicando assim a figura da realidade futura, porque a “fome que os tomava não era de pão, nem a sede, de água, mas a fome de ouvir a palavra de Deus”.
Veio até a viúva, sobre a qual também o profeta dá testemunho, dizendo: “Os filhos da mulher abandonada são mais numerosos do que os daquela que tem marido”.
E, como tinha vindo, Elias multiplica o pão e os alimentos dessa mulher. Tu eras a viúva de Sarepta, no país de Sidon, de cujas fronteiras “sai a mulher cananeia”, e deseja que sua filha seja curada e, por causa de sua fé, mereceu receber o que pedia.
“Havia muitas viúvas no meio do povo de Israel, mas a nenhuma delas foi enviado Elias, mas a Sarepta, para uma pobre mulher viúva”.
Naamã, figura do batismo.
 E o Cristo acrescenta outro exemplo, que é pertinente a outro sentido: “Havia muitos leprosos em Israel nos dias do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, mas somente o sírio Naamã”, que, certamente, não pertencia ao povo de Israel.
Considera o grande número de leprosos até o presente dia “em Israel segundo a carne”; vê, por outro lado, o Eliseu espiritual, nosso Senhor e Salvador, que purifica no mistério batismal os homens cobertos da crosta da lepra e que diz a ti: “Levanta-te, vá ao Jordão, lava-te e tua carne te será restituída”.
Naamã levantou-se, foi-se, e, lavado, cumpriu o mistério do batismo, “sua carne tornou-se semelhante à carne de uma criança”.
De qual criança? Daquela que, “no banho da regeneração”, nascerá no Cristo Jesus: “a quem pertencem a glória e o poder nos séculos dos séculos. Amém”.

O que você deseja destacar no texto?
Como este texto serviu para sua espiritualidade?


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