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Efrém, o Sírio (306-373)
Biografia
1. Efrém da Síria ou Efrém, o Sírio, (c. 306 — 9 de junho de 373) foi um prolífico compositor de hinos e teólogo do século IV, venerado por cristãos do mundo inteiro, especialmente pela Igreja Ortodoxa Síria, como um santo.
2. Nascido
em Nísibis, foi discípulo de Tiago de Nísibis na famosa escola da cidade.
3. Escapando
do avanço do exército sassânida, fugiu para Edessa onde lecionou por muitos
anos.
4. Autor
de uma grande variedade de hinos, poemas e sermões de exegese bíblica, em verso
e em prosa.
5. Suas
obras são exemplos de uma teologia prática voltadas para defesa da igreja em
tempos turbulentos e tornaram-se tão populares que, por séculos após a sua
morte, autores cristãos escreveram centenas de trabalhos pseudepígrafes em seu
nome.
6. Por
suas obras, foi declarado Doutor da Igreja pelo papa Bento XV em 1920. Efrém
tem sido considerado o mais importante de todos os padres da Igreja na tradição
siríaca da igreja.
Vida
7. Efrém
nasceu por volta de 306 na cidade de Nísibis (moderna Nusaybin, na Turquia,
perto da fronteira com a Síria), que tinha se tornado parte do Império Romano
apenas oito anos antes, em 298.
8. Evidências
internas da hinódia de Efrém sugerem que seus pais eram parte da crescente
comunidade cristã da cidade, embora hagiógrafos posteriores tenham defendido
que seu pai seria um sacerdote pagão.
9. Diversas
línguas eram faladas em Nísibis na época, a maior parte delas dialetos do aramaico,
enquanto a comunidade cristã utilizava-se de um dialeto siríaco.
10. A
cultura local estava sujeita a influências pagãs, judaicas e das seitas do
início do cristianismo.
11. Tiago
(em latim: Jacobus), o segundo bispo de Nísibis e um dos signatários do Concílio
de Niceia, foi consagrado em 308 e Efrém cresceu durante seu episcopado; foi
batizado ainda menino e, quase certamente, tornou-se um "filho da
aliança", uma forma pouco comum do proto-monasticismo siríaco.
12. Tiago
indicou Efrém como professor (em siríaco: malp̄ānâ, um título que ainda inspira
grande respeito entre os cristãos siríacos), e ele foi ordenado diácono no seu
batismo ou em seguida.
13. Efrém
começou a compor seus hinos e escrever comentários sobre a Bíblia como parte de
sua função de educador.
14. Em
seus hinos, ele às vezes se refere a si mesmo como um "boiadeiro", ao
seu bispo como o "pastor" e à sua comunidade como
"rebanho".
15. Tradicionalmente,
acredita-se que Efrém tenha sido o fundador da Escola de Nísibis, que, nos
séculos posteriores, foi o centro do conhecimento do cristianismo oriental.
16. Em
337, morreu o imperador Constantino (r. 306–337), que legalizou e promoveu a
prática do cristianismo no Império Romano.
17. Aproveitando
a oportunidade, Sapor II iniciou uma série de ataques no norte da Mesopotâmia
romana. Nísibis foi cercada em 338, 346 e 350.
18. Durante
o primeiro cerco, Efrém creditou ao bispo Tiago ter defendido a cidade com suas
preces.
19. No
terceiro, em 350, Sapor desviou o rio Migdônio para minar as muralhas da
cidade, porém os habitantes rapidamente a consertaram enquanto a cavalaria de
elefantes persa se via atolada no solo úmido.
20. Efrém
celebrou o que entendeu ser uma salvação milagrosa da cidade num hino que
retratou Nísibis como a Arca de Noé, flutuando em segurança durante o dilúvio.
21. Uma
ligação física importante com a época de Efrém é o batistério de Nísibis. A
inscrição dedicatória diz que ele foi construído durante o episcopado do bispo
Vologeses em 359.
22. Naquele
ano, Sapor atacou novamente e as cidades na vizinhança de Nísibis foram todas
destruídas, uma por uma, e seus habitantes foram mortos ou deportados.
23. Constâncio
II (r. 337–361) estava incapacitado de responder à agressão, e a campanha de
Juliano, o Apóstata (r. 360–363), terminou com a sua morte no campo de batalha.
24. Seu
exército então elegeu Joviano como novo imperador e, para resgatar seu exército
de uma desgraça maior, ele foi forçado a entregar Nísibis para os sassânidas,
além de ser obrigado a permitir que toda a população cristã fosse expulsa.
25. Efrém,
com outros fugitivos, seguiu primeiro até Amida (Diyarbakır) e se assentou
finalmente em Edessa (moderna Şanlıurfa) em 363.
26. Com
quase sessenta anos, dedicou-se ao ministério em sua nova igreja e parece ter
continuado a lecionar, talvez na Escola de Edessa.
27. A
cidade sempre esteve no coração do mundo siríaco e estava repleta de filosofias
e religiões rivais.
28. Em
suas obras, Efrém comentou que os cristãos ortodoxos nicenos eram chamados
simplesmente de "palutianos" em Edessa, em homenagem a um bispo
anterior.
29. Arianos,
marcionitas, maniqueístas, bardesanistas e várias seitas gnósticas
proclamavam-se como a verdadeira igreja. Nesta confusão, Efrém escreveu um
grande número de hinos defendendo a ortodoxia nicena.
30. Um
escritor siríaco posterior, Jacó de Batnas, escreveu que ele ensaiava seus
coros, todos compostos apenas por mulheres, para que cantassem no ritmo das
canções siríacas mais populares no fórum de Edessa.
31. Após
um período de dez anos morando ali, Efrém sucumbiu à peste enquanto ministrava
às suas vítimas.
32. A
data mais confiável de sua morte é 9 de junho de 373.
Obras
33. Mais
de quatrocentos hinos compostos por Efrém ainda existem. Dado que muitos devem
ter se perdido, não há dúvidas sobre sua produtividade.
34. O
historiador da Igreja Sozomeno acredita que Efrém tenha escrito mais de três
milhões de linhas.
35. Efrém
combina em seus textos três heranças principais: ele se baseia em modelos e
métodos do antigo judaísmo rabínico, utiliza com habilidade a filosofia e
ciência gregas e se delicia na tradição mesopotâmica do simbolismo oculto.
36. As
mais importantes entre suas obras são os seus hinos edificantes e líricos.
37. Estes
hinos estão cheios de um imaginário rico e poético baseado em fontes bíblicas,
nas tradições populares, em outras religiões e na filosofia.
38. Os
madrāšê foram escritos em estrofes de versos silábicos e empregam mais de
cinquenta diferentes esquemas métricos.
39. Cada
madrāšâ tinha seu qālâ, uma canção tradicional identificada por seu verso
inicial.
40. Todos
estes qālê se perderam atualmente. Parece que Bardesanes e Manes também
compuseram madrāšê e Efrém percebeu que esta mídia seria uma ferramenta
adequada para combater seus adversários e suas alegações.
41. Cada
madrāšâ geralmente tinha um refrão, que era repetido após cada estrofe.
42. Particularmente
influentes foram seus "Hinos contra as heresias".
43. Efrém
os utilizava para alertar seu rebanho das heresias que ameaçavam dividir a
igreja primitiva.
44. Ele
lamentava os fiéis que eram "atirados de um lado para o outro e carregados
em cada nova doutrina, pela esperteza humana, por suas habilidades e desejos
enganadores".
45. Ele
também compôs hinos carregados com detalhes da doutrina para inocular os
cristãos que pensavam corretamente contra heresias como o docetismo.
46. Os
"Hinos contra as heresias" empregam metáforas coloridas para
descrever a encarnação de Cristo como sendo tanto totalmente humana e, ao mesmo
tempo, divina.
47. Efrém
afirma que a unidade de Cristo com a humanidade e a divindade representa a paz,
perfeição e a salvação.
48. Em
contraste, o docetismo e outras heresias procuravam dividir ou reduzir a
natureza de Cristo.
49. Efrém
também escreveu homilias em verso.
50. Estes
sermões em poesia existem em quantidade muito menor que os madrāšê. Os mêmrê
foram escritos em pares heptossilábicos (pares de linhas com sete sílabas
cada).
51. A
terceira categoria de escritos de Efrém foi a obra em prosa. Ele escreveu
comentários sobre o Diatessarão (Tatiano combinou os quatro evangelhos -
Mateus, Marcos, Lucas e João - em uma única narrativa), sobre o Gênesis e sobre
o Êxodo.
52. Já
sobre o Novo Testamento, ele comentou sobre os Atos dos Apóstolos e as
Epístolas Paulinas.
53. Ele
também escreveu refutações contra Bardesanes, Mani, Marcião e outros.
54. Efrém
escreveu exclusivamente em siríaco, mas as traduções de suas obras existem em
armênio, copta, georgiano, grego e outras línguas.
55. Algumas
de suas obras só sobreviveram em traduções (principalmente armênias).
56. As
igrejas siríacas ainda usam muitos dos hinos de Efrém como parte de seu ciclo
litúrgico anual. Porém, a maior parte destes hinos litúrgicos foram editados.
Texto do vaticannews
https://www.vaticannews.va/pt/santo-do-dia/06/09/s--efrem--diacono-e-doutor-da-igreja.html
57. “As árvores do Éden / foram dadas como
alimento ao primeiro Adão. / Para nós, o jardineiro do Jardim / tornou-se
pessoalmente comida / para as nossas almas”.
58. Estes versos vêm do alvorecer da Igreja,
precisamente do século IV, criados e escritos por um diácono do Oriente,
chamado Efrém, natural de Nísibis, uma cidade da antiga Mesopotâmia, onde
nasceu em 306.
59. A tradição da Igreja o recorda como
"Efrém da Síria" e o venera como Doutor da Igreja.
60. Uma das suas características é a de ser um
profundo pensador cristão - um dos mais famosos do seu tempo – como também um
poeta fino.
61. Efrém era capaz de revestir suas intuições
sobre a fé com a harmonia de versos, que tocavam o coração. O que ele escreveu,
para nós, é uma lição.
Gênio e coração
62. A
inteligência e erudição de Efrém combinam com seu notável temperamento humano.
63. Aos 15
anos, defrontou-se com o Evangelho e o estudou com paixão. Porém, isto lhe
custou a perseguição do seu pai, sacerdote pagão.
64. Aos 18
anos, recebeu o batismo e seguiu o bispo Tiago no Concílio de Nicéia (325).
65. Depois,
retornou a Nísibis, onde abriu uma escola bíblica.
66. Quando a
cidade foi invadida, várias vezes, pelos persas, Efrém foi obrigado a deixar
sua cátedra, tornando-se herói da resistência.
67. Logo,
foi um teólogo de pulso, combatente e homem de caridade.
Para diminuir o impacto da escassez, que em certo momento atingiu Edessa, ele
arregaçou as mangas para garantir ajuda humanitária à população.
Fé nos paradoxos
68. O
pensamento e os escritos de Efrém foram, portanto, seus melhores talentos, além
da música.
69. Ele
escreveu muito e de tudo com grande qualidade espiritual e estilo.
70. Seus
poemas e sermões em versos, seus hinos (as obras mais abundantes), e
comentários bíblicos em prosa abordavam, com inteligência e beleza, os pilares
da fé que o fascinavam: Deus, Criador, a virgindade de Maria, a redenção do
Cristo...
71. Ele
afirmava que nada na criação era isolado; no entanto, o mundo, além da
Escritura, era a Bíblia de Deus.
72. Enfim, a
poesia foi o instrumento que lhe permitiu se aprofundar na reflexão teológica
"através de paradoxos e imagens", como, há alguns anos, Bento XVI
observou ao comentar sobre a vida de Efrém.
Um santo em Edessa
73. Edessa,
ajudada por Efrém durante o drama da escassez, foi a cidade para aonde o Santo
se transferiu e se estabeleceu após uma peregrinação em 362.
74. Ali
prosseguiu seu trabalho como teólogo e pregador, continuando a ajudar as
pessoas, em primeira linha, quando, mais do que a caneta, sentiu a necessidade
urgente de se curvar para os que sofriam.
75. O
cuidado dos doentes de peste foi a última obra-prima, que Efrém da Síria
escreveu com a tinta da caridade.
76. Santo
Efrém faleceu em Edessa, acometido pela pestilência, em 373.
77. As
crônicas não narram, com certeza, se ele foi ou não um monge. Certo é que
sempre foi um diácono exemplar, um servo de todos, por amor a Deus, um seu
cantor e "Harpa do Espírito Santo".
O que você destaca na vida
de Efrém?
Como serve para sua
espiritualidade?
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