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O Tratado da Santíssima
Trindade
Livro Primeiro (Capítulos 28 - 38)
LIVRO PRIMEIRO
1. O
livro oitavo, bem como os dois anteriores, muito proveitosos para a fé dos que creem
no Filho de Deus, que é o Deus verdadeiro, agora se detém na demonstração de um
só Deus, sem negar a natividade do Filho de Deus nem introduzir, por este
nascimento, a divindade de dois deuses.
2. Em
primeiro lugar, ensina com que meios os hereges se esforçam por não levar a
sério a verdade de Deus Pai e de Deus Filho, que não podem negar. Desfaz os
ineptos e ridículos pretextos segundo os quais afirmam que a união do Pai e do
Filho se dá pela vontade e unanimidade, mais que pela natureza, porque foi
dito: A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma (At 4,82) e Aquele
que planta e aquele que rega são um (1Cor 3,8), e ainda: Não rogo somente por
eles, mas, por aqueles que, pela sua palavra, crerão em mim, a fim de que todos
sejam um, como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti, para que eles estejam em nós
(Jo 17,20- 21).
3. Nós,
porém, examinando estas mesmas palavras segundo sua própria força (isto é,
segundo a autoridade delas), mostramos conterem em si a fé na divina
natividade.
4. Estudando
atentamente todas as afirmações do Senhor, ensinamos, segundo os precônios
apostólicos e as palavras do Espírito Santo, o íntegro e perfeito mistério da
majestade do Pai e do Unigênito. Pois o Filho compreendido no Pai e o Pai
conhecido no Filho demonstram o nascimento do Deus Unigênito e a verdade de sua
perfeita divindade.
Capítulo
29.
5. Nas
questões mais necessárias relativas à salvação, é pouco apresentar somente
argumentos próprios à satisfação da fé, porque muitas vezes as afirmações não
completamente entendidas de nossa exposição enganam e mudam de sentido.
6. No
entanto, os argumentos apresentados pelos nossos adversários são tão ridículos
que, por si mesmos, confirmam a nossa fé. Por isso, todo o nono livro se ocupa
em repelir os argumentos usados pelos ímpios, que intentam tirar a força da
natividade do Deus Unigênito, esquecidos do mistério da Economia oculto há
séculos, e não se lembram de pregar, conforme a fé evangélica, o Deus e Homem.
7. Negam
que Nosso Senhor Jesus Cristo seja Deus e, como Deus Filho, igual a Deus Pai.
Negam que tenha nascido de Deus, subsistindo em virtude da geração eterna, na
verdade do Espírito (isto é, da divindade).
8. Costumam
apoiar-se nestas palavras do Senhor: Por que me chamas bom? 25 Ninguém é bom a
não ser o único Deus (Lc 18,19). Dizem que, respondendo ao ser chamado de bom,
que, a não ser o único Deus, ninguém é bom, demonstra que está fora da bondade
de Deus, que é o bom, e também que não está na verdade de Deus, que é um.
9. A
estas palavras também acrescentam mais argumentos para a impiedade: É esta a
vida eterna, que te conheçam a ti, único e verdadeiro Deus, e a quem enviaste,
Jesus Cristo (Jo 17,3). Argumentam que, se declara ser o Pai o único Deus
verdadeiro, não é nem verdadeiro, nem Deus, porque a unicidade do único Deus
verdadeiro não pode estender-se para além daquele que possui tal propriedade.
10. Não
se entenda ter dito isto de maneira ambígua, dizem eles, visto que Ele mesmo
declarou: O Filho por si mesmo nada pode fazer, mas só aquilo que vê o Pai
fazer (Jo 5,19).
11. Não
poder fazer nada sem um exemplo revela a fraqueza da natureza, e de modo algum
se pode igualar à onipotência a submissão de alguém que depende da ação de
outrem.
12. A
própria razão mostra que existe uma grande diferença entre poder todas as
coisas e não poder. Esta diferença existe a ponto de ter Ele mesmo declarado: O
Pai é maior do que eu (Jo 14,28).
13. Querem
que cesse toda ocasião de contradizer esta confissão, dada a sua clareza, pois
seria impiedade atribuir a natureza e a honra devidas a Deus a quem as recusa.
14. Além
disso, dizem estar tão longe dele a natureza do verdadeiro Deus que chega a
atestar: Quanto ao dia e à hora ninguém conhece, nem os anjos nos céus, nem o
Filho, mas somente o Pai (Mc 13,32). Que o Filho não saiba o que somente o Pai
sabe mostra estar longe do que sabe Aquele que não sabe, porque na natureza
submetida à ignorância não podem existir a força e o poder, que estão proibidos
a quem é dominado pela ignorância.
Capítulo
30.
15. Mostramos
que estas coisas foram entendidas de modo ímpio, com um sentido corrupto e
depravado. Apresentamos todas as causas de suas afirmações, segundo o gênero
das questões, os tempos e a economia da salvação, antepondo as causas às
palavras, ao invés de atribuirmos as causas às palavras.
16. Há
diferença entre: o Pai é maior do que eu (Jo 14,20) e Eu e o Pai somos um (Jo
10,30), como não é o mesmo dizer: Ninguém é bom, a não ser o único Deus (Lc
18,19), e: Quem me vê, vê também o Pai (Jo 14,9).
17. Sem
dúvida, há grande diversidade entre estas afirmações contrárias: Pai, tudo o
que é teu é meu, e o que é meu é teu (Jo 17,10), e: Para que te conheçam, a ti,
único e verdadeiro Deus ( Jo 17,3), ou entre: Eu estou no Pai, e o Pai em mim
(Jo 14,11), e: Quanto ao dia e a hora ninguém conhece, nem os anjos nos céus,
nem o Filho, mas somente o Pai (Mc 13,31).
18. É
preciso entender, em cada uma destas afirmações, o que se refere à economia e o
que se refere ao poder da natureza consciente de si mesma. Como o autor de
todos os ditos é o mesmo, ficando demonstrado o valor de cada gênero de
declaração (das diferentes naturezas que existem em Cristo), não se pode dizer
que seja desconhecimento da verdadeira divindade aquilo que é pregado a
respeito do mistério da fé evangélica, no que se refere à manifestação da
causa, do tempo, da natividade e do nome.
Capítulo
31.
19. O
livro décimo tem o mesmo teor que a fé. Tendo eles roubado algumas declarações
sobre os sofrimentos do Senhor, tomando-as, de modo estulto, como injúria à
natureza divina de Jesus Cristo Senhor e a seu poder, foi preciso provar terem
sido entendidas por eles com toda a impiedade e lembrar que o Senhor as
pronunciou a fim de dar testemunho da verdadeira e perfeita majestade nele
existente.
20. Para
ocultar sua impiedade sob uma aparente religiosidade servem-se de maneira
enganosa destas palavras: Minha alma está triste até a morte (Mt 26,38).
21. Querem
mostrar, assim, como está longe da bem-aventurança e incorruptibilidade de Deus
Aquele cuja alma é dominada pelo medo da tristeza iminente e que chega a
suplicar, aterrorizado pela necessidade da Paixão: Pai, se for possível, que se
afaste de mim este cálice (Mt 26,39).
22. Pareceria,
sem dúvida, temer o sofrimento, por ter orado para se ver livre dele, porque a
ansiedade diante da dor foi a causa do pedido e a violência do sofrimento
venceu de tal modo sua fraqueza, que chegou a dizer quando padecia na cruz: Meu
Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (Mt 27,46) e, queixando-se de sua
desolação, comovido pela amargura, privado do auxílio paterno, entregou o
espírito dizendo: Pai, em tuas mãos entrego meu espírito (Lc 23,46).
23. Ao
exalar o espírito, perturbado pelo temor, entregou-o a Deus Pai para guardá-lo,
porque o desespero de não ter segurança exigiu a entrega.
Capítulo
32.
24. Estes
estultíssimos e ímpios homens, sem compreenderem que nada nas ações era
contrário às palavras, apegando-se somente a elas, puseram de lado as causas
pelas quais foram ditas.
25. É
muito diferente: Minha alma está triste até a morte (Mt 26,38), de: Logo vereis
o Filho do Homem assentado à direita do poder de Deus (Mt 26, 64), e não é o
mesmo: Pai, se possível, passe de mim este cálice, que: O cálice que meu Pai me
deu, não o beberei? (Jo 18,11).
26. Grande
diferença existe entre: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (Mt 27,43),
e: Em verdade eu te digo, hoje estarás comigo no paraíso (Lc 23,43); muito
divergem: Pai, em tuas mãos entrego meu espírito (Lc 23,46), e: Pai,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem (Lc 23, 34).
27. Recaíram
na impiedade, incapazes de entender as palavras divinas. Já que não combinam
temor e liberdade, prontidão e escusa, queixa e advertência, desconfiança e
intercessão, sem se lembrarem do que foi dito sobre a natureza divina,
mantiveram como provas de sua impiedade os fatos e as palavras da economia.
28. Por
isso, tendo demostrado tudo o que pertence ao mistério, tanto da alma quanto do
corpo do Senhor Jesus Cristo, não deixamos nada sem ser explorado, nada foi
passado em silêncio.
29. Combinando
a explicação de todas as palavras segundo seu gênero, demonstramos que a
confiança não temeu e a vontade não hesitou e que Ele não procurou segurança
nem orou para recomendar-se a si mesmo, mas desejou o perdão para os outros.
30. Confirmamos,
pela pregação absoluta do mistério evangélico, a fé em todas as suas palavras.
Capítulo
33.
31. A
estes homens sem esperança, nem mesmo a própria glória da ressurreição pôde
manter dentro dos limites da fé, pelo conhecimento da verdadeira religião e
compreensão da verdade.
32. Da
confissão da divina condescendência tiraram armas para sua impiedade. A
revelação do mistério serviu-lhes para desprezar a Deus. Por ter dito: Subo
para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus (Jo 20,17), excluem-no da
natureza do Deus verdadeiro já que também é comum, a nós e a Ele, que o Pai
seja Pai, e que Deus seja Deus.
33. Afirmam
estar, como nós, submetido a Deus criador e ser Filho por adoção. Baseiam-se
nas palavras do Apóstolo: Ao dizer que tudo lhe está submetido, excetua-se sem
dúvida Aquele que lhe sujeitou todas as coisas. E, quando tudo lhe estiver
submetido, então ainda o próprio Filho estará submetido Àquele que lhe submeteu
todas as coisas, a fim de que Deus seja tudo em todos (1Cor 1,15.27-28), para
não querer admitir que haja nele a natureza divina, porque a submissão implica
fraqueza do que é dominado e significa poder do que domina.
34. Destas
questões, que devem ser estudadas com grande reverência, ocupa-se o livro
undécimo, que demostra, pelas próprias palavras apostólicas, que a submissão
não prova a fraqueza da divindade, mas, justamente, mostra a verdade de Deus,
nascido de Deus.
35. Que
o Pai seja Pai para Ele e para nós, e Deus para Ele e para nós, muito nos
enriquece e dele nada retira, pois, tendo nascido Homem e possuindo todas as
limitações de nossa carne, subiu para Deus, a fim de que nossa humanidade fosse
elevada até Deus, nosso Pai, e fosse glorificada em Deus.
Capítulo
34.
36. Conforme
observamos, todo gênero de estudos sempre começa pelos exercícios elementares.
37. Depois
de longo tempo, os que foram formados por muita dedicação ao seu ofício
tornam-se capazes de passar para a experiência daquilo em que se exercitaram.
Após militar nos exercícios bélicos, passa-se para o exército; os que foram
formados para tomar parte nos debates forenses pelo estudo das leis, finalmente
são enviados aos debates dos tribunais; quando o nauta intrépido já se
exercitou em lagos pequenos e conhece bem a nave, é então que enfrenta os
grandes e desconhecidos mares com suas procelas.
38. O
mesmo acontece com esta máxima e gravíssima compreensão de toda a fé. Foi o que
procuramos fazer. Antes, por breves indícios sobre o nascimento, o nome, a
divindade, a verdade, educamos a fé incipiente e, progredindo lentamente,
chegamos a extirpar todos os pretextos dos hereges.
39. Quisemos
aumentar assim o desejo de aprender dos que nos leem. Só então os levamos a
participar das grandes e gloriosas competições, porque, na medida em que falha
a mente humana em querer abarcar, só com a opinião do senso comum, a ideia do
eterno nascimento, na mesma medida deverá ser despertado o interesse pelas
questões divinas, para que seja possível perceber o que ultrapassa nossa
compreensão natural.
40. Procuramos
principalmente refutar a opinião que, alimentada pela estupidez da sabedoria
secular, julga-se no direito de dizer a respeito do Senhor Jesus: Houve tempo
em que não existia, e: Não era antes de nascer, e: Foi feito do não existente,
porque o nascimento pareceria fazer ser o que não era e nascer o que ainda não
existia.
41. Os
hereges também submetem o Deus Unigênito à ideia de tempo, como se a fé e o
nascimento indicassem que não existiu em algum tempo.
42. Dizem
ter nascido do que não existia, porque o nascimento concede o ser ao que não
era.
43. Nós,
porém, de acordo com os testemunhos apostólicos e evangélicos, pregamos existir
sempre o Pai e sempre o Filho, mostrando que o Deus de todas as coisas não
existiu depois de nenhuma, mas é antes de tudo.
44. Sem
cair na temeridade irreligiosa da ideia de que tenha nascido do não existente e
de que não tenha sido antes de ter nascido, pregamos que nasceu, tendo existido
sempre, e proclamamos que sempre existiu tendo nascido.
45. Nele
não se trata de uma exceção de inascibilidade, mas da eternidade do nascimento,
porque o nascimento supõe o Pai, mas a divindade não deixa de ser eterna.
Capítulo
35
46. Por
ignorarem os ditos proféticos e não compreenderem as doutrinas celestes, para
afirmarem ser Deus criado, em vez de nascido, apoiam-se no sentido atribuído
erroneamente a esta sentença: O Senhor me criou para o início de seus caminhos
e para suas obras (Pr 8,22).
47. Dizem,
por isso, que pertence à natureza comum da criação, embora seja mais excelente
o gênero de sua criação. Nele, portanto, não há a glória do nascimento divino,
mas a força da criatura poderosa.
48. Nós,
porém, sem apresentar nada de novo, nada que seja deduzido a partir de
argumentos exteriores, daremos, pelo testemunho da própria Sabedoria, a
verdadeira interpretação desta palavra.
49. Não
se pode eliminar o nascimento divino e eterno, a partir da afirmação de ter
sido a Sabedoria criada para o início dos caminhos de Deus e suas obras. Não é
a mesma coisa ser ela criada para, e ter nascido antes de todas as coisas, pois
onde se fala de natividade, só se declara a natividade; onde, porém, há a
palavra criação, aí a causa da mesma criação é anterior. Se a Sabedoria nasceu
antes de tudo, embora também tenha sido criada para algumas coisas, não é a
mesma coisa existir antes de tudo e ter começado a existir depois de algumas
coisas.
Capítulo
36.
50. Depois
de eliminar a palavra criação da fé que temos no Deus Unigênito, pareceu justo
ensinar também o que se deve confessar a respeito do Espírito Santo para que,
já há muito confirmados pelo estudo diligente dos livros anteriores, nada falte
à perfeição de toda a fé, e para que, afastadas também as pregações errôneas e
irreligiosas sobre o Espírito Santo, o mistério da Trindade que regenera esteja
contido, ileso e puro, na salutar definição da autoridade apostólica e
evangélica, e não mais se ouse, com base na simples inteligência humana,
enumerar entre as criaturas o Espírito de Deus que receberemos como penhor da
imortalidade para chegar ao consórcio da divina e incorrupta natureza.
Capítulo
37.
51. Estou
consciente de ter como a tarefa mais importante de minha vida o dever de tudo
fazer para que toda minha palavra e ideia te manifeste, a ti, Deus Pai
onipotente.
52. Não
pode existir maior prêmio para a faculdade de falar, a mim concedida por ti, do
que servir-te proclamando e ensinando quem tu és.
53. Que
ao mundo ignorante ou ao herege que te nega, eu demonstre que tu és Pai, isto
é, Pai do Deus Unigênito. É este o meu único desejo.
54. Quanto
ao mais, devo pedir que me concedas teu auxílio e misericórdia e que, abertas e
infladas as velas de nossa fé em ti e de nossa confissão, nos impulsiones, pelo
sopro de teu Espírito, nesta pregação iniciada.
55. Não
é infiel o autor da promessa: Pedi e vos será dado; procurai e achareis; batei
e abrir-se-vos-á (Lc 11,9).
56. Nós,
indigentes, pediremos aquilo de que precisamos e, ao perscrutar as palavras de
teus Profetas e Apóstolos, empregaremos um esforço obstinado, batendo às portas
de todas as interpretações difíceis.
57. A ti
pertence conceder o que foi pedido, estar presente ao que busca, abrir a quem
bate. Pois estamos entorpecidos pela preguiça própria a nossa natureza que nos
imobiliza.
58. A
fraqueza de nossa inteligência nos aprisiona numa ignorância que não permite
conhecer teus mistérios. Mas o zelo pelo conhecimento de tua doutrina nos
estimula a alcançar a verdade divina, e a obediência da fé nos conduz para além
daquilo que é próprio de nossa natureza.
Capítulo
38.
59. Esperamos,
portanto, que este trabalho que iniciamos receba de ti sua força e possa
progredir com teu auxílio.
60. Chama-nos
a participar do Espírito dos Profetas e dos Apóstolos, para que compreendamos
suas palavras no sentido que eles lhes deram e não em sentido diferente, e
respeitemos o sentido real de cada uma delas.
61. Devemos
falar daquilo que foi pregado por eles como mistério: de ti, Deus eterno, Pai
do eterno Deus Unigênito, de ti que és o único não nascido e do único Senhor
Jesus Cristo, que de ti procede pelo nascimento eterno, que não pode ser
considerado como um outro Deus e deve ser reconhecido como gerado de ti, único
Deus, e a quem devemos confessar como verdadeiro Deus nascido de ti, verdadeiro
Pai.
62. Concede-nos
compreender o significado das palavras, dá-nos luz para a inteligência,
dignidade nas palavras e fé na verdade.
63. Permite
que possamos anunciar aquilo que acreditamos e, tendo-te conhecido por intermédio
dos Profetas e Apóstolos como o único Deus Pai e o único Senhor Jesus Cristo,
negando as afirmações dos hereges, te celebremos como Deus, mas não sozinho, e
anunciemos a Ele, mas não como falso Deus.
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