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Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Policarpo de Esmirna (69-155)
Martírio de Policarpo de Esmirna
Provável autoria – Comunidade de Esmirna
Por volta do ano 400, um autor anônimo
se faz passar pelo sacerdote Piônio de Esmirna (morto em 250), escreve uma vida
de Policarpo. Embora totalmente lendário, insere nela o texto completo,
autêntico, da carta da Igreja de Esmirna endereçada à Igreja de Filomélio,
relatando o martírio de Policarpo. Trata-se de um texto, no gênero literário
epistolar, escrito logo depois da morte de Policarpo (+- 150 d.C), endereçado à
Igreja de Filomélio. Este é o primeiro texto cristão que descreve o martírio, e
também o primeiro a usar este título de "mártir" para designar um
cristão morto pela fé. O texto parece ter sofrido influências de narrações
semelhantes do judaísmo de II e III Macabeus. Por sua vez, influenciou o
desenvolvimento deste gênero literário entre os cristãos, o que fez Renan
declarar: "Este belo trecho constitui o mais antigo exemplo conhecido das
Atas de martírio. Foi o modelo que se imitou e que forneceu a marcha e as
partes essenciais destas espécies de composições". De fato, parece ser um
texto tão importante que leva J. Lebreton a afirmar: "O historiador das
origens da religião cristã não poderia desejar um texto mais autorizado".
H. Delehaye destaca o valor histórico deste documento afirmando: "É o mais
antigo documento hagiográfico que possuímos e não há uma só voz para dizer que
existe outro mais belo. Basta relê-lo e pesar cada frase para se persuadir de
que esta narração é a que pretende ser a relação de um contemporâneo que
conheceu o mártir, o viu no meio das chamas, tocou com suas mãos os restos do
santo corpo". É o segundo texto mais antigo que se verifica o uso da expressão
"Igreja católica" pelos cristãos primitivos. O Capítulo 20 nos
informa que esta "narração sumária" foi redigida por certo Marcião,
um irmão da igreja de Esmirna. O copista que transcreveu a carta foi Evaristo.
É de fato, um sumário, se se pensa nos onze mártires que precederam Policarpo.
MARTÍRIO DE POLICARPO DE ESMIRNA
A Igreja de Deus que vive como
estrangeira em Esmirna, para a Igreja de Deus que vive como estrangeira em
Filomélio e para todas as comunidades da santa Igreja católica que vivem como
estrangeira em todos os lugares. Que a misericórdia, a paz e o amor de Deus e
de nosso Senhor Jesus Cristo sejam abundantes.
CAPÍTULO I 1. Irmãos, nós vos escrevemos
a respeito dos mártires e do bem-aventurado Policarpo, que fez a perseguição
cessar, selando-a com seu martírio. Quase todos os acontecimentos se realizaram
para que o Senhor nos mostrasse novamente um martírio segundo o Evangelho. 2.
De fato, como o Senhor, ele esperou ser libertado, para que também nós nos
tornássemos seus imitadores, não olhando só para nós, mas também para o
próximo. É próprio do amor verdadeiro e firme querer salvar não só a si mesmo,
mas também a todos os irmãos.
CAPÍTULO II 1. Felizes e generosos todos
os mártires que surgem segundo a vontade de Deus. De fato, é necessário que
tenhamos fé, para atribuir a Deus o poder sobre todas as coisas. 2. Quem não
admiraria a generosidade deles, a perseverança e o amor ao Senhor? Dilacerados
pelos flagelos a ponto de ser ver a constituição do corpo até as veias e
artérias, permaneciam firmes, enquanto os presentes choravam de compaixão. A
sua coragem chegou a tal ponto que nenhum deles disse uma palavra ou emitiu um
gemido. Eles mostravam em seus corpos, mas que o Senhor, aí presente,
conservava com eles. 3. Atentos à graça de Cristo, eles desprezavam as torturas
deste mundo e adquiriram, em uma hora, a vida eterna. O fogo dos torturadores
desumanos era frio para eles. De fato, tinham diante dos olhos escapar do
(fogo) eterno, que jamais se extingue; com os olhos do coração olhavam os bens
reservados à perseverança, bens que o ouvido não ouviu, nem o olho viu, nem o
coração do homem sonhou, mostrados pelo Senhor àqueles que não que não eram
mais homens, mas que já eram anjos. 4. Do mesmo modo, os que foram entregues às
feras suportaram suplícios terríveis. Estendidos sobre conchas, eram submetidos
a todo tipo de tormentos, para que fossem induzidos a renegar, se possível, por
meio do suplício contínuo.
CAPÍTULO III 1. O diabo maquinava muitas
coisas contra eles; graças a Deus, porém, não prevaleceu contra nenhum deles. O
generoso Germânico fortalecia a timidez deles através de sua perseverança. Ele
foi admirável na luta contra as feras. O procônsul queria que ele cedesse e lhe
dizia que tivesse piedade de sua própria juventude. Ele, porém, atiçando a
fera, a chamava para si, desejando estar quanto antes livre desta vida injusta
e iníqua. 2. Então, a multidão toda, admirada diante da coragem da piedosa e
crente geração dos cristãos, gritou: "Abaixo os ateus! Trazei Policarpo."
CAPÍTULO IV 1. Um dentre eles, chamado
Quinto, frígio recentemente vindo da Frígia, ficou apavorado à vista das feras.
Era ele que havia forçado a si mesmo e a outros e a comparecerem ao tribunal. O
procônsul, através de muita insistência, conseguiu persuadi-lo a jurar e
sacrificar. Por isso, irmãos, não louvamos aqueles que se apresentam
espontaneamente, pois não é isso que o Evangelho ensina.
CAPÍTULO V 1. Quanto a Policarpo, ele
inicialmente não se perturbou ao ouvir isso, mas quis permanecer na cidade. A maioria,
porém, o persuadiu a se afastar. Então ele se refugiou numa propriedade
pequena, não longe da cidade, e passou o tempo com poucos (companheiros). Noite
e dia, ele não fazia senão rezar por todos e por todas as igrejas do mundo,
como era seu costume. 2. Rezando, ele teve uma visão, três dias antes de o
prenderem: viu seu travesseiro queimado pelo fogo. Voltando-se para os seus
companheiros, disse: "Devo ser queimado vivo!".
CAPÍTULO VI 1. Como persistiam em
procurá-lo, transferiu-se para outra pequena propriedade, e logo chegaram os
que o procuravam. Não o encontrando, prenderam dois pequenos escravos, e um
deles torturado confessou. Era-lhe, de fato, impossível permanecer escondido,
porque até mesmo os de sua casa o traíram. O chefe da polícia, que tinha
recebido o nome de Herodes, tinha pressa em levá-lo para o estádio, a fim de
que Policarpo realizasse o seu destino, entrando em comunhão com Cristo,
enquanto aqueles que o tinham entregue recebessem o castigo do próprio Judas.
CAPÍTULO VII 1. Numa sexta-feira, pela
honra da ceia, guardas e cavaleiros, armados como de costume, tomaram consigo o
escravo e partiram, como se estivessem perseguindo um bandido. Chegando pela
noite, encontraram-no deitado num pequeno quarto do piso superior. Ele podia ainda
fugir daí para outro lugar, mas não quis, e disse: "Seja feita a vontade
de Deus". 2. Ouvindo que tinham chegado, ele desceu e conversou com eles,
que ficaram espantados com a sua idade venerada, com a sua calma, e com tanta
preocupação por capturar um homem tão velho. Ele imediatamente mandou que lhes
dessem de comer e beber à vontade, e pediu que lhe concedessem uma hora para
rezar tranqüilamente. 3. E lhe concederam. Então ele, de pé, começou a rezar,
tão repleto da graça de Deus, que por duas horas ninguém pôde interrompê-lo. Os
que ouviam ficaram espantados, e muitos se arrependeram de ter vindo prender um
velho tão santo.
CAPÍTULO VIII 1. Quando por fim terminou
de rezar, lembrou-se de todos aqueles que tinha conhecido, pequenos e grandes,
ilustres e obscuros, e de toda a Igreja Católica espalhada por toda a terra.
Chegando a hora de partir, fizeram-no montar sobre um jumento e o levaram para
a cidade. Era o dia do grande sábado. 2. Herodes, o chefe da polícia, e seu pai
Nicetas foram até ele. Fizeram-no subir ao seu carro e, sentando-se ao seu
lado, procuravam persuadi-lo, dizendo: "Que mal há em dizer que César é o
Senhor, oferecer sacrifícios e fazer tudo o mais para salvarse?" De
início, ele nada respondeu. Como insistissem, ele falou: "Não farei o que
vós estais me aconselhando." 3. Não conseguindo persuadi-lo, lançaram-lhe
todo tipo de injúrias, e o fizeram descer do carro tão apressadamente que ele
se feriu na parte da frente da perna. Sem se voltar, como se nada houvesse
acontecido, ele caminhou alegremente em direção ao estádio. Aí o tumulto era
tão grande que ninguém conseguia escutar ninguém.
CAPÍTULO IX 1. Quando Policarpo entrou
no estádio, veio do céu uma voz, dizendo: "Sê forte, Policarpo! Sê homem!"
Ninguém viu quem tinha falado, mas alguns dos nossos que estavam presentes
ouviram a voz. Finalmente o fizeram entrar e, quando souberam que Policarpo
fora preso, levantou-se grande tumulto. 2. Levado até o procônsul, este lhe
perguntou se ele era Policarpo. Respondeu que sim. E o procônsul procurava
fazê-lo renegar, dizendo: "Pensa na tua idade", e tudo o mais que se
costumava dizer, como: "Jura pela fortuna de César! Muda teu modo de
pensar e dize: 'Abaixo os ateus!'" Policarpo, contudo, olhava severamente
toda a multidão de pagãos cruéis no estádio, fez um gesto para ela com a mão
suspirou, elevou os olhos e disse: "Abaixo os ateus!" 3. O chefe da
polícia insistia: "Jura, e eu te liberto. Amaldiçoa o Cristo!"
Policarpo respondeu: "Eu o sirvo há oitenta e seis anos, e ele não me fez
nenhum mal. Como poderia blasfemar o meu rei que me salvou?"
CAPÍTULO X 1. Ele continuava a insistir,
dizendo: "Jura pela fortuna de César!" Policarpo respondeu: "Se
tu pensas que vou jurar pela fortuna de César, como dizes, e finges ignorar
quem sou eu, escuta claramente: eu sou cristão. Se queres aprender a doutrina
do cristianismo, concede-me um dia e escuta." O procônsul respondeu:
"Convence o povo!" 2. Policarpo replicou: "A ti eu considero
digno de escutar a explicação. Com efeito, aprendemos a tratar as autoridades e
os poderes estabelecidos por Deus com o respeito devido, contanto que isso não
nos prejudique. Quanto a esses outros, eu não os considero dignos, para me
defender diante deles."
CAPÍTULO XI 1. O procônsul disse:
"Eu tenho feras, e te entregarei a elas, se não mudares de idéia."
Ele disse: "Pode chamá-las. Para nós, é impossível mudar de idéia, a fim
de passar do melhor para o pior; mas é bom mudar, para passar do mal à
justiça." 2. O procônsul insistiu: "Já que desprezas as feras, eu te
farei queimar no fogo, se não mudares de idéia." Policarpo respondeu-lhe:
"Tu me ameaças com um fogo que queima por um momento, e pouco depois se
apaga, porque ignoras o fogo do julgamento futuro e do suplício eterno, reservado
para os ímpios. Mas por que tardar? Vai e faze o queres."
CAPÍTULO XII 1. Dizendo isso e tantas
outras coisas, ele permanecia cheio de força e alegria, e seu rosto estava
repleto de graça. Ele não só não se deixou abater pelas ameaças que lhe eram
dirigidas, mas o próprio procônsul ficou estupefato e mandou seu arauto ao meio
do estádio, para anunciar três vezes: "Policarpo se declarou
cristão!" 2. A essas palavras do arauto, toda a multidão de pagão e judeus
moradores de Esmirna, com furor incontido, começou a gritar: "Eis o mestre
da Ásia, o pai dos cristãos, o destruidor de nosso deuses! É ele que ensina
muita gente a não sacrificar e a não adorar." Dizendo isso, gritavam e
pediam ao asiarca Filipe que lançasse um leão contra Policarpo. Este respondeu
que não lhe era lícito, pois os combates de feras já haviam terminado. 3. Então
unânimes se puseram a gritar que Policarpo fosse queimado vivo. Devia cumprir a
visão que lhe fora mostrada: enquanto rezava, ele tinha visto o travesseiro
pegando fogo, e dissera profeticamente aos fiéis que estavam com ele:
"Devo ser queimado vivo."
CAPÍTULO XIII 1. Então as coisas
caminharam rapidamente, mais depressa do que dizê-las. Imediatamente a multidão
começou a recolher lenha e feixes tirados das oficinas e termas. Sobretudo os
judeus se deram a isso com mais zelo, segundo o costume deles. 2. Quando a pira
ficou pronta, o próprio Policarpo se despiu, desamarrou o cinto, e ele mesmo
tirou o calçado. Ele nunca fizera isso antes, porque sempre cada um dos fiéis se
apressava a ser o primeiro a tocar-lhe o corpo; mesmo antes do martírio, ele já
fora constantemente venerado pela sua santidade de vida. 3. Imediatamente
colocaram em torno dele o material preparado para a pira. Como queriam
pregá-lo, ele disse: "Deixai-me assim. Aquele que me concede força para
suportar o fogo, dar-me-á força para permanecer imóvel na fogueira, também sem
proteção de vosso pregos."
CAPÍTULO XIV 1. Então não o pregaram,
mas o amarraram. com suas mãos amarradas atrás das costas, ele parecia um
cordeiro escolhido de grande rebanho para o sacrifício, holocausto agradável
preparado para Deus. Erguendo os olhos ao céu, disse: "Senhor, Deus
todo-poderoso, Pai de teu Filho amado e bendito, Jesus Cristo, pelo qual
recebemos o conhecimento do teu nome, Deus dos anjos, dos poderes de toda
criação, e de toda geração de justos que vivem na tua presença! 2. Eu te
bendigo por me teres julgado digno deste dia e desta hora, de tomar parte entre
os mártires, e do cálice de teu Cristo, para a ressurreição da vida eterna da
alma e do corpo, na incorruptibilidade do Espírito Santo. Com eles, possa eu
hoje ser admitido à tua presença como sacrifício gordo e agradável, como tu
preparaste e manifestaste de antemão, e como realizaste, ó Deus sem mentira e
veraz. 3. Por isso e por todas as outras coisas, eu te louvo, te bendigo, te
glorifico, pelo eterno e celestial sacerdote Jesus Cristo, teu Filho amado,
pelo qual seja dada a glória a ti, como ele o Espírito, agora e pelos séculos
futuros. Amém.
CAPÍTULO XV 1. Quando ele ergueu o seu
Amém e terminou sua oração, os homens da pira acenderam o fogo. Grande chama
brilhou e nós vimos o prodígio, nós a quem foi dado ver e que fomos preservados
para anunciar estes acontecimentos a outros. 2. O fogo fez uma espécie de abóbada,
como vela de navio inflada pelo vento, e envolveu como parede o corpo do
mártir. Ele estava no meio, não como carne que queima, mas como pão que assa,
como ouro ou prata brilhando na fornalha. Sentimos então um perfume semelhante
a baforada de incenso ou outro aroma parecido.
CAPÍTULO XVI 1. Por fim, vendo que o
fogo não podia consumir o seu corpo, os ímpios ordenaram ao carrasco que fosse
dar o golpe de misericórdia com o punhal. Feito isso, jorrou tanto sangue que
apagou o fogo. Toda a multidão admirou-se de ver tão grande diferença entre os
incrédulos e os eleitos. 2. Entre estes, o admirável mártir Policarpo, que foi,
em nosso dias, mestre apostólico e profético, o bispo da Igreja católica de
Esmirna. Toda palavra que saiu de sua boca se cumpriu e se cumprirá.
CAPÍTULO XVII 1. Contudo, o invejoso, o
perverso e o mau, o adversário da geração dos justos, vendo a grandeza do seu
testemunho e de sua vida irrepreensível desde o início, vendo-o ornado com a
coroa da incorruptibilidade e conquistando uma recompensa incontestável,
procurou impedir-nos de levar o corpo, embora muitos de nós o desejassem fazer
e possuir sua carne santa. 2. Ele sugeriu a Nicetas, pai de Herodes e irmão de
Alce, que procurasse o magistrado, a fim que ele não nos entregasse o corpo.
Ele disse: "Não aconteça que eles, abandonando o crucificado, passem a
cultuar esse aí." Dizia essas coisas por sugestão insistente dos judeus,
que nos tinham vigiado quando queríamos retirar o corpo do fogo. Ignoravam eles
que não poderíamos jamais abandonar Cristo, que sofreu pela salvação de todos
aqueles que são salvos no mundo, como inocente em favor dos pecadores, nem
prestarmos culto a outro. 3. Nós o adoramos, porque é o Filho de Deus. Quanto
aos mártires, nós os amamos justamente como discípulos e imitadores do Senhor,
por causa da incomparável devoção que tinham para com o rei e mestre.
Pudéssemos nós também ser seus companheiros e condiscípulos!
CAPÍTULO XVIII 1. Vendo a rixa suscitada
pelos judeus, o centurião colocou o corpo no meio e o fez queimar, como era de
costume. 2. Desse modo, pudemos mais tarde recolher seus ossos, mais preciosos
do que pedras preciosas e mais valiosos do que o ouro, para colocá-los em lugar
conveniente. 3. Quando possível, é aí que o Senhor nos permitirá reunir-nos, na
alegria e contentamento, para celebrar o aniversário de seu martírio, em
memória daqueles que combateram antes de nós, e para exercitar e preparar
aqueles que deverão combater no futuro.
CAPÍTULO XIX 1. Essa é a história do
bem-aventurado Policarpo, que foi, juntamente com os irmãos da Filadélfia, o
décimo segundo a sofrer o martírio em Esmirna. Contudo, apenas dele se guarda a
lembrança mais do que dos outros, a ponto de até os próprios pagãos falarem
dele por toda parte. Ele foi, não apenas mestre célebre, mas também mártir
eminente, cujo martírio segundo o Evangelho de Cristo todos desejam imitar. Por
sua perseverança, ele triunfou sobre o iníquo magistrado, e assim foi cingido
com a coroa da incorruptibilidade. Juntamente com os apóstolos e todos os
justos, na alegria, ele glorifica a Deus, Pai todo-poderoso, e bendiz nosso
Senhor Jesus Cristo, o salvador de nossas almas, guia de nossos corpos, e
pastor da Igreja católica no mundo inteiro.
CAPÍTULO XX 1. Havíeis pedido para ser
informados com mais pormenores sobre esses acontecimentos. Por enquanto vos
demos uma narração resumida por intermédio do nosso irmão Marcião. Quando
tomardes conhecimento desta carta, transmiti-a aos irmão que estão mais longe,
para que também eles glorifiquem o Senhor, que fez sua escolha entre seus
servidores. 2. Àquele que, pela sua graça e pelo seu dom, nos pode introduzir
no seu reino eterno, por seu Filho único Jesus Cristo, a ele a glória, a honra,
o poder e a grandeza pelos séculos. Saudai todos os santos. Aqueles que estão
conosco vos saúdam, e também Evaristo, que escreveu esta carta, com toda a sua
família.
CAPÍTULO XXI 1. O bem-aventurado
Policarpo deu testemunho no início do mês Xântico, no décimo segundo dia, o
sétimo dia antes das calendas de março, dia do grande sábado, na oitava hora.
Ele fora preso por Herodes, sob o pontificado de Filipe de Trália e do
proconsulado de Estácio Quadrato, mas sob o reino eterno de nosso Senhor Jesus
Cristo, a quem seja dada a glória, a honra, a grandeza, o trono eterno de
geração em geração Amém.
CAPÍTULO XXII (Apêndice) 1. Nós vos
desejamos boa saúde. Irmãos, andai segundo o Evangelho, na palavra de Jesus
Cristo. Com ele, glória a Deus Pai e ao Espírito Santo, para a salvação dso
santos eleitos. Foi assim que o bem-aventurado Policarpo testemunhou. Possamos
nós caminhar em suas pegadas e sermos encontrados com ele no Reino de Deus. 2.
Gaio transcreveu estas coisas de Ireneu, discípulo de Policarpo; ele viveu com
Ireneu. Eu, Sócrates, as copiei em Corinto, da cópia de Gaio. A graça esteja
com todos. 3. Por minha vez, eu, Piônio, copiei do exemplar acima, que
procurei, depois que o bem-aventurado Policarpo o mostrou a mim em revelação,
como contarei em seguida. Reuni os fragmentos quase destruídos pelo tempo. Que
o Senhor Jesus Cristo me reúna também com seus eleitos no Reino do céu. A ele
seja dada a glória com o Pai e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos.
Amém. Apêndice do manuscrito de Moscou: 1. Gaio copiou essas coisas dos
escritos de Ireneu; ele viveu com Ireneu, que foi discípulo de Policarpo. 2.
Esse Ireneu, que esteve em Roma na época do martírio do bispo Policarpo,
instruiu muita gente. Temos dele numerosos escritos muito belos e ortodoxos.
Ele mencionou Policarpo, dizendo que tinha sido discípulo dele. Refutou
vigorosamente todas as heresias e nos transmitiu a regra eclesiástica e
católica, tal como havia recebido do santo. 3. Ele diz também o seguinte:
Marcião, do qual provém aqueles que se chamam marcionitas, certo dia, indo ao
encontro de são Policarpo, lhe diz: "Reconhece-nos, Policarpo!" Este
respondeu a Marcião: "Eu reconheço, reconheço o primogênito de
satanás." 4. Lê-se também o seguinte nos escritos de Ireneu: No dia e na
hora em que Policarpo sofria o martírio em Esmirna, Ireneu, encontrando-se em
Roma, ouviu uma voz parecida com trombeta que dizia: "Policarpo foi
martirizado." 5. Como foi dito, é dos escritos de Ireneu que Gaio copiou
essas coisas. Em Corinto, Isócrates transcreveu da cópia de Gaio. E eu, Piônio,
copiei do exemplar de Isócrates, que procurei, depois de uma revelação de sao
Policarpo. Reuni os fragmentos quase destruídos pelo tempo. Que o Senhor Jesus
Cristo me reúna também com seus eleitos na glória do céu. A ele seja dada a
glória com o Pai e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. Amém.
Pergunta
ao Grupo:
1.
Qual
o versículo você deseja destacar neste texto?
2.
Quais
contribuições podemos retirar deste texto para a nossa espiritualidade?