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Atanásio
de Alexandria (285-373)
A Vida de Santo Antão (Parte IV
3 e V 1,2)
3
- Virtude Monástica
1.
Enquanto
Antão discorria sobre esses assuntos com eles, todos se regozijavam. Aumentava
em uns o amor à virtude, em outros desaparecia a negligência, e em outros era
reprimida a vanglória.
2.
Todos
prestavam atenção a seus conselhos sobre os ardis do inimigo, e se admiravam da
graça dada a Antão pelo Senhor para discernir os espíritos.
3.
Suas
celas solitárias nas colinas eram assim como tendas cheias de coros divinos,
cantando salmos, estudando, jejuando, orando, gozando com a esperança da vida
futura, trabalhando para dar esmolas e preservando o amor e a harmonia entre
si.
4.
E
em realidade, era como ver um país diferente, uma terra de piedade e justiça.
5.
Não
havia nem malfeitores nem vítimas do mal, nem acusações do cobrador de
impostos, mas uma multidão de ascetas, todos com um só propósito: a virtude.
6.
Assim,
ao ver estas celas solitárias e o admirável afastamento dos monges, não se
podia deixar de elevar a voz e dizer: "Como são belas tuas tendas, ó Jacó,
e tuas moradas, ó Israel! Como arroios se estendem, como horto junto ao rio,
como tendas plantadas pelo Senhor, como cedros junto às águas (Nm 24.5).
7.
Antão
voltou como de costume à sua própria cela e intensificou as práticas ascéticas.
Dia por dia suspirava na meditação das moradas celestiais (cf Jo 14.2), com
todo anelo, vendo a breve existência do homem.
8.
Ao
pensamento da natureza espiritual da alma, envergonhava-se quando devia dispor-se
a comer ou dormir ou a executar outras necessidades corporais.
9.
Muitas
vezes, quando ia compartilhar seu alimento com muitos outros monges,
sobrevinha-lhe o pensamento do alimento espiritual e, rogando que o perdoassem,
afastava-se deles, como que envergonhado de que outros o vissem comendo.
10. Comia,
certamente, por necessidade de seu corpo, e frequentemente em companhia dos
irmãos, perturbado por causa deles, mas falando-lhes pelo auxílio que suas
palavras significavam para eles.
11. Costumava dizer
que se deveria dar todo seu tempo à alma antes que ao corpo.
12. Certamente,
posto que a necessidade o exige, algo de tempo deve ser dado ao corpo, mas em
geral deveríamos dar nossa primeira atenção à alma e procurar seu progresso.
13. Ela não deveria
ser arrastada para baixo pelos prazeres do corpo, mas este é que deve ser posto
sob a sujeição da alma.
14. Isto, dizia, é o
que o Salvador expressou: 'Não se preocupem por sua vida, pelo que hão de comer
ou beber, nem estejam ansiosamente inquietos,: os mundanos é que buscam todas
estas coisas, pois o Pai sabe que têm necessidade de tudo isto. Procurem
primeiro seu Reino, e tudo o mais lhes será dado por acréscimo (Lc 12.22.
29-31; cf tb. Mt 6.31-33).
Parte
V
1
- Antão vai a Alexandria sob a perseguição do Imperador Maximino (311)
15. Depois disto, a
perseguição de Maximino, que irrompeu nessa época, abateu-se sobre a Igreja.
16. Quando os santos
mártires foram levados a Alexandria, ele também deixou sua cela e os seguiu,
dizendo: "Vamos também nós tomar parte no combate se somos chamados, ou a
ver os combatentes."
17. Tinha grande
desejo de sofrer o martírio, mas não querendo entregar-se, servia aos
confessores da fé nas minas e nas prisões.
18. Afanava-se no
tribunal, estimulando o zelo dos mártires quando eram chamados e escoltando-os quando
iam para o martírio, ficando junto deles até que expirassem.
19. Por isso o juiz,
vendo sua intrepidez e a de seus companheiros e seu zelo nestas coisas, deu
ordem para que nenhum monge aparecesse no tribunal ou ficasse na cidade.
20. Todos os demais
julgaram conveniente esconder-se esse dia; Antão, porém, preocupou-se tão pouco
com isso que lavou suas roupas e no dia seguinte colocou-se à frente de todos,
num lugar proeminente, à vista e paciência do prefeito.
21. Enquanto todos
se admiravam e o prefeito mesmo o via ao acercar-se com todos os seus
funcionários, ele estava ali de pé, sem medo, mostrando o espírito anelante
próprio a nós cristãos.
22. Como expressei
antes, orava para que também ele pudesse ser martirizado, por isso
penalizava-se por não haver sido.
23. Mas o Senhor
cuidava dele para nosso bem e para o bem de outros, a fim de que pudesse ser
mestre da vida ascética que ele próprio havia aprendido nas Sagradas
Escrituras.
24. De fato, muitos,
só ao ver sua atitude, converteram-se em zelosos seguidores de seu modo de
vida. De novo, por isso, continuou com o costume de ir ao serviço dos
confessores da fé como se estivesse encadeado junto com eles (Hb 13.3),
esgotou-se em seu afã por eles.
2
- O martírio diário da Vida Monástica
1.
Quando
finalmente cessou a perseguição e o bispo Pedro, de santa memória, sofreu o
martírio, voltou à solidão de sua cela e aí foi mártir cotidiano em sua
consciência, lutando sempre as batalhas da fé.
2.
Praticou
uma vida ascética cheia de zelo e mais intensa. Jejuava continuamente, sua
veste interior era de pelo, e de couro a exterior, e a conservou até o dia de
sua morte.
3.
Nunca
banhou seu corpo, nem tampouco lavou seus pés nem permitiu metê-los na água sem
necessidade. Ninguém viu seu corpo nu até que morreu e foi sepultado.
4.
De
volta à solidão, determinou um período de tempo durante o qual não sairia nem
receberia ninguém.
5.
Então
um oficial militar, um certo Martiniano, chegou a importunar Antão: tinha uma
filha à qual o demônio molestava. Como persistia batendo à porta e rogando que
saísse e rogasse a Deus por sua filha, Antão não quis sair, mas por uma
janelinha lhe disse: "Homem, por que fazes todo esse barulho comigo? Sou
um homem como tu. Se crês em Cristo a quem eu sirvo, vai e como crês, ora a
Deus e Ele te ouvirá".
6.
O
homem foi, crendo e invocando a Cristo, e sua filha foi liberta do demônio.
Muitas outras coisas fez também o Senhor por intermédio dele, segundo a
palavra: "Peçam e lhes será dado" (Lc 11,9).
7.
Muitíssima
gente, que sofria, dormia simplesmente fora de sua cela, pois ele não queria abrir-lhes
a porta, eram curados por sua fé e sincera oração.
1.
O que você destaca no texto e como ele
serve para sua espiritualidade?
2. O que você deseja destacar na fala do seu irmão/irmã?
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