terça-feira, 6 de julho de 2021

173 - A Vida de Santo Antão (Parte IV 3 e V 1,2)

 


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173

Atanásio de Alexandria (285-373)

A Vida de Santo Antão (Parte IV 3 e V 1,2)

 

 

3 - Virtude Monástica

 

1.      Enquanto Antão discorria sobre esses assuntos com eles, todos se regozijavam. Aumentava em uns o amor à virtude, em outros desaparecia a negligência, e em outros era reprimida a vanglória.

2.      Todos prestavam atenção a seus conselhos sobre os ardis do inimigo, e se admiravam da graça dada a Antão pelo Senhor para discernir os espíritos.

3.      Suas celas solitárias nas colinas eram assim como tendas cheias de coros divinos, cantando salmos, estudando, jejuando, orando, gozando com a esperança da vida futura, trabalhando para dar esmolas e preservando o amor e a harmonia entre si.

4.      E em realidade, era como ver um país diferente, uma terra de piedade e justiça.

5.      Não havia nem malfeitores nem vítimas do mal, nem acusações do cobrador de impostos, mas uma multidão de ascetas, todos com um só propósito: a virtude.

6.      Assim, ao ver estas celas solitárias e o admirável afastamento dos monges, não se podia deixar de elevar a voz e dizer: "Como são belas tuas tendas, ó Jacó, e tuas moradas, ó Israel! Como arroios se estendem, como horto junto ao rio, como tendas plantadas pelo Senhor, como cedros junto às águas (Nm 24.5).

7.      Antão voltou como de costume à sua própria cela e intensificou as práticas ascéticas. Dia por dia suspirava na meditação das moradas celestiais (cf Jo 14.2), com todo anelo, vendo a breve existência do homem.

8.      Ao pensamento da natureza espiritual da alma, envergonhava-se quando devia dispor-se a comer ou dormir ou a executar outras necessidades corporais.

9.      Muitas vezes, quando ia compartilhar seu alimento com muitos outros monges, sobrevinha-lhe o pensamento do alimento espiritual e, rogando que o perdoassem, afastava-se deles, como que envergonhado de que outros o vissem comendo.

10.  Comia, certamente, por necessidade de seu corpo, e frequentemente em companhia dos irmãos, perturbado por causa deles, mas falando-lhes pelo auxílio que suas palavras significavam para eles.

11.  Costumava dizer que se deveria dar todo seu tempo à alma antes que ao corpo.

12.  Certamente, posto que a necessidade o exige, algo de tempo deve ser dado ao corpo, mas em geral deveríamos dar nossa primeira atenção à alma e procurar seu progresso.

13.  Ela não deveria ser arrastada para baixo pelos prazeres do corpo, mas este é que deve ser posto sob a sujeição da alma.

14.  Isto, dizia, é o que o Salvador expressou: 'Não se preocupem por sua vida, pelo que hão de comer ou beber, nem estejam ansiosamente inquietos,: os mundanos é que buscam todas estas coisas, pois o Pai sabe que têm necessidade de tudo isto. Procurem primeiro seu Reino, e tudo o mais lhes será dado por acréscimo (Lc 12.22. 29-31; cf tb. Mt 6.31-33).

 

Parte V

1 - Antão vai a Alexandria sob a perseguição do Imperador Maximino (311)

 

15.  Depois disto, a perseguição de Maximino, que irrompeu nessa época, abateu-se sobre a Igreja.

16.  Quando os santos mártires foram levados a Alexandria, ele também deixou sua cela e os seguiu, dizendo: "Vamos também nós tomar parte no combate se somos chamados, ou a ver os combatentes."

17.  Tinha grande desejo de sofrer o martírio, mas não querendo entregar-se, servia aos confessores da fé nas minas e nas prisões.

18.  Afanava-se no tribunal, estimulando o zelo dos mártires quando eram chamados e escoltando-os quando iam para o martírio, ficando junto deles até que expirassem.

19.  Por isso o juiz, vendo sua intrepidez e a de seus companheiros e seu zelo nestas coisas, deu ordem para que nenhum monge aparecesse no tribunal ou ficasse na cidade.

20.  Todos os demais julgaram conveniente esconder-se esse dia; Antão, porém, preocupou-se tão pouco com isso que lavou suas roupas e no dia seguinte colocou-se à frente de todos, num lugar proeminente, à vista e paciência do prefeito.

21.  Enquanto todos se admiravam e o prefeito mesmo o via ao acercar-se com todos os seus funcionários, ele estava ali de pé, sem medo, mostrando o espírito anelante próprio a nós cristãos.

22.  Como expressei antes, orava para que também ele pudesse ser martirizado, por isso penalizava-se por não haver sido.

23.  Mas o Senhor cuidava dele para nosso bem e para o bem de outros, a fim de que pudesse ser mestre da vida ascética que ele próprio havia aprendido nas Sagradas Escrituras.

24.  De fato, muitos, só ao ver sua atitude, converteram-se em zelosos seguidores de seu modo de vida. De novo, por isso, continuou com o costume de ir ao serviço dos confessores da fé como se estivesse encadeado junto com eles (Hb 13.3), esgotou-se em seu afã por eles.

 

2 - O martírio diário da Vida Monástica

1.      Quando finalmente cessou a perseguição e o bispo Pedro, de santa memória, sofreu o martírio, voltou à solidão de sua cela e aí foi mártir cotidiano em sua consciência, lutando sempre as batalhas da fé.

2.      Praticou uma vida ascética cheia de zelo e mais intensa. Jejuava continuamente, sua veste interior era de pelo, e de couro a exterior, e a conservou até o dia de sua morte.

3.      Nunca banhou seu corpo, nem tampouco lavou seus pés nem permitiu metê-los na água sem necessidade. Ninguém viu seu corpo nu até que morreu e foi sepultado.

4.      De volta à solidão, determinou um período de tempo durante o qual não sairia nem receberia ninguém.

5.      Então um oficial militar, um certo Martiniano, chegou a importunar Antão: tinha uma filha à qual o demônio molestava. Como persistia batendo à porta e rogando que saísse e rogasse a Deus por sua filha, Antão não quis sair, mas por uma janelinha lhe disse: "Homem, por que fazes todo esse barulho comigo? Sou um homem como tu. Se crês em Cristo a quem eu sirvo, vai e como crês, ora a Deus e Ele te ouvirá".

6.      O homem foi, crendo e invocando a Cristo, e sua filha foi liberta do demônio. Muitas outras coisas fez também o Senhor por intermédio dele, segundo a palavra: "Peçam e lhes será dado" (Lc 11,9).

7.      Muitíssima gente, que sofria, dormia simplesmente fora de sua cela, pois ele não queria abrir-lhes a porta, eram curados por sua fé e sincera oração.

 

1.      O que você destaca no texto e como ele serve para sua espiritualidade?

2.       O que você deseja destacar na fala do seu irmão/irmã?

 

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