terça-feira, 31 de maio de 2022

202 - Hilário de Poitiers (315-368) - O Tratado da Santíssima Trindade - Livro Terceiro (Capítulos 7 - 14)

 

202

Hilário de Poitiers (315-368)

O Tratado da Santíssima Trindade

Livro Terceiro (Capítulos 7 - 14)

  Divisão do Tratado

O Tratado está dividido em 12 livros. O livro I começa com alguns traços biográficos, falando de sua busca de Deus e conversão. Refere-se às heresias e apresenta um plano geral do trabalho. No livro II encontra-se um resumo da doutrina da Trindade.

O livro III trata do mistério da distinção e unidade do Pai e do Filho.

 

Capítulo 7.

1.     O que é divino não precisa da lisonja. Deus não se abaixa para agradar ou enganar. Estas obras do Filho de Deus não brotam do desejo de adulação, pois Aquele a quem inumeráveis milhões de anjos servem não precisa da lisonja do homem.

2.     Que falta pode fazer o que é nosso a Ele, de quem vem tudo o que é nosso? Será que solicita de nós a honra, de nós que estamos ora embrutecidos pelo sono, ora cansados pelas festas noturnas, ora sentindo-nos culpados depois das rixas e lutas do dia, ora embriagados depois de banquetes, Ele a quem os Arcanjos e as Dominações, os Principados e as Potestades, sem sono, sem preocupação, sem crime, com eternas e incansáveis vozes, louvam no céu?

3.     Louvam-no porque Ele, imagem do Deus invisível, a todos criou em si, fez os tempos, firmou o céu, distinguiu os astros, fundou a terra, cavou os profundos abismos e, depois de ter nascido Homem, venceu a morte, quebrou as portas do inferno, adquiriu para si um povo co-herdeiro, transportou, tendo vencido a corrupção, a carne para a glória da eternidade.

4.     De nada necessita, portanto, para que o louvemos pelas ações inenarráveis e estupendas realizadas entre nós, como se lhe fizessem falta os louvores.

5.     O Deus providente conhece nossa maldade e estultice, cuja infidelidade chega ao ponto de reclamar para si o juízo sobre as ações de Deus, e vence, por meio de exemplos, nossa audácia a respeito de coisas que não sabemos.

 

Capítulo 8.

6.     Existem muitos prudentes segundo o mundo, cuja prudência diante de Deus é estultice.

7.     Ao ouvirem que Deus vem de Deus, o Verdadeiro do Verdadeiro, o Perfeito do Perfeito, o Único do Único, contradizem o que pregamos, como se fosse impossível, apoiando-se em certas coleções de sentenças, que dizem: Nada pode nascer de um só, porque todo nascimento vem de dois. Se o Filho nasceu de um só, recebeu uma parte daquele que gerou. Se é parte, nenhum dos dois é perfeito, pois falta uma parte àquele do qual se separou. Não haverá nele plenitude, já que consiste em uma porção. Nenhum dos dois é perfeito, pois o que gerou perde sua plenitude, sem que o que nasceu a obtenha.

8.     Esta é a sabedoria do mundo, condenada pelo Deus providente, mediante o Profeta, que diz: Perderei a sabedoria dos sábios e reprovarei a inteligência dos prudentes (Is 29,14).

9.     Também diz o Apóstolo: Onde está o sábio? Onde está o homem culto? Onde o argumentador deste século? Deus não tornou louca a sabedoria deste século? Com efeito, visto que o mundo por meio da sabedoria não reconheceu a Deus na sabedoria de Deus, aprouve a Deus, pela loucura da pregação, salvar aqueles que crêem. Os judeus pedem sinais, e os gregos buscam a sabedoria; nós, porém, anunciamos Cristo Crucificado, escândalo para os judeus, para os gentios loucura, mas para aqueles que são chamados, tanto judeus como gregos, é Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. Pois o que é loucura de Deus é mais sábio do que os homens, e o que é fraqueza de Deus é mais forte do que os homens (1Cor 1,20-25).

 

Capítulo 9.

10. Com grande solicitude pelo gênero humano, o Filho de Deus fez-se Homem, primeiramente para que crêssemos nele, para dar-nos testemunho das coisas divinas.

11. Assumiu aquilo que é nosso para pregar a Deus a nós, carnais e fracos, por meio da fraqueza da carne, realizando em si mesmo a vontade de Deus Pai, conforme disse: Não vim fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou (Jo 6,38).

12. Isto não significa que Ele não quisesse fazer a vontade do Pai, mas revela estar sua obediência dirigida à vontade paterna, querendo Ele mesmo realizar a vontade do Pai.

13. Testifica sua vontade de cumprir a vontade do Pai ao dizer: Pai, chegou a hora, glorifica teu Filho, para que teu Filho te glorifique; e que pelo poder que lhe deste sobre toda carne, Ele dê a vida eterna a todos os que lhe deste. Pois a vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que enviaste, Jesus Cristo. Eu te glorifiquei na terra, concluí a obra que me encarregaste de realizar. Agora, glorifica-me, Pai, junto de ti, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse. Manifestei o teu nome aos homens que me deste (Jo 17,1-6).

14. Com breves palavras expôs todo o seu ministério e a ação salvífica, fortalecendo a verdade da fé contra toda inspiração da fraudulência diabólica. Examinemos agora a força de cada palavra sua.

 

Capítulo 10.

15. Disse Ele: Pai, chegou a hora, glorifica teu Filho para que teu Filho também te glorifique. Não diz ter chegado o dia, nem o tempo, mas a hora. Hora é uma parte do dia. Qual será esta hora? Na verdade, aquela da qual disse, no momento da paixão, para confirmar os discípulos: Eis que vem a hora em que será glorificado o Filho do Homem (Jo 12,23).

16. Esta é, portanto, a Hora, em que roga para ser glorificado pelo Pai, a fim de que o Pai seja glorificado por Ele.

17. Mas que significa isto? Aquele que há de ser glorificado espera ser glorificado, o que há de prestar honra pede a honra. Falta-lhe aquilo que, por sua vez, concederá? Acorram os sofistas do mundo e os sábios da Grécia! Enredem a verdade com seus silogismos. Indaguem como, donde, quando, por que motivo. E, na dúvida, escutem: O que é loucura no mundo Deus o escolheu (1Cor 1,27).

18. Portanto, em nossa loucura, entendamos o que é ininteligível para os sábios do mundo. Disse o Senhor: Pai, chegou a hora; mostrou a hora da paixão, pois falou disso no mesmo momento e acrescentou: Glorifica teu Filho. Como iria ser glorificado o Filho? Nascido da Virgem, desde o berço e a infância chegara a homem feito; pelo sono, fome, sede, cansaço, lágrimas, vivera como homem; também agora iria ser cuspido, flagelado, crucificado. Que quer dizer isto?

19. Estas coisas atestavam para nós que era Homem. Mas não somos confundidos pela cruz, não somos condenados pelos flagelos, não nos sujamos com os escarros. O Pai glorifica o Filho. De que modo? Na verdade,  pregado na cruz.

20. O que acontece depois? O sol não se põe, mas esconde-se. Por que te digo ter-se escondido? Não foi envolvido por nuvem, mas saiu de seu curso. E, com ele, todos os outros elementos do mundo sentiram sua morte e, para que neste crime não houvesse nenhuma participação dos corpos celestes, fugiram da necessidade de estar presentes, quase diríamos que se apagando.

21. Mas a terra, o que fez? Ao peso do Senhor pendente no lenho tremeu, dentro de si, mostrando que Aquele que estava morrendo não cabia no seu seio. Será que as rochas e penhascos vão conceder-lhe um lugar? As rochas se fendem, perdem sua natureza, declaram não poder o sepulcro fendido por si mesmo conter o corpo que devia ser enterrado.

 

Capítulo 11.

22. E que mais? O centurião da coorte e guarda da cruz também proclama: Verdadeiramente este era Filho de Deus (Mt 27,54).

23. A criatura é libertada da participação neste pecado, as pedras não conservam sua firmeza e força, aqueles que o pregaram na cruz proclamam que é o verdadeiro Filho de Deus.

24. O que aconteceu depois concorda com o louvor. O Senhor dissera: Glorifica teu Filho. Declarara ser Filho, não só pelo nome, mas também pela natureza, ao dizer teu, pois nós, que somos muitos, somos filhos de Deus, mas não como este Filho.

25. Este é o verdadeiro e próprio Filho, pela origem, não por adoção nem pelo nome; pela natividade, não por criação.

26. Portanto, depois de sua glorificação, seguiu-se a profissão da verdade. O centurião confessa o verdadeiro Filho de Deus, não acontecesse duvidar algum dos crentes daquilo que um dos perseguidores não negou.

 

 

Capítulo 12.

27. Talvez se creia que o Filho carecesse da glorificação que pedia e se mostrasse fraco, por esperar, de alguém mais forte, a glorificação.

28. E quem não confessará ser o Pai superior, como o ingênito ao gerado, como pai ao filho, como o que enviou ao que foi enviado, como o que tem vontade ao que obedece?

29. Ele dará seu testemunho: O Pai é maior do que eu (Jo 14,28). Estas coisas devem ser entendidas como são, mas com cuidado, a fim de que, para os ignorantes, a honra do Pai não diminua a glória do Filho.

30. A glorificação pedida não admite diminuição, por isso, tendo dito: Pai, glorifica teu Filho, acrescenta: para que teu Filho te glorifique.

31. Portanto, o Filho não é fraco, visto que, ao ser glorificado, por sua vez, glorificará. Mas, se não é fraco, por que pede? Quem pede, pede aquilo de que carece. Acaso também será fraco o Pai? Ou, aquilo que tem de tal forma prodigalizou que lhe deve ser dada de novo a glória pelo Filho?

32. Nem Este carece, nem Aquele deseja; no entanto, um dará glória ao outro.

33. Por conseguinte, o pedido de glorificação a ser dada e retribuída não priva o Pai de nada nem enfraquece o Filho; mostra a força da mesma divindade em ambos, quando não só o Filho pede ao Pai para ser glorificado, mas também ao Pai não é recusada a glória pelo Filho.

34. A unidade do poder no Pai e no Filho se mostra pela reciprocidade da glória a ser dada e retribuída.

 

Capítulo 13.

35. É preciso que se saiba o que é esta glória, e de quem procede. Na minha opinião, Deus não é mutável e, na eternidade, não existe carência, necessidade de emenda, progresso ou dano. É peculiar a Deus ser sempre aquilo que é.

36. Aquele que sempre é não pode, por natureza, em tempo algum, deixar de ser.

37. Como, então, será glorificado, já que não carece do que é seu nem diminui, se não existe nada de que precise, ou possa perder para retomar? Pensemos, paremos um pouco. O Evangelista não deixa desamparada nossa fraca inteligência e mostra a glória que o Filho retribuirá ao Pai, dizendo: Que pelo poder que lhe deste sobre toda a carne, Ele dê a vida eterna a todos os que lhe deste. Ora, a vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e Aquele que enviaste, Jesus Cristo (Jo 17,2-3).

38. O Pai é glorificado pelo Filho, ao ser conhecido por nós. É esta a glória: que dele o Filho tenha recebido o poder sobre toda a carne, Ele próprio, feito carne, iria tornar a dar a eternidade da vida aos que são caducos, mortais e corpóreos. A eternidade da vida não é consequência de uma obra, mas do poder, pois a glória da eternidade não é dada por uma nova criação, mas unicamente pelo conhecimento de Deus a ser recebido.

39. A glória não é acrescentada a Deus, porque não se afastara para ser de novo dada, mas, pelo Filho, é glorificado em nós, ignorantes, fugitivos, sórdidos, mortos, sem esperança, tenebrosos, sem lei.

40. É glorificado pelo Filho porque este recebeu o poder sobre toda a carne, para lhe dar a vida eterna. Por esta obra do Filho, é glorificado o Pai. Quando o Filho tudo recebe, é glorificado pelo Pai, e o Pai é glorificado, quando todas as coisas são feitas pelo Filho.

41. A glória recebida é retribuída, e a glória que está no Filho é totalmente glória do Pai, porque recebeu tudo do Pai; a honra do que recebeu uma missão reverte em honra do que o enviou, como a honra do que gera é a honra do que nasce.

 

 

Capítulo 14.

42. Em que consiste a vida eterna? Ele o diz: Que te conheçam a ti, único verdadeiro Deus, e a quem enviaste, Jesus Cristo. Que perguntas sobre dificuldades e contradições de palavras são estas? A vida consiste em conhecer o verdadeiro Deus, mas só isto não produz vida. Que irá então acrescentar? E a quem enviaste, Jesus Cristo.

43. O Filho presta ao Pai a honra devida, quando diz: a ti, único verdadeiro Deus. O Filho não se separa da verdade de Deus ao acrescentar: A quem enviaste, Jesus Cristo.

44. Não há intervalo na confissão dos fiéis, porque em ambos está a esperança da vida. O Deus verdadeiro não se separa do que é mencionado logo após. Portanto, ao dizer: que te conheçam a ti, único verdadeiro Deus, e a quem enviaste, Jesus Cristo, com estas duas indicações, isto é, do que envia e do enviado, a verdade e a divindade do Pai e do Filho não são separadas por uma diversidade de significação ou por uma diferença, mas a fé se corrobora para a confissão do genitor e do gerado.

 

O que você destaca no texto e colo ele serve para sua espiritualidade?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Vocação Religiosa - O Caminho dos Irmãos e Irmãs da OESI

                          


Vocação Religiosa

O Caminho dos Irmãos e Irmãs da OESI


Irmão Edson Cortasio Sardinha


Se alguém supõe ser religioso, mas não refreia a sua língua, está enganando a si mesmo; a sua religião é vã. A religião pura e sem mácula para com o nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se incontaminado do mundo. São Tiago 1.26,27




Ser religioso infelizmente caiu no pejorativo. As pessoas evangélicas modernas só entendem desta forma. Passou a ser sinônimo de vida sem compromisso real com o Senhor. Talvez um “religioso” seja um hipócrita que usa máscara de ovelha, mas no fundo é um lobo disfarçado. 

Culto religioso seria um culto que ignora o Espírito Santo e segue padrões tão rígidos que Deus não pode manifestar o novo.

É uma palavra usada apenas no pejorativo. Perdeu sem sentido real e bíblico. 


Contudo, esta não é a verdade da palavra “Religioso” utilizada no Novo Testamento.


A Palavra Religião e religioso.


Qual a origem da Palavra Religião?

A origem mais correta para a palavra “religião” vem do latim, e nasceu de RELIGIO, que significa “respeito pelo sagrado”. Discutisse que esta palavra do latim seja derivada de RE-, prefixo que reforça uma ideia, e o verbo LEGERE, que significa ler. Outra etimologia que é discutida é da palavra RELIGARE, também do latim, que significa atar ou ligar com firmeza. Esta palavra também tem o préfixo RE-, que reforça a ideia de LIGARE, que significa “atar”, ou até mesmo “atender um chamado”. (https://www.gramatica.net.br/etimologia-de-religiao/).

Todas as vezes que aparece a palavra “religioso” no Novo Testamento, refere-se a pessoas que têm respeito pelo sagrado e que vivem uma prática religiosa, disciplinada, comprometida.

Foi assim que Paulo se encontrava na sinagoga com os judeus e religiosos, e testemunhava da graça de Cristo. Atos 17:17. 

Quem eram estes religiosos? Pessoas que amavam a Deus e a vida religiosa da sinagoga. É uma palavra positiva e de elogio. 

Quando o Espírito Santo veio sobre a Igreja, em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu. Atos 2:5. 

Estes homens eram religiosos pois tinham zelo pelas coisas de Deus. As festas anuais do judaísmo eram prioridade em suas vidas. Tinham compromisso com o sagrado, por isso eram religiosos. Novamente a palavra é aplicada de forma positiva. 

Muitos gregos religiosos creram na pregação de Paulo e muitas mulheres importantes. Atos 17:4. 

Estes gregos eram tementes a Deus e amavam a religião judaica, mesmo sendo gregos. Eram religiosos porque buscavam a dimensão espiritual da vida. 

Também muitos judeus e prosélitos religiosos seguiram Paulo e Barnabé; os quais, falando-lhes, os exortavam a que permanecessem na graça de Deus. Atos 13:43. 

Os prosélitos religiosos eram gentios convertidos ao judaísmo. Homens e mulheres zelosos com as coisas de Deus, por isso eram prosélitos religiosos. Foi um adjetivo respeitoso. 

Lucas afirma que os judeus incitaram algumas mulheres religiosas e honestas, e os principais da cidade, e levantaram perseguição contra Paulo e Barnabé, e os lançaram fora dos seus termos. Atos 13:50. 

Estas mulheres eram zelosas pelas coisas de Deus (mulheres religiosas e honestas) e foram convencidas pelos judeus a perseguirem Paulo e Barnabé. 

Tiago diz que ser religioso é muito bom. É um verdadeiro elogio. É uma qualidade ser chamado de religioso.  Mas nem todos podem se afirmar religiosos se não vivem a religião. Todo falso cristão não é religioso, é um ímpio disfarçado de crente. 

Por isso Tiago exorta: Se alguém supõe ser religioso, mas não refreia a sua língua, está enganando a si mesmo; a sua religião é vã. Tg 1.26.

Não é verdadeiramente religioso. Supõe ser religioso, mas não é; e sua religião (seu zelo pelo sagrado) é vã. 

Ele exorta seus discípulos e leitores a terem uma religião pura e sem mácula. Para Tiago a religião pura e sem mácula para com Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se incontaminado do mundo. São Tiago 1.26,27.

A religião verdadeira (o zelo pelo sagrado) está estampada na minha relação com o próximo (visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições) e em minha santificação diante das paixões do mundo. Viver no mundo sem ser contaminado pelo mundo. 

Percebemos que em nenhum momento no Novo Testamento aparece a palavra religião ou religioso como algo ruim, desprezível ou pecaminoso. Nunca é usado no pejorativo. 

A Palavra religião significa apenas “zelo pelo Sagrado”. Uma vez que o único Sagrado é Deus Pai, Filho e Espírito Santo, o meu respeito pela divindade é um maravilhoso ato religioso.

Muitos anos atrás a Igreja começou a classificar o povo de Deus em três grupos: clérigos, religiosos e leigos.

Os clérigos eram os homens responsáveis por ministrar os sacramentos, ensinar e pregar o Evangelho do Senhor.

Os leigos e leigas eram, diferentes dos clérigos, pessoas que tinham suas vidas seculares, mas estavam verdadeiramente vinculados à Igreja através de sua participação ativa.

Os religiosos, por sua parte, eram homens e mulheres que faziam votos religiosos em uma ordem cristã. Eram discípulos comprometidos com uma ordem ou um convento. Geralmente eram celibatários. 

Uma ordem religiosa é um Instituto religioso de vida consagrada caracterizada por seus membros fazerem votos conforme o carisma do seu fundador. Os monges ou frades (que compõem a maior parte dos membros das ordens religiosas) podem ser leigos ou clérigos consagrados. Eles vivem em comunidades fechadas (mas muitas vezes não isoladas), afastadas do mundo, vestem um hábito e, geralmente, seguem uma rígida rotina religiosa.

Religioso, para o crstianismo bíblico, é a pessoa que tem zelo pelas coisas de Deus e também os vocacionados que fazem votos em uma Ordem religiosa. 

Os membros ativos da OESI são religiosos por vocação. 

Como vivem os religiosos da OESI

A OESI é uma ordem PROTESTANTE dispersa, portanto seus membros fazem votos e vivem a Regra da OESI em suas casas (religiosos seculares), eremitérios e mosteiros (religiosos regulares). Na OESI existem três carismas: Evangelicais, Franciscanos e Beneditinos. 

O que nos une é a Regra de Vida da OESI e nosso compromisso com a espiritualidade oesiana.

Como deve ser a vida religiosa do membro da OESI:

Desejo compartilhar minha vida religiosa com temor e tremor para incentivar a você ter uma vida zelosa de dedicação a Deus. Não há perfeição em nossas disciplinas. São apenas caminhos rumo à perfeição da espiritualidade cristã.

Trabalho na Igreja Local: Todo meu trabalho e dedicação a Igreja local faz parte do nosso voto religioso da OESI. Nos comprometemos em servir a Igreja com nossos talentos, tempo e dinheiro. Amar a Igreja local, o culto, a Palavra e a Eucaristia tem sido um diferencial religioso em nossa vida. Da mesma forma nossa obediência a hierarquia da Igreja, o respeito pelas outras igrejas cristãs e o bom senso no trato com outras religiões não cristãs.

Leitura Espiritual: Além da leitura secular, que é muito pouca, a não ser os noticiários que lemos todos os dias, temos nos dedicado a uma biblioteca de espiritualidade Cristã, histórica e litúrgica. Nos fortalece muito ao ler livros de espiritualidade cristã, judaica, patrística, escritores católicos, ortodoxos e Protestantes. Admiramos muito a vida e as orientações de santos e santas do Senhor. Como protestantes lemos tudo a partir da nossa fé protestante; mas sem perder a alegria em receber de muitas fontes a graça de Deus.

O Evangelho do Senhor do Dia: A meditação diária do Evangelho e a busca em toda a Bíblia pelas regras do Evangelho tem orientado nossa vida cristã. Procuramos associar nossos passos todos os dias às orientações do Evangelho do Senhor segundo o Lecionário Comum.

Liturgia da Igreja: A Igreja cristã, seja ela protestante, católica ou ortodoxa, tem uma riqueza litúrgica admirável. Estudamos diariamente as liturgias e tentamos viver estas liturgias em nossa vida cotidiana. Aqui entra o Calendário Cristão, o Lecionário Comum, as Festas Religiosas e Solenidades do Senhor, os textos, hinos e estudos.

Leitura Orante da Bíblia: O Evangelho Dominical tem sido uma riqueza semanal para nossa vida. Temos estudado o Evangelho Dominical, os comentários dos Pais da Igreja a estes Evangelhos e realizado a Lectio Divina semanalmente.

As Orações Litúrgicas: Ainda que rápidas, temos nos preparado para uma vida mais monástica na oração. Pelo menos as orações das Horas Canônicas: laudes, Média, Vésperas e Completas temos praticado com fervor diariamente em particular, em família e em grupos de oração. Vivemos também a liturgia semanal. Na segunda-feira celebramos os milagres de Deus no Antigo Testamento. Na terça-feira contemplamos os milagres de Cristo no Novo testamento. Na quarta-feira celebramos a Santíssima Trindade. Na quinta-feira nos preparamos para o final de Semana adorando aquele que nos deixou, na quinta-feira santa, o Memorial do seu Corpo e Sangue. Na sexta-feira temos um santo encontro com a cruz de Cristo. No Sábado nosso coração descansa em Jesus, o nosso Shabat e oramos por Jerusalém e o mundo. No domingo celebramos a ressurreição do Senhor. Assim nossa vida semanal passa a ter um significado religioso voltado para o Senhor. 

Trabalho Meditativo: O silêncio e a Contemplação fazem parte da nossa vida religiosa. Procuramos, semanalmente, subir ao monte para ter momentos de meditação, silêncio, oração e leituras. Em todas nossas casas, criamos espaços sagrados para minha vida meditativa. 

Socorro aos carentes: A vida religiosa precisa ser vertical e horizontal. Precisa estar alicerçada na comunhão vertical com Deus e na comunhão horizontal com o nosso próximo. O socorro aos carentes que o Senhor coloca em nosso caminho deve ser prioridade. Precisamos sempre nos envolver religiosamente com os que sofrem e compartilhar o amor de Cristo com gestos concretos. 

Vida silenciosa: A vida silenciosa precisa estar presente no cotidiano do religioso. Procuramos não nos expor em caminhos de vanglória e prepotência. Trabalhamos a arrogância e a vaidade. Preferimos estar no oculto e no silêncio com Cristo, meditando no Calvário e no Túmulo vazio. Precisamos transformar nossa vida em Vida Silenciosa aos pés do Senhor. 

Mordomia Cristã:  As Ofertas e os dízimos ao Senhor são práticas sagradas na vida do religioso da OESI. É uma forma de expressar nossa mordomia cristã com sabedoria e bom senso. Desta forma sustentamos a Igreja Local, investimos em missões e auxiliamos o trabalho do Senhor na expansão do Evangelho de Cristo.

Evangelização: Evangelizamos com nossas palavras, sorrisos, encontros e atitudes. Todos os dias nossa prioridade deve ser espalhar o Evangelho de Cristo entre todas as pessoas. Todas podem ser alcançadas pela graça do Senhor através de nossas vidas. Podemos ser tremendamente usados pelo Senhor na Evangelização e no discipulado. 

Grupos de Discipulado: Reunir semanalmente com os discípulos de Cristo para sorrir, orar, estudar a Palavra, meditar sobre a vida em comunhão fraterna e alegre deve ser nossa prioridade. 

Vida em Santidade Bíblica: Tiago diz que a vida santa do religioso precisa ser refletida em nosso compromisso com o próximo e com Deus diante do mundo em caos. “A religião pura e sem mácula para com o nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se incontaminado do mundo”. Trabalhamos nossa santidade em todas as areas de nossa vida e nos relacionamentos.