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Natal na Teologia dos Pais da Igreja
1. “A bondade divina sempre olhou de vários modos e de muitas maneiras pelo
bem do gênero humano, e são muitos os dons da sua providência, que na sua
clemência concedeu nos séculos passados. Porém, nos últimos tempos superou os
limites da sua habitual generosidade, quando, em Cristo, a própria Misericórdia
desceu aos pecadores, a própria Verdade veio aos extraviados, e aos mortos veio
a Vida. O Verbo, coeterno e igual ao Pai, assumiu a humildade da nossa natureza
humana para nos unir à sua divindade, e Deus nascido de Deus, também nasceu de
homem fazendo-se homem”. (Leão Magno – 390-461).
2. “Ele está deitado numa manjedoura, mas contém o universo inteiro; mama
num seio materno, mas é o pão dos anjos; veio em pobres panos, mas reveste-nos
de imortalidade; é amamentado, mas é também adorado; não encontrou lugar na
estalagem, mas constrói para si um templo no coração dos seus fiéis. Tudo isto
para que a fraqueza se tornasse forte e a prepotência se tornasse fraqueza. Por
isso, não só não menosprezamos, mas mais admiramos o seu nascimento corporal e
reconhecemos neste acontecimento quanto a sua imensa dignidade se humilhou por
nós” (Agostinho – 354-430).
3. “Esta é a nossa festa. Isto celebramos hoje: a vinda de Deus ao meio dos
homens, para que, também nós cheguemos a Deus… celebremos, pois, a festa: não
uma festa popular, mas uma festa de Deus, não como o mundo quer, mas como Deus
quer; não celebremos as nossas coisas mas as coisas daquele que é nosso Senhor”
(Gregório de Nazianzo 329-390).
4. “O menino que se encontra na manjedoura … aquele que rompeu o jugo que a
todos oprimia”. “Fazendo-se Ele mesmo servo para nos chamar à liberdade”. (Efrém,
no século IV).
5. “Reconheçamos o verdadeiro dia e tornemo-nos dia! Éramos, na verdade,
noite quando vivíamos sem a fé em Cristo. E uma vez que a falta de fé envolvia,
como uma noite, o mundo inteiro, aumentando a fé a noite veio a diminuir. Por
isso, com o dia de Natal de Jesus nosso Senhor a noite começa a diminuir e o
dia cresce. Por isso, irmãos, festejemos solenemente este dia; mas não como os
pagãos que o festejam por causa do astro solar; mas festejemo-lo por causa
daquele que criou este sol. Aquele que é o Verbo feito carne, para poder viver,
em nosso benefício, sob este sol: sob este sol com o corpo, porque o seu poder
continua a dominar o universo inteiro do qual criou também o sol. Por outro
lado, Cristo com o seu corpo está acima deste sol que é adorado, pelos cegos de
inteligência, no lugar de Deus que não conseguem ver o verdadeiro sol de
justiça” (Agostinho de Hipona – 354-430).
6. “Com crescente alegria brilhe o céu e dê-se parabéns a si a gozosa
terra: de novo, passo a passo, sobre o astro do dia aos seus caminhos
anteriores… Oh! Santo berço do teu presépio, eterno Rei, para sempre sagrado
para todos os povos e pelos próprios animais sem voz reconhecida” (Prudêncio,
poeta hispânico do século IV).
7.
“A virgem deu a luz, quem explicará? O Verbo se fez
carne; quem explanará este mistério? Se o verbo de Deus vagiu na boca de uma
criança, como poderá falar dele o homem cheio de imperfeição? Mas como a
estrela iluminou os magos em busca da luz, assim a palavra do pregador deve dar
a conhecer a seus ouvintes o nascimento de Deus, a fim de se regozijarem com o
encontro com Cristo e, mais que perscrutarem
seus divinos segredos, honrarem com dádivas o Menino-Deus.. Orai irmãos meus, para que se
digne crescer, pouco a pouco, em minha palavra, aquele que aceitou crescer num
corpo como o nosso.” Pedro Crisólogo
(406-450).
8. “Preparemo-nos pois, irmãos, para acolher o Natal do Senhor,
adornemo-nos com vestes puras e elegantes! Falo, claro está, das vestes da
alma, não do corpo… Adornemo-nos não com seda, mas com obras boas! Pois as
vestes elegantes ornam o corpo, mas não podem adornar a consciência; pois seria
muito vergonhoso trazer sob elegantes vestes elegantes, uma consciência
contaminada. Procuremos acima de tudo embelezar os nossos afetos íntimos, e
poderemos então vestir belas roupas; lavemos as manchas da alma para usarmos
dignamente roupas elegantes! Não adianta dar nas vistas pelas vestes se estamos
sujos em pecados, porque quanto a consciência está escura, todo o corpo fica
nas trevas” (Máximo de Turim - †423).
9. “Terra e céu rejubilem juntamente, diante do Emanuel que os profetas
anunciaram, tornado criança visível, que dorme num presépio”. “A alegria acaba
de nascer numa gruta. Hoje os coros dos anjos unem-se a todas as nações para
celebrar.... Hoje toda a humanidade, desde Adão, dança. Bendito seja Deus,
recém-nascido” (Romano Melode, poeta siríaco do século VI).
10. “Nasceu hoje, irmãos, o nosso Salvador. Alegremo-nos! Não pode haver
tristeza quando nasce a vida; a qual, destruindo o temor da morte, nos enche com
a alegria da eternidade prometida. Ninguém está excluído da participação nesta
alegria; a causa desta alegria é comum a todos, porque nosso Senhor, aquele que
destrói o pecado e a morte, não tendo encontrado ninguém isento de pecado, a
todos veio libertar. Exulte o santo porque está próxima a vitória; rejubile o
pecador, porque é convidado ao perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à
vida… Por isso é que, quando o Senhor nasceu, os anjos cantaram em alegria
‘glória a Deus nas alturas’ e anunciaram ‘paz na terra aos homens...’. Porque
veem a Jerusalém celeste ser formada de todas as nações do mundo, obra
inexprimível do amor divino, que, se dá tanto gozo aos anjos nas alturas do
céu, que alegria não deverá dar aos homens cá na terra?” (Leão Magno – 390-461).
11. “Hoje nasceu para nós o Salvador. Nasceu, portanto, para todo o mundo o
verdadeiro sol. Deus Fez-se homem para que o homem se fizesse Deus. Para que o
escravo se tornasse senhor, Deus assumiu a condição de servo. Habitou na terra
o morador do céu para que o homem, habitante da terra, pudesse encontrar morada
nos céus” (Agostinho – 354-430).
12. “Aquele que estava deitado na manjedoura fez-se frágil, mas não
renunciou à sua condição divina; assumiu aquilo que não era, mas permaneceu
aquilo que era. Eis que temos diante de nós Cristo menino: cresçamos juntamente
com Ele” (Agostinho – 354-430).
13. “Chama-se dia do Natal do Senhor a data em que a Sabedoria de Deus se
manifestou como criança e a Palavra de Deus, sem palavras, imitou a voz da
carne. A divindade oculta foi anunciada aos pastores pela voz dos anjos e
indicada aos magos pelo testemunho do firmamento. Com esta festividade anual
celebramos, pois, o dia em que se realizou a profecia: A verdade brotou da
terra e a justiça desceu do céu” (Sl 84.12). (Agostinho – 354-430).
Quais textos você deseja destacar? Por que?
Como servem para sua espiritualidade?
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